Passeio para Berlim Oriental

DIA 1 — BERLIM ORIENTAL

Atravessamos a fronteira na estação de Friedrichstrasse, percorremos a Unter den Linden até a Torre de Televisão, de onde se descortina uma vista panorâmica da cidade, visitamos o museu da História Alemã.

Já é clichê comparar o colorido de Berlim Ocidental — construções modernas, trânsito intenso, letreiros por toda parte, vitrines sofisticadas, inferninhos, restaurantes de todos os tipos, pessoas com trajes os mais variados — com a austeridade de Berlim Oriental —; poucos carros, na maioria Ladas, de fabricação soviética, pessoas vestidas sem imaginação, propaganda comunista onipresente.

Uma mesma cidade e, no entanto, mundos completamente diferentes, praticamente sem comunicação!

Sentado num bar ao ar livre, custava-me acreditar que aquele garçom atencioso que me trouxera a cerveja, os dois amigos da mesa em frente conversando entusiasticamente, todas aquelas pessoas alegres, comendo salsichas e bebendo, todos eles eram cidadãos de um regime ditatorial, que teve de construir um Muro para evitar a evasão da população.

Muito já se escreveu sobre as vantagens e desvantagens do comunismo ou do capitalismo. Passeando por Berlim Oriental, também formulei reflexões sobre o tema. O comunismo é produto de mentalidades idealistas, que se propuseram a melhorar o mundo. Os comunistas russos de 1917 estavam imbuídos das melhores intenções. Nos primeiros anos do novo regime, a Rússia Soviética era símbolo de progresso: Revolução Sexual, emancipação das minorias, vanguarda artística, liberdade de expressão. Alguma coisa saiu errada. Sabemos que nos países comunistas as necessidades básicas da população são atendidas: emprego, habitação, saúde. Porém tudo que existe de criativo, em termos culturais ou tecnológicos: o jazz, a computação, a tecnologia do "laser", o dodecafonismo, o ônibus espacial, são produto de artistas, cientistas, intelectuais de países capitalistas.

DIA 2 — FIM

E assim terminou nossa viagem. Num ano negro para a aviação comercial, cheio de temores peguei o avião que me devolveu ao Brasil!

Ivo Korytowski
 

 

 

« Voltar