Amanhã é lua. Um pedaço de cão com dentes pitbúlicos, na fotografia, gravura ou carta de baralho. Vai morder a bunda de quem sonha dormindo depois do sono. Queria um trocado, seu moço, não posso andar atrás do outro para matar a fome, no primeiro aplauso desmaio, morro e não como nada. Me dá uma camiseta de vereador, me dá a dentadura dos mortos de ofício, me dá um espirro com casa de saúde. Me dá então um poema, quero morrer entre duas linhas de saudade, quero encontrar o poeta no que escapou entre dois verbos. Viu como não sou um mendigo burro? Viu porra nenhuma, então me dá um trocado. Vai beijar a mulher quando chegar em casa? Vai beijar os filhos quando chegar em casa? Vai esquecer meu retrato? Amanhã é lua, seuputo, cuidado.

Onestaldo Flanner

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