Versiculando uma novidade

1. Tantinho mais que pequerrucha, Dora aprendia no colégio que o 4 é uma cadeirinha de ponta-cabeça.
2. Logo daí, o relógio-de-areia na janela trouxe o recreio e toda a agitação infante. Uma dezembrina alegria.
3. Meio a vozerio, pernas cá-e-lá, foi Dorinha à professora, que lhe guardava a pazinha levada para brincar. Apanhou-a assim: “é small spade”…
4. Depois de passar no bebedouro, caminhou para o canto do pátio e sentou-se a cavar, quadriculando a terra e querendo diamante, porque pensava-o a pedra mais nobre e mais bela e mais forte.
5. E foi a hora passando, até que a professora, a apontar no quadro as outras funções dos numerais, já ouvia a correria bagunçada que voltava dacolá à sala. 
6. E, junto a essa lufa-lufa de bambuzal em ventania, Dora pequenina retornava com a pazinha, em satisfação que exclamava: “bumble bee! bumble bee!”… 
7. A sua outra mão trazia caixinha transparente, guardando o que voava. 
8. E esse seu novo contentamento era o mais nobre; mais do que aquele querido antes do recreio.
9. A professora, lhe amarrando o cadarço, sorriu-lhe em boca-pitanga: “um diamante negro, Dorinha”…

Filipe Bernardo de Oliveira

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