O INTRUSO

               Depois de escalar os muros dos bons costumes, o intruso sente-se em êxtase com cada labirinto daquele corpo. Passeia entre as lindas coxas, entre os pêlos suados usufruindo de um prazer que só ele conhece. E, por não resistir a sensação que sente, dá uma "mordidinha" no lugar onde mais incomoda.

               O corpo mordido retrai-se assustado. O intruso ouve um palavrão e vê uns dedos enormes aproximando-se do local onde ele está. Os dedos começam a persegui-lo como habilidosos cães de guerra. Ele corre por entre os capins pubiais e vai esconder-se num valão sombrio, onde, às vezes, são expelidos uns gazes tóxicos. É preciso fugir, a todo custo, daquelas unhas afiadas.
               Mas o que assusta o intruso não são as unhas, é o comentário que ouve baixinho. "Preciso encontrar um jeito de acabar com esses chatos". Mas enquanto isso não acontece, ele vai vivendo na região escrotal.

Wandercy de Carvalho Lontra

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