— Angela, Angela liga
carro!
— Meu Deus Claudio! o que
aconteceu no seu tornozelo?
— Uma cobra, uma cobra,
eu não sinto a perna, anda liga o carro !
— Mas eu não sei
dirigir...
— Vai ter que aprender,
porra!
— E se a gente pedir ajuda?
— Por aqui não passa
ninguém . Angela se a gente não chegar rápido eu vou
morrer... Senta ali droga !
— Pronto entra eu vou tentar
dirigir, o que eu faço?
— Toma a chave aqui, eu
me arrumo com as marchas e só você acelerar, mas se apresse
que a outra perna esta adormecendo também.
— Assim é que eu
ligo?
— É! Pronto agora
solta a chave, aperte com o pé esquerdo o primeiro pedal até
o fundo ...
— Assim?
— Agora solta leve, bem
devagar esse pedal e ao mesmo tempo aperta o acelerador que é o
que está a sua direita ...certo é isso! é isso mesmo!
Dobra para a esquerda e entre na estrada , isso! fica á direita
sempre. Aperta de novo o pedal da esquerda a embreagem e tira o o pé
do acelerador. Pronto agora solta e acelera, até o fundo vamos
lá , pé na tábua... agora aperta embreagem outra vez
e acelera ...certo, certo . Uma vez mais aperta a embreagem, agora acelera
de novo, muito bem a gente está andando na quarta marcha, acelera
um pouco mais e...
— Droga! o que que eu faço
com o caminhão?
— Passa ele, aperta esse
acelerador sem medo, vai pela esquerda... uau! ainda bem que não
vem ninguém...
— Lá vem um carro
Claudio!...
— Agora acelera e volta
para a direita
— Minha nossa ele tirou
o retrovisor!
— Não interessa,
pisa a embreagem de novo, agora acelera de novo, mais dois quilômetros
e está o posto de saúde.
— Desculpa meu bem, você
tinha razão em querer ir pescar num lugar com mais gente, mais perto
da cidade... é que eu só queria ...
— Cala a boca! isso não
interessa agora . Eu não sinto as duas pernas inteiras..,
Angela... Angela... Angela eu te amo. A gente nem chegou a ter filhos e
eu vou morrer aqui por uma cobra!
— Claudio não fala
bobagens, eu te amo.
— Não chore Angela
se eu morrer seja feliz. A dor está subindo não sinto a barriga...
— Droga Claudio você
tem febre, fique tranqüilo já chegamos, olha o posto
de saúde ali.
— Continua Angela não
tem ninguém no posto ele está fechado
— Claudio eu te fiz feliz?
— Sim muito feliz... a dor
chegou ao peito, não sinto mais Angela... eu sou feliz com você.
Eu te amo ...eu que...
— Claudio! Claudio!
— Eu quero que você
viva eu estou morrendo ...
— Já nada interessa,
nada!
— O caminhão cuidado
ele vem de frente ...
— Eu te amo meu bem!
Carlos Edgar Montiel