Pecado mortal
I
Andando pelas ruas, quase amanhecendo, subitamente sente um ímpeto de voltar.
Tarde demais, agora não há mais nada a fazer. Sufoca um grito, o desespero toma conta do seu ser.
O frio torna-se insuportável, o dia amanhece, finalmente.
Antes que seja tarde demais talvez haja tempo de pegar o trem das sete e meia, fugir; longe será mais fácil esquecer.
Pessoas passam com a pressa habitual, aos poucos diminui a ânsia, seus batimentos cardíacos voltam ao normal, a paz retorna, o medo acaba.
Sim. De volta ao lar.
Doze horas. Doze batidas do relógio. A dor aumenta. Todo seu corpo esfria, sua consciência se foi. Distante. Ah! como seria bom se fosse real. Não mais dor, o sofrimento se extingue.
Livre, finalmente, a mente divaga, distante, distante, distante...
— Como pude fazer aquilo? — pensa — não foi minha culpa, não foi! Afunda entre os lençóis e tenta dormir, tranqüilamente.
— Amanhã é outro dia. Preciso esquecer.
Não resiste mais e se entrega ao sono, desejando nunca mais acordar.
Visualiza, momento a momento, cada segundo, cada movimento. Prazer e pesar se misturam, vozes ecoam em sua mente, o sangue corre quente outra vez.
Uma melodia celestial ressoa pela casa, os frios corredores ganham luz, sombras e formas dançam, flutuam, pondo fim ao vazio. Vazio este que há muito tempo dele se apossou, sua mente nada mais é do que fios retorcidos, imagens distorcidas.
Por muito tempo pensava ter controle, uma pessoa racional, centrada e justa.
Agora, emoções o fazem sofrer novamente, vergonha e ira são os traços mais marcantes de seu caráter. Ao longe a celestial melodia acompanha seu último vestígio de consciência.
II
Vinte e quatro horas se passaram.
Passa a mão entre os fios de cabelo, encharcados de suor, brilhantes e espessos.
— Preciso fazer a barba — balbucia, enquanto observa o vidro de tranqüilizantes sobre a mesa. Restos de pão misturam-se a pedaços de queijo
espalhados pela mesa, enquanto um gato mia, do lado de fora, esbarrando em latas de lixo e revirando restos de comida no quintal.
Olhando seu rosto no espelho, sente-se um estranho; o ar fresco e sereno que tinha, transformou-se em apatia. Seus olhos, de um azul cintilante, já não brilham como antes. Suas faces, antes coradas e saudáveis, agora são de uma palidez funesta. Seus traços marcantes e proporcionais deram lugar à aparência de um doente, seus músculos rijos tornaram-se flácidos e seu corpo magro balança, fraco e sem equilíbrio.
Foi-se o homem, ficou a sombra.
Chorando, encolhe-se no chão do banheiro; em flashes relembra o começo do fim de sua vida.
III
Era um domingo, o céu nublado, a ameaça de chuva. Ah, como ele apreciava a chuva fina, as ruas escorregadias, o cheiro de terra molhada, alguns se abrigando embaixo de marquises, outros fugindo apressados. E ele diminuindo os passos, deleitando-se com a chuva fria escorrendo pelo seu rosto, encharcando suas roupas.
Já devia ser oito horas da noite, quando a avistou. Tinha a pele alva, os cabelos compridos castanhos, nem claros, nem escuros, olhos de um azul oceânico, rosto oval, esguia, os braços cruzados sobre o abdômen, numa postura retraída, devido ao frio. Seus pés estavam juntos, os joelhos dobrados. Olhava para os lados constantemente, como se esperasse alguém.
Subitamente fixou o olhar nele, seus olhos cruzaram-se, primeiro timidamente, em seguida numa atitude complacente, como se ele compreendesse sua angústia. E assim permaneceram por uns cinco minutos, que pareciam durar horas.
