Cheguei...
São 18:30 hs, odeio minha pontualidade...
Começamos na hora marcada. Fico olhando o teto branco, estou
tranqüila? acho que sim... de vez em quando olho para ele e
fico tentando ver sua aura... minha cabeça procura se distrair para
fingir que está tudo normal... que nada está acontecendo,
tentando ignorar, primeiro as mãos dele e depois aquele aparelhinho
idiota passeando de um lado para outro, em cima, em baixo, dos lados e
forçando contra a pele. Tá frio, minhas mãos e braços
na mesma posição ha mais de meia hora já não
estavam agüentando mais e de vez em quando estico os braços
para relaxar e sentir que não estou anestesiada...
De repente ele vai apertando tanto aquele aparelho que quase eu grito
de dor... e a pergunta idiota vem: "doeu", eu digo que sim e ele diz "como
foi a dor'?" eu nem respondo mais, continuo em silêncio... sinto
uma enorme vontade de sair correndo dali... mas não o faço...
permaneço deitada, mesma posição e vou procurando
cores no teto branco... "vejo" um verde surgindo devagar... e vou me acalmando...
Depois de uma hora de tortura ele me diz que terminou.
Já está escuro lá fora quando posso me levantar...
quase oito horas da noite, entro no banheiro, me visto e saio... ele me
diz que no dia seguinte à tarde eu posso buscar o relatório.
Olho a tela e vejo imagens estranhas...
Chego em casa aflita para tomar meu banho, a roupa está colando
em meu corpo...
Já são duas horas da madrugada e continuo sentindo a
pressão daquele aparelho em meu corpo... continuo olhando o teto,
só que agora é o de meu quarto...
Preciso falar, queria conversar, ouvir alguém, mas só
as paredes podem me ouvir... estou sozinha, lá fora o vento faz
um barulho enorme fazendo minha imaginação voar. Porque nunca
acho com quem falar quando preciso?
Permaneço buscando imagens para distrair a cabeça. Está
tudo certo? também se não estiver, já não é
mais importante...
Acho que tem um anjo em cima de meu guarda roupa... ele tem asas
azuis, fica me olhando sorrindo para mim.
Me levanto, ligo o computador e começo a escrever...
É, já é quase dia...
Cida Sousa
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