APARTAMENTO 606, QUESTIONAMENTOS
O parque da Tijuca
---- Vou até o parque hoje. Alguém vem comigo? --- perguntou Andréia.
---- Tenho que consertar essa cadeira. --- disse Gustavo.
---- Eu e Valéria estamos lendo o livro do Kama Sutra.
---- Por que vocês não o levam para ler no parque?
---- Não quero ir para o parque, não. --- disse Valéria.
---- Vamos ficar por aqui mesmo.
---- Tá bom. Então eu vou sozinha.
---- Vai na frente. Que eu encontro voce lá. É o tempo de eu acabar aqui. --- falou Gustavo, mudando de ideia.
---- Não, pode deixar. Eu vou sozinha.
Assistimos TV e lemos a arte indiana do amor na versão clássica de Richard Burton. Nunca entendi o porque das pessoas acharem tão natural e até, muito louvável, a maioria sempre impor seus desejos à uma minoria que não é abastada. A democracia, tal qual ela é, não passa disso. Mas existem reviravoltas surpreendentes onde uma minoria consegue sobrepor-se a maioria, por suas concepções estarem mais de acordo com a razão. Acho que foi mais ou menos o que aconteceu quando decidimos todos largar o que estávamos fazendo e ir encontrar com Andréia no parque. A idéia foi de Gustavo e ele nos convenceu argumentando que Andréia estava já há muito tempo se sentindo deslocada de nós tres e que necessitávamos mudar isso. Passamos o domingo lá, em meio a grama verde e as árvores.
À noite, quando voltamos para casa, Andréia colocou Night and Day de Cole Porter para tocar no som e dançou com Gustavo durante um bom tempo. Refestelamo-nos à mesa e comemos um bom jantar à base de macarrão com muito molho e peixe assado.
Mauricio Duarte