Aproximou-se, tentando demonstrar simpatia, uma das qualidades que nunca possuíra. Sempre fora indiferente, frio, embora perceptivo e dono de uma intuição singular.
— Parece estar esperando alguém. Posso juntar-me a você? — perguntou.
— Como quiser — respondeu ela, timidamente, mas forjando um sorriso.
— Arthur Martim — apresentou-se, estendendo-lhe a mão — é um prazer conhecê-la.
— Catarina Bulhões, o prazer é todo meu!
Passaram-se três meses desde o fortuito encontro e todos os dias, à mesma hora e no mesmo lugar se encontravam. O tempo voava, cada despedida tornava-se um martírio. Arthur passando noites em claro, como se a cada hora distante dela uma fibra de seu corpo se rompesse, seu coração sangrasse.
Quanto à Catarina, com a alma em pedaços, a predominância da emoção sobre a razão, sonhava acordada com ele por noites a fio, idolatrava-o, dedicava-se a ele.
IV
— Ela acabará sendo seu fim — disse Patrick exaltado. — Esqueça-a, ou será sua ruína! Siga meu conselho, sou seu amigo.
— Posso afirmar que nunca fui tão feliz, meu caro! Se isto é a desgraça, que caia sobre minha cabeça e penetre todos os poros do meu corpo — riu Arthur, observando o quão patético Blake soava. Patrick Blake fora seu amigo mais íntimo desde os tempos da escola, tinham experimentado tudo juntos, cada lágrima, cada risada. Era também seu leal confidente.
No entanto, parecia tão absurdo com certas idéias, ridículo até!
Patrick, descomposto e aborrecido foi refrescar-se no jardim. Sentou-se e ficou a admirar as flores, com suas cores e formas (tinha predileção dentre todas elas pelo lírio, branco, sugerindo pureza) e a água correndo riacho abaixo.
Sob a luz do sol ele parecia mais belo ainda. Seus cabelos louros caindo sobre a testa pequena, olhos verdes reluzentes, nariz afilado, como em uma pintura, boca róseo-avermelhada, faces coradas e um perfil apolíneo.
Sempre se destacara por sua beleza, diferente de Martim, que tinha uma aparência aristocrática e era dotado de gênio e charme incomparáveis, e poder de persuasão sem paralelo.
Ainda estava a meditar quando Martim o interrompeu.
— Continua sonhador — exclamou — um centavo por seus pensamentos!
— Um centavo é muito pouco, tem outra oferta a fazer? — gracejou, e bruscamente se levantou e se dirigiu a Martim, com as mãos nos bolsos, fixando o olhar em seus sapatos, aparentemente a disfarçar algo.
— Conheço seus movimentos como a palma da minha mão — disse Arthur em seu ouvido — desembuche, homem, o que o perturba?
— Tenho que partir hoje à noite, vou para o interior, para a casa do meu tio. Há meses ele vem insistindo que eu faça essa viagem. É muito apegado a mim e provavelmente não percebeu que tenho meus afazeres... Todavia o pobre diabo anda muito deprimido, acredito que minha presença possa animá-lo.
— Bem, contava com sua presença na reunião desta noite... Boa viagem Patrick — disse, dando um aperto de mão em Blake e, rispidamente, virando-lhe as costas, entrou em casa, assoviando uma canção.
V
Ele entrou na sala, cujas janelas estavam abertas. Com um certo temor, Patrick notou o grande e antigo móvel no lado direito da sala de estar, com livros, óculos e um bule de café sobre ele. Martim estava deitado em sofá do outro lado da sala. Parecia totalmente absorto, tal a impassibilidade diante de Blake. Este, por sua vez, continuou parado, prendendo a respiração e admirando o amigo. Seu corpo parecia relaxado, talvez estivesse dormindo, os braços pendendo, as pernas esticadas, a boca se movendo como quem está proferindo uma oração, repetidamente, repetidamente... Acima de sua cabeça, na parede, havia um quadro, um auto-retrato pintado por Arthur Martim. Como que intimidado pelo olhar fixo da pintura, que parecia encará-lo, Patrick desviou os olhos, pousando-os em Martim, que estava a observá-lo.
