A SOMBRA DO FAUNO
Era uma dessas chácaras das casas do norte da Itália.
A plantação de uvas não era grande, mas o pequeno bosque de pinheiros tinha um riacho raso que o atravessava, correndo sobre pedras.
Clara, desde pequena, agora uma adolescente de catorze anos, elegeu o bosque para seu repouso, depois da faina de casa.
Não era o murmúrio das águas, mas alguma coisa entrepassava pelos pinheiros
– algo vivo, tão vivo, que lhe fazia falta, e, sem "essa coisa",
Clara se sentia fraca e inativa.
Os olhos foram alcançando brilho... os "Olhos "da coisa", e se aninhando dentro do peito de Clara.
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Era verão... Clara ergueu o vestido, e caminhou pelo riacho... De repente, ela não soube como, caiu "de quatro" dentro da água rasa que corria fresca por entre as pedras, o vestido enrolado na barriga, as nádegas expostas...
E uma espécie de enjôo tonteou-a, enquanto a vagina palpitava até ela deixar escorrer o gozo junto com a água do riacho. Não tinha nem forças para se levantar, por isso deitou na água fria, até de novo tomar posse de si mesma.
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Clara não soube explicar o que aconteceu, mas na hora da Ave Maria, ela foi à Igreja, acendeu uma vela, e rezou um terço.
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Clara casou-se aos dezesseis anos, com as carnes de sua vagina tão coladas, que ela em tudo, era uma virgem...
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Seu primeiro filho, era feio
– o rosto embrutecido, de traços animalescos...
– mas revelou-se grande desenhista e depois pintor.
Bernardo era calado e casmurrão, mas a Natureza fluía de seu pincel com um encanto inacessível até para as fadas.
O poderio do sexo transformou um Elemental em um ser na carreira evolutiva humana.
Clarisse de Oliveira