Debaixo da asa

Como é que é!? e bola três na caçapa. Vai casar com minha mãe!?

Primeiro tem que ver, responde, quem sabe pra depois... O filho, enquanto janta, relata os fatos da última tarde, no jogo de sinuca. Para mastigar o bife, a mãe em lágrimas não tem força.

Tranca-se no quarto.

Preocupado, leva-lhe água com açúcar, ameiga os cabelos, brinca no dedo mindinho do pé esquerdo. Você realmente o viu de mãos dadas...? O viu mesmo!?

Toca o telefone.

Ao se levantar é impedida. De joelhos ele pergunta se ela quer casar.
Amo somente a senhora! Estupefata, olha-o no fundo. Amo outro, diz ela.
Ele é filho e filho não casa com mãe. O telefone continua.

Um último lamento. Os bóbis pelo chão sorteados. As mãos entrelaçadas sobre o peito.

Gritando no telefone, mamãe, ele se matou mamãe!, ele se matou! Seu neto se matou! ela, pelas paredes, arrasta toda sua aflição.

Diego Ramires

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