— Vejo que ficou impressionado com o realismo da minha obra, notou a assinatura? — perguntou Arthur suavemente — qualquer dia desses poderia posar para mim, não?
— Certamente, certamente — respondeu Blake, visivelmente embaraçado, e emendou: — Desculpe a intromissão, mas tenho um assunto de extrema urgência a tratar com você...
— Qual seria o assunto, caro Patrick? — interrompeu Martim, desta vez um tanto rispidamente.
Há muito que não conversavam longamente, Blake sentia-se abandonado pelo amigo, que freqüentava círculos e se relacionava com pessoas muito mais interessantes do que ele estava acostumado a conviver. Fora a sua obsessão pela "tal de Catarina", a forma como vinha sendo tratado pelo amigo também o magoava. Estava sentindo-se como se não fosse mais útil a Martim, um fardo até. Arthur dirigia-se a Patrick expressando tédio em seu tom de voz, o que o enchia de desgosto e raiva.
— Poderia me emprestar vinte mil? Garanto que lhe pagarei em breve, dou minha palavra de honra ! — pediu.
— Não estamos mais no século XVIII, meu chapa, palavras não contam mais nada — disse Martim, debochando. — No entanto, tenho uma proposta a fazer. Terá todo o dinheiro que quiser, contanto que me faça um favorzinho...
— Qual? — perguntou Blake, admirado com a repentina boa vontade do amigo.
— Quero que mate um homem — e seu semblante tornou-se grave, ele que sempre se escondera através de uma máscara plácida, um ar despreocupado.
— Como ousa pedir-me tal coisa? Enlouqueceu? Não queira me meter em seus problemas, os quais atingiram notoriedade por seu desregramento. Resolva-os sozinho, Arthur! — gritou, andando em direção à porta e sendo interrompido por Martim, que, calmamente dirigiu-se a ele, deu um tapinha em suas costas e sussurrou em seu ouvido:
— Eu posso resolver meus problemas sozinho? E você, com sempre contou além de mim, que sou devotado a você?
VI
— Tudo bem, retrucou Blake — Quem é desta vez? — e com o peso da humilhação sobre seus ombros, abaixou a cabeça, sentou-se no sofá, trêmulo pelo que viria pela frente.
— Você conhece o bastardo, Alfredo Bulhões, aquele bêbado, fracassado, que não anda dois passos sem sua garrafa de Scotch... Pois bem, ele me ameaçou, disse que desta semana não passaria. Estou perdido desta vez! — exclamou, numa voz esganiçada.
— Ora, não leve a sério o que Bulhões diz, provavelmente ele nem se lembra mais dessa briguinha — riu Patrick.
— Não é briguinha— berrou Martim, acentuando cada sílaba, e andando em círculos como geralmente fazia quando estava nervoso, explicou — Catarina é irmã do Bulhões. Ele sempre me odiou e se opõe ao nosso relacionamento. E o pior de tudo é que desta vez sou completa e ironicamente inocente!
— Você nunca foi nem nunca será inocente, meu querido, sabe disso muito bem. — Blake se levantou e foi até a cozinha, onde abriu a geladeira e se serviu de um copo d'água — Seja sincero, meu amigo — disse apoiando a mão direita no ombro de Martim.
— Estou sendo sincero! Vamos para o meu quarto, é melhor nos assegurarmos de que ninguém nos ouvirá. Minha mãe está para chegar a qualquer momento — e subiu as escadas, abraçado a Patrick, que com a mão entre os cabelos, deixou escapar um suspiro desanimado.
Martim sentou-se na cama, mas Blake permaneceu em pé. Estava tão chocado e decepcionado consigo mesmo, por ter concordado em assassinar um homem por dinheiro. Ele, um pacifista, anti-violência, um puritano moderno. A aceitação de tal vil ato somente confirmava o domínio que Arthur exercia sobre ele. Estava a um passo da ruína, no entanto, nada mais importava para ele.
