JLLE X FPOLIS X JLLE
Desde março, estou fazendo o percurso do título duas vezes por semana, pois enquanto a UFSC não chega ao joinvilense, o joinvilense terá que chegar à UFSC. E se você estiver lendo isso entre 7 e 9 horas da manhã, ou entre 12 e 14 horas da tarde de quarta, é bem provável que eu esteja em algum ponto na BR-101 imaginando que você está me imaginando.
Algo em torno de 160 km separam as duas cidades. O bom destas viagens rotineiras é que, a cada ida e a cada volta vou me apercebendo de um detalhe novo: uma curva em Itajaí que se assemelha muito a outra em Barra Velha; uma construção quase escondida, mas que de repente se revela; uma árvore caída em Tijucas. Existem também os pontos fixos de fascínio. Na ida para Florianópolis, sempre me surpreendo com as três vezes em que o mar se impõe como elemento de atração.
A primeira é em Barra Velha. É possível ver o mar irmanado com o sol recém acordado. Na outra, quando se desce o morro do Boi, entre Balneário Camboriú e Itapema, e vislumbramos do alto um mar mais verde que o comum, e também algumas mansões invejáveis, não tanto pelo fato de serem mansões, mas por estarem naquele lugar, por terem aquele olhar sobre o mar. A terceira vez que o mar se impõe é em Biguaçu. Fazemos a curva e lá está ele, e à distância, podemos ver Florianópolis. O mar então me acompanha até a chegada.
Outra coisa que sempre me surpreende é aquele avião em Tijucas (ou será ainda em Porto Belo?). Quem já passou por ali sabe que há muitos anos foi colocado um avião às margens da BR e o transformaram em pizzaria. Eu gostaria de saber quem teve a ideia? Como trouxeram aquele avião até ali?
Veio com as asas, ou elas foram montadas depois? O fato é que a carcaça do avião está a cada dia se deteriorando mais, o lugar se tornou um pouco decadente, infelizmente. É um ponto muito surreal, que poderia ser melhor aproveitado. E, por fim, será que um dia vou conhecer alguém que tenha almoçado ou jantado dentro daquele avião?
Na volta, o túnel no morro do Boi é sempre algo extraordinário pra mim. Aquela entrada na terra, aquela construção artificial atravessando a natureza imperiosa do lugar, o ar muda, a velocidade e a luz mudam. Para mentes fantasiosas como a minha, túneis são sempre algo além do comum, algo que, mal ou bem, proporcionará uma mudança. Gosto também dos arranha-céus de Balneário Camboriú. Cada dia mais altos e mais magros. Parecem-me modelos numa passarela. Podem tampar o sol dos banhistas no meio da tarde, mas vistos da BR são muito bonitos.
Estas viagens também me confirmaram que chove bem mais em Joinville do que nos outros lugares. Já saí daqui embaixo de muita água, e, chegando em Araquari, o sol aconteceu. Na volta, a mesma coisa. É visionar a Curva do Arroz, e junto com ela o aguaceiro.
Para finalizar, estou muito curioso quanto ao pedágio. Será a primeira vez que eu pagarei pedágio numa estrada. E a primeira vez a gente nunca esquece, já dizia o sábio publicitário. Eu não vou esquecer mesmo, afinal serão quatro paradas a cada viagem.
Rubens da Cunha
(abril 2009)
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