Ilusões do desejo
No vôo, os olhares se cruzaram. Em segurança, o coração bateu mais. Pensava tradicionalmente, mal sabia que estaria em apuros. Do chão, haveria mais quereres, suspiros, imagens proibidas. Do alto, o silêncio devastador daqueles que já se conhecem.
A nudez dos seus olhos encantava. A respiração disfarçava o pavor do desejo. O vento rasgava o peito sofrido e, lânguida, apenas sentia. Vivia a emoção velada de um reencontro casual, de uma entrega definitiva. Jogava com a certeza do tesão refletido nas frases pontuais.
O limite era estabelecido a cada palavra. Os passo meticulosos tornaram-se insensatos e buscaram a certeza da paixão. Sonhos e devaneios alimentavam aquelas almas, aqueles corpos entrelaçados em pensamento.
O tempo suspenso pela pausa entre os adjetivos cobria a vastidão das emoções. Em dez únicos minutos, sentia a vida escorregar em suas antigas certezas. Sabia, sem dúvidas, que resgatava alí o fulgor. De costas, via em suas curvas a luz do novo caminhar.
De amores a desencontros, seguia com a certeza desse dia.