— Vejo que hesita agora, sempre foi e sempre será um covarde. Esqueça, então — disse Martim, com um brilho sarcástico em seus olhos.
— Engana-se, estou disposto a agir. É só dizer como e quando — e o resquício de resistência que existia dissipou-se; afinal, o que um desclassificado como Alfredo Bulhões poderia valer? Seu desaparecimento seria um benefício à sociedade, que estaria livre de mais um parasita.
Seria feito.
VII
— Vamos lá, meu amigo — exclamou Martim, artificialmente — desçamos para a sala e façamos um banquete digno dos deuses! Beberemos um bom vinho e logo se animará. Nunca se esqueça, deve-se viver somente para o prazer. Nada envelhece como a felicidade! Contente-se com o que posso oferecer a você, que aceito sua lealdade e seu nobre coração em troca.
— Meu nobre coração? O que diz, homem? Palavras doces vindas de uma alma impura! Não satisfeito em danar a si mesmo, pretende arruinar-me — com lágrimas nos olhos fitou Martim, que impassível diante da explosão do amigo, segurou um sorriso.
— Arruiná-lo? Ora, Patrick não se entregue à emoção, seja sensato! — disse enquanto gargalhava.
E mais uma vez Blake se calou e se deixou guiar por Arthur escada abaixo.
Não sentiu fome naquela noite. O banquete posto à mesa o enjoava. Sim, Martim era um demônio, queria sua alma. O vinho ofuscava seus sentidos, bebeu a noite toda.
No dia seguinte as palavras de Arthur e suas gargalhadas diabólicas ecoavam em sua mente. Sentia-se um fantoche nas mãos dele, era seu Mestre e Senhor. Passou o resto do dia na cama, acumulando energia e lendo um livro que Martim havia lhe emprestado. Era a história de um ingênuo jovem que sucumbira às tentações e aos males da carne. O quão irônico tudo lhe parecia!!
Contudo, ainda sentia uma imensa afeição por Arthur Martim, uma mórbida afeição. Era alguns poucos anos mais novo do que Arthur, porém tão seguro de si e sábio este sempre fora, que parecia vinte anos mais velho. Patrick Blake admirava-o tanto que era facilmente manipulado por Martim, que tirava vantagem do fascínio que exercia sobre o amigo.
Era uma relação de amor e ódio, como a que Patrick tivera com o pai, Augustus Blake, falecido desde seus quinze anos. Arthur o assistia com tudo que precisara desde a morte do senhor Blake. Em troca, Patrick favorecia-o com sua companhia, pois era o único que suportava o ego e a descortesia de Martim. Sempre. Seu temperamento dócil contrastava enormemente com o do amigo, firme, dominador e prepotente.
VIII
Ainda estava entorpecido pelo sono quando o telefone começou a tocar.
— Talvez desista se eu não atender — pensou.
Mas o telefone continuava a soar, fazendo com que Patrick ficasse cada vez mais irritado.
— O que é? — vociferou ao atender ao chamado.
— Venha para cá, imediatamente — ordenou a voz do outro lado. Blake bateu o telefone, enfurecido.
— Vampiro maldito... — resmungou, enquanto se vestia. — Onde estava com a cabeça para entrar numa fria dessas?
Quando chegou a casa de Martim, ele estava confortavelmente sentado em sua poltrona coberta de veludo vinho, que parecia um trono.
— Está tudo pronto — Arthur disse, sem ao menos proferir uma "boa tarde" ou um "como vai", agia como se estivesse dando ordens a seus empregados, o que feria o orgulho de Patrick.
E abrindo uma mala de couro preto, retirou uma pistola, luvas de borracha e um frasco contendo comprimidos.
— Preste bastante atenção-disse— não quero que nada dê errado, compreende?
Blake consentiu, suando frio e sentindo um pouco de medo, como uma criança trancada num quarto escuro.
