A VELHA NO ESPELHO

            A moça acordou quando o sol, ultrapassando a fronteira do vidro, inundou de luz o acolchoado claro que a cobria.

            Um céu azul de doer na vista esperava lá fora e, abaixando os olhos, ela se espreguiçou até que todo sono escorresse pelos dedos das mãos e dos pés rosados.

            “Um lindo dia de primavera!”

            A frase era comum, mas o espetáculo justificava. Da janela, podia ver a grama molhada, os vários tons de verde nas árvores renascidas e as flores.

            “Realmente, um lindo dia.”

             Sentia-se confiante e justificada.

            Apanhou uma maçã do prato sobre a mesinha de cabeceira.

            E cantarolando sobre os chinelos macios, caminhou até a penteadeira. Ao sentar, roçou no tapete as ondas sedosas da camisola de cetim. Gostava do contato sensual da fazenda sobre o corpo nu..

            Erguendo um pouco o busto, deu uma olhada distraída no espelho e ficou pe-tri-fi-ca-da!

            O aço devolvia o rosto liso e lindo, a boca perfeita, o longo pescoço claro.

            Mas, ao redor dos olhos, lá estavam, nítidas, espalhando-se em direção à fronte, duas rugas perfeitamente simétricas e distintas.

            “É impossível!... Ontem elas não estavam aí.... ou estavam e não percebi... agora... com a claridade....”

            Angustiada, afastou mais a cortina e pesquisou o rosto outra vez.

            Não havia dúvida. Elas estavam lá.

            Sentindo um pouco de frio, procurou o penhoar e se dirigiu à Enciclopédia da Mulher, belamente entronizada na estante, perto da janela.

            Procurou no índice o “Manual da Beleza Perfeita”.

            Lá havia indicação de um creme... folheou aflita as páginas – “aqui está!... Renard... Acqua Luna e Vita... Vou comprar os dois hoje mesmo!...”

            Deu mais uma olhada no espelho.

            As malditas continuavam lá.

            “E se eu ligar para a Miriam? Ela conhece tudo sobre o assunto... vive se lambuzando de cremes, mergulhando em águas, torrando em saunas, sendo massageada, apertada, picada... Deus!... Mas ela tem idade pra isso... e eu?... Quando é a idade pra isso?... Nenhuma mulher devia ser feia.... ninguém devia ficar velha, todas as peles esticadas e lisas para sempre...”

            Discou o minúsculo celular e uma voz meio rouca atendeu do outro lado:

            — “Ahannnn?”

            Mais um resmungo do que um alô.

            — “Miriam, paixão,sou eu. Desculpe acordar você a essa hora, mas é um caso de vida ou morte... eu preciso da sua ajuda, urgente!...”

            Novos resmungos indicaram alguma compreensão humana do outro lado da linha e uma interrogação entediada.

            — “Estão aparecendo rugas em mim!...”

            — “Rugas!?”

            Espanto da outra.

            — “Rugas!... surgiram hoje de manhã... enormes... horríveis... estou arrasada!... Não tenho nem coragem de sair de casa!...”.

            Outro grunhido de solidariedade

            — “Rugas são péssimas, mas a gente se acostuma. Bota silicone, botox, fio de ouro... depois faz plástica. Eu já fiz duas.”

            — “Nunca!... não quero!... Não vou precisar!... Miriam, eu quero o nome de um creme, você deve conhecer algum... não, da Renard, não, esse eu já conheço, tem na Enciclopédia da Mulher. É algum diferente... me descola um alquimista, um parapsicólogo, um guru, algo ou alguém para acabar com essas miseráveis e impedir outras!...

            — “Engraçado você falar em mago...”

            Miriam vai saindo das brumas do sono.

            — “Ontem, na casa da Gugú, eu conheci um sujeito estranhíssimo... daqueles que a gente vê, de vez em quando, lá... ele, por sinal, era muito bonito... um tipo meio indiano... com uns olhos grandes e...”

             — “Míriam, pelo amor de Deus, eu não quero um namorado!... quero um remédio pra velhice, pô!...”

            — “Espera, mulher, deixa eu explicar... é que esse cara, ele disse que é alquimista,   faz aquele negócio de transmutação de metais, sabe como é?”

             — “Transmu... o quê?...”

            — "Transmutação... virar ferro em ouro... essas coisas. Ele diz que faz tudo, que a matéria não tem segredos para ele. Se transa com esses negócios, deve ser capaz de fazer uma poção para rejuvenescer. Ele falou num elixir da longa vida, da imortalidade, sei lá... não presto muita atenção no que esse povo diz não...”

            — “Deus me livre de ter uma longa vida cheia de pelancas, rugas, babados... antes uma boa morte!... Mas até que esse cara podia me ajudar... você tem o endereço dele?”

