ESCADARIA
Ela subia a escadaria da casa onde moreu muito tmpo não conseguia ver as pernas dela com uma saia comprida grudada ao corpo ela mexendo ela se mexendo ao subir os degraus eu cá embaixo ficava com uma raiva danada os suspiros saindo pela boca quando chegou em cima da escadaria eu fiquei ainda olhando aquela coisa toda com os lábios vermelhos de batom e no rosto um rouge desesperado franjinha na testa e sapatos pretos meus nervos abalados querendo matar.
Ela continuava no alto da escadaria me olhando fixamente nos olhos.
Ainda tentei subir os degraus mas não tinha forças nem pra fumar.
A escadaria quente do sol da tarde me comendo as costas me queimando até ficarem aquelas marcas todas qu'eu jamais poderia apagar com os anos.
P. J. Ribeiro
Do livro: Interlocutando, Edições Totem , 2003, MG