PINÓQUIO

Desde que se decidira a ser ventríloquo, trabalhava com aquele boneco de madeira. Ele mesmo o fabricara com carinho, escolhendo boa madeira, fazendo-lhe o corpo com a perfeição que pôde, pintando-lhe as feições e vestindo-o para ser a estrela do show. Amava-o como se fora o filho que não tivera.
Terminado o espetáculo, como em todas as noites, ambos agradeceram os aplausos, ajeitaram as casacas e voltaram ao camarim. Com algum cansaço nos gestos, sentou-se na poltrona e colocando o pequeno aparelho auditivo, seguiu atentamente as lições do boneco que, mais uma vez, tentava ensiná-lo a falar.

Tânia Diniz

Do livro: O mágico de nós, Mulheres Emergentes, 1993, Belo Horiznte/MG

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