            — “Eu não, que não sou chegada a essas coisas de esoterismo, mas a Gugú deve ter, com certeza!...”

            — "Ah! Então vou ligar pra ela agora mesmo!... Míriam, você foi um amor!... desculpe ter ligado tão cedo, ta?... um beijão!...”

            — “Ó... vê se não telefona pra ela agora não, que a Gugú odeia levantar antes das três... e, além do mais, deve ter ido dormir ontem de madrugada...”

            — “Tudo bem. Deixa comigo, amor... Tchauzinho...”

            Desligou o telefone mais aliviada. Um mago. Quem sabe?...

            Passou o resto do domingo em casa. Um pouquinho de sol na piscina, mas com cuidado para não piorar a situação do rosto – “sol é péssimo para pele” – almoço muito leve (a fome também não era nenhuma).

            Lá pelo meio da tarde, decidiu que podia acordar a dorminhoca da Gugú.

            Atendeu a secretária eletrônica. Teve que ouvir a mensagem em três línguas antes de deixar o seu recado aflito.

            Mais algum tempo de agonia até que ele fosse decodificado pela amiga:

            — “Gugú, querida, preciso do telefone do tal indiano que estava ontem em sua casa... um que vira alumínio em ouro, ou coisa assim... Por favor, liga pra mim, urgente, ta?... beijão...”

            Finalmente, a própria ao telefone:

            — “Olha, o indiano que você falou deve ser o Benjamim. Ele é brasileiro, mas,  realmente, tem uma ligação fortíssima com o Oriente. Aliás, uma das principais encarnações dele foi em Nova Deli, que, na época, se chamava... "

            —  “Guguzinha, depois você me conta a vida dele... eu estou louca de pressa... preciso do endereço desse cara pra hoje... ele é meio alquimista, não é?...”

            —  “É... ele faz experiências nessa linha, mas é tudo orientado pelos mestres ascensionados, coisa muito séria...”

            A voz relutava, desconfiada:

           — “O que você quer com ele?”

           — “É um problema que eu estou passando... é físico... mas acho que tem um   fundo espiritual... e eu queria....”

           — “Bom, na verdade ele é muito forte, tem uma aura incrível, tão luminosa que até os não videntes podem sentir... escuta, eu vou dar o endereço e o telefone, mas você tem que marcar hora e não é muito fácil não, vou logo avisando...”

            — “Obrigada, Gugú, você é um anjo!...”

            Depois de muitos telefonemas em vão, descabelada e ofegante, a moça conseguiu falar com o alquimista e combinar uma hora para a semana seguinte.

            O mago morava longe, como costuma acontecer com os magos e não foi nada fácil achar a vila onde ficava sua pequena casa. Perdida em ruas de subúrbio, que se pareciam umas com as outras, de onde saia e voltava para o mesmo lugar, a moça teve que parar várias vezes para pedir explicações.

            Ele tinha marcado oito horas da noite.

            Já eram quase nove, ninguém conhecia aquela rua e ela estava começando a ficar com medo de ser assaltada. O carro não era zero, mas ainda estava novo e o relógio de ouro... que loucura! Devia ter vindo mais simples... O cabelo louro já chamava tanta atenção nesse fim de mundo...

            Rezando para todos os santos, algum deles acabou ouvindo porque, numa virada de esquina, foi parar bem em frente a tal Vila Flora.

            A casa do alquimista estava quase escura. A fachada era simples.

            Nervosamente, apertou a campainha.

            Foi ele mesmo que abriu a porta.

            Um homem alto, bem moreno, olhos escuros sob sobrancelhas grossas e negras. Dois sulcos profundos marcavam o rosto, dando-lhe uma aparência de magreza que era desmentida pelos braços fortes saindo de uma espécie de “jaleco indiano, se é que isso existe “ como ela mesmo descreveu mais tarde à uma platéia feminina e curiosa.

            Ele não disse uma palavra. Fez um gesto para que entrasse.

            Apavorada, mas decidida, a moça atendeu ao convite.

            A sala estava na penumbra e era agradável. Alguns sofás e muitas almofadas no estilo oriental. Uma lamparina projetava uma luminosidade avermelhada sobre um quadro representando um homem de turbante, com uma grande esmeralda na testa, em pose hierática, olhar fixo no observador.

            Vários outros quadros, todos com tema religioso, ou símbolos estranhos, completavam a decoração das paredes.

            Sobre uma pequena mesa, ao lado do sofá maior, objetos de culto: santos, caboclos, pretos-velhos conviviam com outros que não reconheceu.

            Um incenso suave perfumava o ambiente.

            O mago fez um gesto para que escolhesse um lugar para sentar e ela se sentiu confortável e calma sobre um pequeno sofá baixo, recheado de almofadas coloridas.

            — “Você demorou a chegar. Há muito tempo eu espero...”

