MALDIÇÃO

O pássaro fôra impedido de voar. Ardia agora desejo voraz de céu, acuado num canto escuro do mundo, constatada a maldição que levava a todo canto.
A lembrança do último vôo, o frescor da brisa, movimento do ritual, eram veneno alimentando a pobre ave.
Ali, no canto escuro, tentava colorir-se de negro, carmim, lambuzar-se de lama, ser cruel, na incapacidade de ser feliz.
Ainda assim era um pássaro. Branco, suave, triste. Maldito.

Idalina de Carvalho

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