Angústia

A mim... aranho-me um se no intransitivo de meu inquieto.

O estrado desquita-lhes do talvez várias fraturas. A gordura nas toalhas substantiva concessões de pretéritos que sobre a mesa, estendidas - sobre a mesa de pernas capengas e enferrujadas - desafina lúcidas perguntas.

Precisaremos da gema e da clara ou só da gema? Meia xícara de farinha...de farinha, só meia xícara?

Meus sentidos, desastres de angústias nas arestas. Nas arestas, meus desastres são angústias sem sentidos.

Do tempo, o vago e o hipertireoidismo monocórdico de relógios. Fala-se de maridos; novelas, ciúmes e crimes. Fala-se e não se fala. Fica... Acende o cigarro, cruza as pernas. A pantufa no ar oscila impaciências, fofocas, domésticas.

E o pulso sente calafrios, calafrios apodrecendo velocidades. Baratas a fugir atrás de geladeiras. E azaléias no jardim brotarão aquilo que, com murmúrios, não brotava, censurava consolos.

A multidão se arrastou.

E se arrastam como homossexuais hemofílicos não sadomasoquistas. É o mundo, o mundo feliz. Mas não aqui, não no momento de partir, no momento de ir embora, embora depois do ‘boa noite', cafezinhos e maresias: O mundo não é feliz!

Calculasse instantes subordinados aos teoremas, quem sabe de me surpreender com pensamentos, não haveria. Mas o mundo não é feliz. Escuta-lhe incêndios, o trinar de taças na cristaleira e parabéns pela sala escoando, enquanto copulam gargalhadas sobre páginas de resultados de loterias.

A que brindamos hoje?

Hoje o dia acordou com ofegantes perfumes de amanhã. Depois de amanhã o dia de hoje será anteontem. Estarei certo, completamente certo dessas tantas incertezas?

Certamente o dia, o dia de hoje acordou com ofegantes perfumes de amanhã. Depois de amanhã...

Certamente.

Diego Ramires

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