            A moça já ia se desculpando pelo atraso, custara a encontrar a rua... mas o homem a interrompeu com um gesto grave:

            — “Não me refiro a esta vida terrena. Eu sabia que você viria. Nós nos conhecemos há muitos séculos.”

            A moça ficou embaraçada. Não sabia o que dizer. Preferia introduzir logo o assunto da poção, mas aquela conversa estranha a inibia.

            Pensou em interromper e entrar no assunto que realmente a preocupava.

            Respondendo a seus pensamentos, ele disse:

            — “Você não desiste mesmo!... Tantas vidas e ainda não aprendeu a se desligar da matéria. A verdadeira beleza é invisível para os olhos... “

            “O cara leu o Pequeno Príncipe...” foi só o que conseguiu pensar.

            — “È um lugar-comum, mas é verdadeiro.”

            “Novamente lendo pensamentos...”

            — “Essa casca que nos aprisiona deve ser apenas preservada para nosso desenvolvimento espiritual. Eu sou parte do seu karma.”

            “Lá vai ele de novo com essa história...”

            Mas, não sabia porque, resolveu se justificar:

             — “Parece bobagem... (falava como se ele já soubesse de tudo e na verdade sabia) ... mas a beleza sempre foi a minha obsessão. A beleza da matéria... a beleza física... a perfeição da forma. Não suporto a velhice, a decadência do corpo. Eu vim aqui porque preciso de alguma coisa que retarde isso, que impeça ... é meio loucura, reconheço, mas achei que não custava tentar...”

            — “Não é loucura. É possível.”

            —  “É possível?!... Ai, meu Deus, que maravilha!!... Você acha que pode me conseguir isso?... eu pago qualquer coisa...”

            —  “O preço não vai ser pago em dinheiro. E é você mesma quem vai cobrar. Pense bem na opção que está fazendo...”

            Fez uma pausa e olhou para ela fixamente.

            A moça devolveu o olhar, segura.

            — “As diferentes etapas fazem parte da vida. Quando se suprime alguma coisa, a própria natureza vai exigir algo em troca...”

            — “Não me incomodo de pagar qualquer preço. Estou decidida. A idéia de ficar velha e enrugada me apavora. Prefiro qualquer outra coisa...”

            O mestre ficou calado.

            Dirigindo-se a um armário sobre a cômoda, retirou de lá um pequeno pote de porcelana e o entregou a ela.

            — “É só passar de leve nos locais afetados. Sempre que precisar, pode virbuscar comigo.”

            E, sem se despedir, abandonou a sala, deixando a moça sozinha.

            Ela saiu de lá meio ressabiada. Com uma mistura de sensações:a alegria de possuir aquele remédio que imaginava miraculoso e certa angústia indefinida que as palavras do mago deixaram nela.

            — “Bobagem!..” Sacudiu a idéia preocupante.

            A volta foi bem mais fácil.

            Assim que chegou em casa, foi direto para o espelho. Abriu a tampa de madeira do potinho e descobriu um creme amarelado de consistência suave.

            Com a ponta dos dedos retirou um pouquinho e passou levemente sobre as rugas.

            Outra vez, ficou pe-tri-fi-ca-da.

            A pele foi se esticando devagar, mas claramente, até que não se distinguia mais nenhum sinal delas.

            — “Meu Deus!... esse cara pode ganhar rios de dinheiro!... A mulherada vai pagar uma nota por um negócio desses!... A gente podia fazer sociedade...”

            Já se via vendendo a casa na Barra e gozando uma existência de milionária no exterior, sempre linda e jovem. Do Caribe para Nova York, de lá para o Japão... as Ilhas Gregas... as Ilhas Virgens... lazer... muito dinheiro...

            Ficou sonhando acordada por alguns instantes.

            “Mas, na certa, ele não vai aceitar... Além do que, se todo mundo ficar jovem não tem a mesma graça... “

            Percebia, pela primeira vez, que juventude e beleza, como tudo na vida, só existiam por oposição.

            E este excesso filosófico, junto com as emoções da noite, provocou um bocejo que se transformou em sono profundo.

            Acordou vestida e atravessada na cama. Ainda tonta, colocou a camisola e mergulhou no torpor da madrugada.

            O dia seguinte era segunda-feira e a empregada ainda não tinha chegado quando o despertador tocou às oito horas.

            Levantou-se ainda meio robô e, ao olhar o espelho do banheiro, novo choque:

            Um traço leve se insinuava debaixo dos cílios louros.

            As rugas de volta!!!

            — “Não... com certeza o efeito do creme ontem não foi total e eu não reparei porque estava meio escuro...”

            Correu para o potinho e espalhou, dessa vez maior quantidade, em volta dos olhos.

            Novamente a pele se tornou lisa como a de um bebê.

