UM CONTO DE FADAS

— Alô? Tio Zezé? Meu apartamento, em Caxambu, está às suas órdens!

José comentou com um amigo sobre o carinho de sua sobrinha e ele disse:

— Vamos nessa, companheiro! Será um passeio do tipo da Gata Borralheira!

— É verdade, Fabiano! Então, iremos no feriado de 15 de novembro!

Viajamos o dia todo. No dia seguinte, fomos conhecer a cidade mineira.

— Querem dar um passeio de carruagem? – perguntou-nos um rapaz.

— Carruagem?! Na minha Terra isto se chama charrete, a condução das mulheres da vida. Vamos dar uma volta, pessoal! Como é o seu nome?

— Rodrigo.

— E o do cavalo?

— É uma égua, madame, e se chama Mexerica.

— Ah, não, Mexerica!!! Tinha que fazer as suas necessidades logo agora?!

Rodarmos pelo centro e fomos ao Parque das Águas, que é muito bonito.

— Ju, vou tomar água naquela fonte. Eca!!! Tem gosto de ferrugem!

— Querida, as águas daqui não são como você gosta; elas são terapêuticas.

Enquanto José fez sauna e os nossos amigos leram o jornal, sentados num caramanchão, andei de pedalinho. Agradeci a Deus pelo lago, pelas flores e pelos turistas educados, falando tudo no diminutivo: patinho, florzinha, amorzinho, etc.

Depois, fomos andar no teleférico.

Da cadeira da frente, eu gritei: Ju, estamos indo para o céééééééééuuu...

— Está pensando que é fáááááácil... Nããããão... Temos que rezar muuuuuito...

Saímos dali e fomos comer trutas grelhada, que Maria Amélia nos recomendou. Depois, conhecemos Cambuquira e Lambari, que ficam perto. Partimos para São Lourenço, onde tem água para todos os males.

— Ei, rapaz! Bom dia! Que imagem linda é aquela, em cima do morro?

— É de Nossa Senhora dos Remédios.

— Vamos tirar uma foto, Gelcely? Fabiano, pegue, bem, a nossa Mãe do Céu!

Olhem a fonte de Dom João! Hum!!! Não agüento mais tomar água! Uai!!! Para onde está indo aquele trenzinho, abarrotado de gente?!

— Para a estação ferroviária, dona. A Maria Fumaça vai para um lugar, há 10 Km daqui, onde tem muito artesanato. – respondeu-me um nativo.

— Ah! Eu amo trem de ferro! Cresci vendo-os passar pertinho da nossa casa!

Na viagem, vi-me nas crianças catando as balas que os passageiros jogavam.

— Quem quer comprar água gelada??? – ofereceu uma jovem.

A venda foi muito fraca. Apesar do calor, todos queriam apreciar a paisagem.

— Piuiiiii! Piuiiiiii! Piuiiiiiiiiii! Tec-tec, tec-tec, tec-tec...

— Ai, José! Este barulhinho me lembra as vezes que íamos de trem para Aimorés!

— “Não interessa se ela é coroa. Panela veia é que faiz cumida boa..."

Os violeiros chegaram no vagão e todos os acompanharam batendo palmas.

— Soledade!! Vocês têm meia hora para as compras!! – anunciaram.

Na volta, no banco de trás, um casal discutia...

— Você sabia que eu queria aquela boneca das pernas compridas, mas...

— Droga! Se tivesse comprado aquela porcaria, eu a jogaria de janela a baixo!

— É... Pelo jeito, os turistas daqui são iguais aos do mundo inteiro! – pensei.

— Aceitam doce de leite? É cortesia do passeio!!! – retornou a mesma jovem.

— Ju, você percebeu? Depois do doce, a venda de água será um sucesso.

Na chegada...

— José, foi ma-ra-vi-lho-so o nosso passeio! Agora, só nos resta colocar um ponto final na nossa historinha infantil, arrumar as nossas malas e...

— Voltar para Vitória e virar “abóboras”, companheiros.

Anna Célia Dias Curtinhas

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