DESENCONTRO
Agradeceu serelepe a carona. Ficou na calçada em frente ao shopping.
Adentrou-o, e as luzes a fizeram sorrir.
Procurou e logo encontrou um diminuto objeto de desejo. O sinal da operadora estava incrivelmente bom. Não, obrigada. Não levaria nada agora.
As vitrines multicoloridas começavam a fazer sentir seus efeitos.
Onde o sinal da operadora estaria melhor?
Andava de um lado para o outro, traçava imperfeitos semicírculos.
Como na beira do cais, em uma das margens do rio, sentava num banquinho.
Não, precisava procurar mais.
Subia numa extremidade do longo corredor pela escada rolante.
As vitrines ainda mais coloridas atraiam seu olhar para pequenas peças. Desviava-se.
Continuava em passos imperfeitos traçando outras possibilidades.
Falhava o sinal da operadora. Sentou-se na outra margem do rio, banquinhos havia muitos.
Não, precisava procurar mais.
Descia na extremidade oposta do longo corredor pela escada rolante.
Tentou outro porto. Desentendimento, desânimo.
Tentou afogar-se num copo de glicose diluída em água. Gesto vão.
Conseguiu um sinal suficiente da operadora.
Precisava ir.
Teve medo do primeiro. Estava muito cheio o segundo. Não pode evitar o terceiro.
Já seus óculos embaçavam. O sinal da operadora começou a falhar.
Último ato: interrupção para um pique.
Olhar perdido, expressão transtornada, procurava, como o negro dito fujão da história, o caminho para a sua palmares.
Anita TC