Martim havia estudado os hábitos de Bulhões, sabia que toda noite, sem falta, ele ia à taberna do velho alemão, filar canecas de vinho e doses de
Scotch dos beberrões conhecidos seus.
Como dizia a avó de Patrick: peça um pão para saciar sua fome e dificilmente conseguirá, mas para o vício da bebida, há sempre uma alma perdida a contribuir.
— Será muito fácil — Arthur instruía Blake — puxe uma conversa com o vagabundo e despeje dois comprimidos deste frasco. Em poucos minutos, o homem ficará grogue. Finja-se de solícito e leve-o, naquele carro com a placa de Minas Gerais que "consegui", e do qual já tem a chave, para este hotel — disse, entregando um papel com o endereço a Patrick. Faça o que tem de fazer e me espere. Em cerca de duas horas vou ao seu encontro e me livro do corpo. Nada dará errado, confie em mim, meu chapa — sorriu diabolicamente.
E entregando um envelope contendo os vinte mil prometidos, Martim beijou delicadamente a face de Blake, que, constrangido, corou.
IX
Chovia torrencialmente, fazia um frio que há muito Patrick não sentia.
— Que noite perfeita para um crime — pensou. Parece que estou numa daquelas histórias de Sherlock Holmes.
Lá pelas onze horas, avistou Alfredo Bulhões numa das mesas no fundo da taberna. A barba por fazer, os cabelos compridos em desalinho, vestindo um sobretudo marrom encardido.
Enquanto Blake se preparava para executar o terrível plano, Martim rolava entre lençóis de seda com a sua Catarina.
Patrick sentia um misto de ciúme e ódio daquela mulher, que havia sido a razão de seu afastamento do amigo.
E por sua culpa estava ele prestes a cometer um homicídio, a eliminar a pedra no caminho dos dois pombinhos.
Como Arthur era esperto! A mocinha ficaria mais vulnerável ainda, ao sofrer a perda do irmão. Martim estaria lá, com os braços abertos para consolar a amante.
— Duas cobras, que se mereciam, isto sim! — pensou.
Patrick sentou-se à mesa com sua presa. Bebeu uma caneca de vinho tinto, puxou um assunto qualquer e logo os dois riam juntos como velhos amigos.
Fez como haviam planejado, despejou dois comprimidos na caneca de Bulhões e esperou surtir efeito.
— Pronto, agora falta pouco pra acabar com isso.— suspirou, enquanto o jogava no banco traseiro do carro.
X
Quatro da manhã. Ao entrar no quarto do hotel, depois de duas horas de viagem por uma estrada deserta e mal-iluminada, Martim se deparou com uma cena que o deixou embasbacado.
Patrick encolhido num canto, com uma garrafa de vodka quase vazia ao seu lado, chorando copiosamente.
Na cama, do outro lado do quarto, aquele que já deveria estar morto, roncando e grunhindo feito um porco, num sono profundo.
— Devo estar sonhando— Arthur exclamou desesperado — Patrick, seu imbecil! Acha que pode me trair e fugir com meu dinheiro? Seu covarde, frouxo!
— Na-Não co-consigo — Blake gaguejou. Desculpe-me, não consigo! — e afundou a cabeça entre os joelhos, soluçando.
— Pois então eu mesmo acabo com isso — o outro disse, abrindo a mala, colocando as luvas e engatilhando a arma.
Subitamente Patrick se levantou e cambaleando, sob o efeito do álcool, jogou-se contra o amigo.
— Não, não, é pecado mortal — ele gritou, tentando tirar a pistola da mão de Arthur.
Um tiro.
Patrick Blake caiu, sangrando em profusão.
Arthur Martim largou a arma e atônito, tentava conter a hemorragia, sem sucesso.
— Acabou, meu amigo — Patrick disse — sua voz era baixa e fraca.
Martim abraçou o amigo, que retribuindo o gesto, num último suspiro, sussurrou em seu ouvido: — Eu amo você Arthur.
Laura Guerra