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Triiim.
Triiim.
— Pois não; meia nove meia três.
— Hummm, que chique! Quem está falando?
— Com quem gostaria de falar?
— Quem está falando?
— Por gentileza, desculpe: foi você quem ligou, e certamente sabe com quem deseja falar.
— Ahhn... O Toni está?
— Não, não está. Gostaria de deixar recado?
— Quem é você:?
— Até hoje não encontrei a resposta.
— Nossa!
— Desculé, não queria insistir: a senhorita (presumo que é senhorita) gostaria de deixar nome, telefone ou recado para o Toni. Com certeza ele ligará para você.
— Sim... É... Bem... Qual é seu nome?
— Você não disse o seu. Ademais, senhorita, estou muito ocupado agora...
— Mas você não pode me dizer seu nome?!
— ... e somente atendi o telefone por obrigação...
— Me diz seu nome!...
— ... e estou falando com você por educação, não por vontade.
— Puxa!
— Desculpe, senhorita: não quer mesmo deixar recado? Vou desligar. Como disse, estou ocupado.
— Você tem uma voz bonita!... O que está fazendo?
— Antes de atender o telefone, eu havia matado o Toni e estava terminando de esquartejá-lo. Passe bem, senhorita.
***
No enterro dos restos mortais de Toni, uma dúvida: devia-se abrir ou não o caixão para colocar nele um pedaço dos intestinos de Toni que um cachorro recém-aparecido teimava em não largar?
Edmilson Sanches
Do livro: Contos órfãos, Ed. Ética, 2010, Imperatriz/MA