Os falsos começos
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Ela nasceu com a estrela na testa — vaticionou a mulher. Minutos depois, o médico — em tom sombrio — disse que ele pereceria ao amanhecer. Cinco semanas se passaram desde as vinte e duas horas daquele dia soturno. E aí ela morreu pela primeira vez. Três outras mortes lhe sucederam desde então, em um espaço de sessenta e oito dias. Até que seu pai encontrou um livro que o ensinou a não mais deixá-la morrer. Das mortes que teve, Zenóbia guarda apenas a memória da primeira: e sobre esta não deixaria de escrever a vida inteira.
Maria Esther Maciel
Do livro: "O livro de Zenóbia", Lamparina, 2004, RJ