Tudo que me resta
 
        Agora me pergunto por onde você tem andado. Pergunta estúpida quando não sei nem ao menos onde estou. Mesmo assim, tem sido essa a única coisa que me move, tentar desvendar hipoteticamente por onde está você.
        Todo ano volto aqui em julho. Minha desculpa tem sido trazer meu filho para visitar meus pais. Ele curte correr nas ruas e comer doces a todo tempo e eu me perco em pensamentos assentado na rede da varanda. A mesma varanda de quase quinze anos atrás quando eu era apenas um menino.
        Tudo passou tão rápido. A vida passou por mim e eu não a senti. Aliás, procuro não me ater muito em pensamentos, salvo quando retorno aonde tudo começou. Onde fiz tudo terminar.
        Homem feito. Estabilizado financeiramente, bem sucedido. Um filho pra criar sozinho. Onze anos. E eu adoro esse moleque.
        Desde que me enveredei a fazer as coisas erradas, a viver a vida por viver, a machucar meu coração, não tenho tido outra alegria senão a de conviver dia-a-dia com meu filho, a vê-lo crescer e a ajudá-lo a ser bem mais do que consegui ser. Mais feliz, talvez.
        Desde que minha esposa morreu há dois anos, preferi não me envolver com mais ninguém. Me fartei de aparências, cansei de me enganar. Ela era uma boa pessoa mas, com certeza, foi infeliz. Acho mesmo que durante os treze anos de casados ela soube durante todo o tempo que eu não a amava.
        Nunca a traí, isso é verdade, mas também nunca estive completamente presente. Cumpri meu papel de bom pai, bom marido, bom irmão, bom filho, bom chefe, bom empregado, bom vizinho... Porém nunca os fui de coração. Vivi uma vida que não queria viver. Me puni durante todo tempo. Foi como se ao escolher a sobremesa do dia o menino bobo, por não se achar merecedor do sorvete, ou melhor, por querer se castigar por ter quebrado o carrinho novo, escolhesse a marmelada e a comesse bem devagar, saboreando, fazendo com que todos e até ele mesmo, às vezes, acreditasse no prazer que ela lhe proporcionava.
        Fui um tolo, hoje percebo. Tolo não por reconhecer meu erro, mas por acreditar que minha punição me traria de volta a felicidade, me traria outra vez a mulher que amei.
 

        Tudo agora se parece factício e irreal, contudo meu coração ainda sente com a mesma força todas as emoções. Talvez escrevê-las não seja a solução, mas preciso dividi-las com alguém. Quem sabe ao ler minhas recordações e tormentos possa criticá-los e enfim livrar-me deles. É tudo que me resta: acreditar na ridicularidade do que tem sido minha vida, rir-me dela e seguir em frente.
        Não escrevo essas coisas com intenções de serem lidas por outrém, muito pelo contrário, não quero que ninguém as veja. Se contudo, me fosse dado a chance de que a pessoa de quem vou falar pudesse lê-las, mesmo que sem me perdoar, estaria mais aliviado então.
        Escrever o que se passou pode ser fácil, mas duvido conseguir passar pro papel o que nem em palavras consegui colocar.
        Quando vi Sara pela primeira vez, era um adolescente de dezessete anos, recém saído dos cueiros. Rapaz bobo, com mais qualidades físicas do que intelectuais. Estava eu assentado nessa mesma rede olhando as pessoas que passeavam na Praça da Matriz — como era de costume aos domingos. Olhava sem grande entusiasmo os mesmos casais de namorados, os mesmos pirralhos correndo por entre as pernas das mães que fofocavam sobre as últimas da semana. Tudo a mesma monotonia de sempre. Paisagem interiorana. Vento de inverno. Férias escolares.
        Ela apareceu como um bálsamo, como um êxtase em meio a dor. Cara de menina num corpo de mulher. Dela emanava uma luz natural, uma presença de espírito. Sorria das brincadeiras das amigas que a acompanhavam. “Menina da cidade, com certeza nunca vai saber quem eu sou”, pensei comigo.
