O ESTRANHO SER

Murta achava o cérebro asqueroso, semelhante a um monte de tripas.
Achava tembém o corpo humano um depósito de bosta.
Afora os olhos, que à ela se assemelhavam à duas preciosidades do mundo das Almas, tudo o mais era repugnante e feio — disfarçado com os recursos da maquiagem e dos perfumes — o corpo    logo ressendia, exposto à alguns minutos a uma temperatura um    pouco mais elevada.
Os horripilante pulmões, ainda assim, retinham o ar, a única coisa leve e suave que fazia parte da vida do ser humano.
Aliás, o Ar era o elo entre a vida e a morte — o grito do recém-nacido no seu primeiro alento e o "último suspiro" na sua volta ao Mundo das Almas e dos Espiritos.
Compensando o Ar, se estabiliza as funções do corpo.
A Meditação só ganha seu aspecto de "Fiel da Balança" quando enquadra o corpo humano no equilibrio da respiração, no seu vôo planador na Região do Espirito — até onde a alma pode alcançar na sua prisão do corpo fisico. Murta, vegetariana e comendo pouco, quase vivia da Energia retira da da respiração.   A Energia se transmutava nas vitaminas retiradas dos alimentos, que por sua vez, vibravam com a posse da energia dos minerais, Energia esta captada da atmosfera e da vibração da terra — por isso, Murta andava muito descalça.

Estranho Ser, foi-se transformando Murta, com olhos verdes com pontos dourados, que quase não piscavam, e um leve sorriso, substituindo as palavras.

Clarisse de Oliveira

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