Versailles/France

De Paris à Versailles é pertinho, menos de uma hora de trem. Chegando lá me informaram que da estação um micro-ônibus leva o povo até o Chateau de Versailles, o palácio mais lindo e luxuoso do mundo, segundo os padrões ocidentais. Ao se chegar defronte é possível sentir a imponência dessa belíssima obra arquitetônica em estilo clássico, sendo uma estrutura frontal e duas laterais, todas com três andares.

Optei pelo bilhete que dá direito à ver todas as salas. Penso ser impossível ver todos os aposentos em um dia apenas, mas andei mais ou menos umas seis horas lá dentro, percorrendo os luxuosos salões decorados com imensas obras de arte no estilo clássico. Uma infinidade de retratos da nobreza francesa se espalhava pelos corredores. Inúmeras obras retratavam os feitos militares de Napoleão Bonaparte. Cada batalha tinha um quadro ilustrando suas vitória. Visitei ainda a sala de Napoleão, toda ornamentada nas paredes por arabescos dourados, lustres de cristal, mobília entalhada, tapeçaria antiga, cadeiras com veludo com desenhos bordados e peças de ouro decorando esse luxuoso recinto.

Aliás, tudo nesse palácio é luxo e opulência. O salão dos espelhos é um sonho, com suas paredes de mármore, espelhos de armações douradas, cúpulas pintadas com cenas angélicas, lustres e candelabros com desenhos extremamente elaborados, do estilo barroco. Nos corredores muitos guias acompanhavam seus grupos e por algumas salas acompanhei um grupo de Portugal. Lembro que a guia dizia que enquanto Luis XIV, o rei Sol, gastava fortunas na construção do Chateau, o povo em Paris perecia de pura fome. Ainda bem que hoje as coisas são bem diferentes! Mas cada sala era mais linda que a outra, os quartos da corte eram decorados com mobília nobre, cortinas com bordados rebuscados, pinturas com cenas da nobreza opulenta, tapeçaria oriental, objetos de ouro, tronos, espelhos enormes, esculturas em mármore, ornamentos em estilo vitoriano nas paredes, tetos, portas e janelas, enfim, a beleza levada ao extremo, onde a sofisticação da época encontraram um lugar para fazer sua morada.

Mesmo com o mapa que ganha-se com a aquisição do bilhete, confesso ter me perdido por lá umas duas vezes, pois a construção gigantesca parece um labirinto. Já era de tarde, a fome apertava e as pernas já doíam de tanto andar. Então comecei a ficar meio tonto lá dentro, pois chega uma hora em que não conseguimos mais absorver tanta informação visual em tão pouco tempo.

Quando saí, aproveitei para conhecer os jardins que são um espetáculo à parte, onde fontes e esculturas dividem o espaço com flores e árvores milimetricamente distribuídos, construindo efeitos incríveis com sua programação visual arrojada e ao mesmo tempo poética.

Lembro que fui caminhando até o casario da vila, onde fica a estação de trens. Intrigado com o espetáculo arquitetônico e artístico que acabara de ver, imaginei que no decorrer da história, a arte muitas vezes esteve à serviço do estado, quando não da igreja. Passei por uma alameda de majestosas árvores, Álamos, e no final encontrei uma bagueteria, onde pude rebater aquela sensação de vazio existencial no estômago.

Antes de tomar o trem de volta, dei uma última olhada para Versailles e me perguntei se tudo tinha sido real mesmo, pois tive a impressão de que as pessoas saem mais luminosas lá de dentro, com uma certa expressão de maravilhamento no semblante e alguns sonhos dentro dos olhos.

Tchello D'Barros

« Voltar