VISITA À DINAMARCA
A confecção deste texto é para reativar lembranças da viagem que fiz pelo norte da Dinamarca. Esclarecimento oficial sobre o dia de um brasileiro nos confins da Europa.
A cidade de Hirtshals está recolhida no mapa como uma das últimas da Dinamarca. Fui conhecer os brejos desse lugar. Do seu porto detecta-se um navio e esse leva os passageiros para a Noruega que está bem próxima. A embarcação também traz espécies de estudantes que vêm tomar umas cachaças no país vizinho. Na Noruega a população não pode molhar o bico, ou é proibido ficar bêbado ou a bebida é cara, não sei ao certo. Quando eles chegam à Dinamarca soltam os álcoois que estão represados. Os riscos são imediatos, alguns achavam que eu era da Índia. Pra mudar a situação esclareci que vinha do Brasil. Olha aqui, legítimo Pancararu, Macunaíma. E eles diziam: Ok, Brazil, Candelária, hemodiálise, Chico Mendes.
Deveria ter descansado da viagem que fiz vindo da Alemanha, mas passei o dia caminhando. Falam que má notícia anda, mas quem disse isso, não teve capacidade de imaginar o quanto um brasileiro pode atingir em quilometragem.
Fiquei vacinado contra norueguês cachaceiro e sai pra conhecer a cidade. Fiz um contrato com o prefeito. A exigência dele era que eu fotografasse tudo, a praia, os barcos, o porto, o farol, menos os tais alcoólatras. Atendi ao pedido.
Subi no farol e de lá a vista tomou conta de toda paisagem. O mar calmo, com o navio partindo; a cidade, e nas ruas, as celebridades norueguesas. Azar deles se chegassem perto.
Um dia inteiro e fiz a empreitada pra cima e pra baixo. Não demorou pra perceber que tinham se acabado as vagas pra se hospedar, mas não via problema nenhum em dormir na rua, qualquer coisa que acontecesse, poderia mostrar a carteira de identidade ou o título de eleitor. Ironias à parte, deram a informação para tomar o trem até Copenhague. Ele ia demorar uma noite completa e a cama na cabine seria carismática com os andarilhos exaustos.
Pobres noruegueses, estou partindo pra cidade grande, não façam de Hirtshals o seu quintal. Deixei algumas cláusulas assinadas com o prefeito e se acontecer algum problema, ele tem ordem pra fechar as fronteiras do município.
E o trem fugiu pelos trilhos a muitos quilômetros por hora.
Encerrei a noite e qunado acordei de manhã, você precisava ver que belíssimo quando o trem foi chegando ao subúrbio de Copenhague. Mas estava por começar uma nova batalha, dessa vez, de recuperação interior. Dividi a cabine do trem com três noruegueses festivos e aí, mata-me ressaca. Hic, hic, hic... É tudo brincadeira.
Edmilson Vieira