            Aliviada, fez a maquiagem, tomou café e deixou o costumeiro recado para Lídia, a faxineira.

            Tudo parecia fácil e lindo esta manhã.

            O carro pegou logo. As pessoas no trânsito estavam simpáticas e ela chegou antes do chefe ao trabalho.

            Voltou para casa, enfrentando a hora do congestionamento, seis e meia – para, acelera, diminui, acelera, para – sem perder o bom-humor.

            No espelho retrovisor, um cara simpático fez sinais, brincando com ela. Habituada às paqueras motorizadas, sorriu para sua imagem no outro espelho.

            Com o susto, esqueceu de frear e quase bateu no carro verde da frente.

            Lá estavam as rugas de novo, em torno dos olhos!

            Reparou melhor.

            “Não, é impressão... já estou ficando maníaca... acho que vou precisar da análise outra vez... mas está uma nota preta e, atualmente, com esse governo esquizofrênico, meu salário não dá pra quase nada!... a casa também está dando muita despesa... este negócio de vida perto do verde...”

            Os pensamentos voaram. A atenção se concentrou na direção.

            Fôra um engano. O reflexo era do mesmo rosto liso e lindo de sempre.

            O dia seguinte trouxe o imprevisto:

            O espelho ( que estava se tornando obsessão ) devolveu os olhos cercados por duas – duas – rugas simétricas de cada lado.

            Apavorada, apanhou o pote e, com o creme, apagou totalmente qualquer traço de imperfeição na pele.

            Ainda meio sem ar, lembrou das palavras do bruxo: “ você mesmo vai se cobrar.”

            “Que droga!... o que ele quis dizer com isso?... talvez tivesse sido melhor usar o creme da Renard... só que não adianta quase nada... enquanto este...” Suspirou olhando com prazer a imagem retocada... “ é como borracha... deixa a gente perfeita!...”

             Penteou os cabelos e foi para o trabalho, afastando qualquer idéia pessimista.

            O rosto continuou sem marcas o dia todo e ela dormiu um sono profundo e feliz.

            Mas, ao acordar, outra manhã de susto:

            Três rugas – três – distinguiam-se, agora mais nítidas, na pele clara.

            Novamente o preparado miraculoso acabou com toda imperfeição.

            O pânico começava a se insinuar dentro dela.De noite, sonhou que estava presa num labirinto formado por linhas e sulcos e, à cada volta que dava tentando escapar, se enredava em outras linhas e outros sulcos até que, exausta e assustada, encontrava o mago sussurrando:“ Agora quero ver você pagar o preço!...”

            Acordou suando.

          “Tenho que ir lá no Benjamim apanhar mais desse creme antes que acabe.” Um medo gelado atravessou seu pensamento “ e se ele quiser cobrar muito dinheiro pelo pote?”

            Sentiu-se presa numa armadilha. Sem o creme, as rugas aumentavam rapidamente e era ele quem comandava o espetáculo.

            Mas o mago não fez nenhuma exigência.

            Sem comentários, entregou a ela vários potinhos de uma vez. Estava sério como sempre, no entanto, ela teve a sensação de que ele ria por trás da máscara de madeira indiana do seu rosto impassível.

            “Azar!... Estou pouco ligando para suas ironias... quero mais é bastante creme e permanecer sempre jovem e bonita...”

            Os dias foram passando.

            Cada manhã, as rugas aumentavam e já era uma mulher madura que ela via no espelho ao levantar.

            O preparado desfazia tudo, mas seu efeito começou a diminuir.

            Primeiro os sulcos foram surgindo de madrugada, depois ás oito da noite, até que ela precisou levar o creme para o trabalho e retocar-se antes de fazer a viagem de volta para casa.

            O ritual de apanhar os potes na casa do mago foi se tornando semanal e, a cada vez, levava caixas e mais caixas que iam sendo consumidas num rítmo cada vez mais rápido.

            Quando ia ao cinema, ao teatro, ao restaurante, à discoteca, tinha que levantar diversas vezes para ir ao toalete recompor o rosto... depois o pescoço... o colo... os braços... Numa cansativa tarefa de ir se reconstruindo a cada hora.

            O namorado reclamava, achava que estava escondendo alguma doença, andava tão esquisita!... Mas seu aspecto era radiante, sempre lindíssima e jovem. Os outros envelheciam lentamente. Ela não.

            Vivia com os braços cansados de esfregar freneticamente rosto e corpo, de hora em hora, de meia em meia hora.

            Deixou de trabalhar e agora quase não saia de casa.

            Apenas para ir apanhar o creme que lhe devolvia, ainda que por fugazes momentos, a juventude perdida.

            Um cansaço tremendo a invadia, sentindo, cada vez mais, que aquela velha no espelho ia vencer a parada.

            E então, finalmente, ela teria paz.
 


Maria Helena Bandeira

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