        Decidi não olhar mais para ela. Evitar a tentação é mais fácil quando não a temos na mente. Como arrancado de um transe, peguei minhas coisas e entrei pra casa. Procurei me ocupar de tarefas, mesmo que não muito agradáveis, como arrumar meu quarto. Aos poucos aquela imagem irreal — a da moça sorrindo — foi me deixando em paz e eu retornei à minha rotina. O domingo transcorreu igual a todos os outros... Almoço na casa da vó, televisão com os primos, passeio, à noite, com os amigos do colégio.
        O lugar escolhido para o passeio foi um dos pouquíssimos existentes na cidade. Também as conversas eram sempre as mesmas, os casais sempre os mesmos, as paqueras sempre as mesmas. Tudo sempre igual. E eu sempre o mesmo. Tímido, indiferente, conformado, sobrevivente.
        Já tinha tido algumas namoradas, mas nada sério. Ou eram elas que me cansavam ou eu que as decepcionava. No meu pouco tempo de vida aprendi a não esperar muito do namoro e até o considerava uma prática um tanto insólita.
        Cheguei ao bar e pedi minha Coca. Agora meus amigos já não riam mais de mim quando, ao lado das suas cervejas e vodcas, vinha minha garrafa de refrigerante.  Porém, ao pegá-la no balcão senti olhos intrigados, um tanto piedosos, me olhando calados. Tive medo de me virar e saber quem me consumia com aquele olhar, já não queria enfrentar nada de diferente em minha vida. Tinha me acostumado a dizer sempre as mesmas palavras, a olhar sempre as mesmas pessoas, a praticar sempre as mesmas ações, a sentir sempre as mesmas emoções.
        Mas a curiosidade foi maior e dei de cara com a moça da manhã. Por alguns momentos fiquei sem reação e ela entendeu isso como “enfrentamento” à sua ousadia. Senti que a tinha deixado sem jeito, o que era uma novidade, pois sempre eram as pessoas que o faziam comigo. Tomado por uma compaixão inexplicável tentei remediar o mal que por ventura poderia ter causado àquela criatura, encantadora criatura.
        — Da geração Coca-Cola... conhece? — disse tentando parecer natural e
olhando para a garrafa em minhas mãos.
        — Oi! Não tenho nada contra coca-cola, desculpe se pareci zombar de você.  respondeu com o mesmo sorriso que vira em seu rosto pela manhã. Naquele momento me convenci de que aquele sorriso poderia me fazer correr o mundo para tê-lo novamente.
        — Não. Tudo bem, não quis parecer grosseiro, mas é que sempre espero a reprovação dos outros.
        —  Pois não deveria, é muito bonito para ser reprovado. — e outra vez o sorriso iluminou seu rosto que percebi perfeito.
        — Não faça isso, não sei o que responder. — disse sem jeito, olhando para meus pés, procurando algum buraco para me esconder.
        — Então, me diga seu nome.
        — É Davi e o seu? – Respondi mais à vontade do que costumava ser com qualquer pessoa.
        — Me chamo Sara.
        — Bonito nome. Nunca te vi por aqui...
        — É a primeira vez que venho. Estou na casa de uma amiga passando uns dias, aproveitando as férias.
        — Você é da capital? — Ela concordou com a cabeça e continuei minhas interrogações —   Quem é sua amiga?
        — Ela se chama Ângela, conhece?
        — Sei quem é, mas não conversamos muito. Ela estuda na sala ao lado da minha... — e antes que pudesse terminar minha resposta a amiga chegou chamando Sara para irem para a única boate da cidade.
        — Oi, Davi. Já conheceu minha amiga? — Falou com ironia e pude ler em seu pensamento o que realmente queria dizer “Teve a ousadia de mexer onde não foi chamado?”.
        — Oi, Ângela. — Foi tudo que consegui dizer ao voltar à minha realidade.
        —  Você não quer vir com a gente? — Indagou Sara reconciliadora.
        — Mais tarde talvez eu vá. — Esta foi a última frase que  lhe disse aquela noite, pois não tive coragem de ir à boate. Não tive coragem de chegar perto dela outra vez. Me sentia um capiau burro e sem atrativos para uma moça da capital.
Fui para casa depois de conversar um pouco com os amigos que não sabiam falar de outra coisa que não fosse minha conversa com a “estrangeira”. Houve até quem dissesse que passaria a tomar refrigerante a partir daquele dia, afim de ter mais sorte com as garotas. Todo aquele papo me pareceu tolo demais, embora fosse o único que conhecesse.
         Durante toda a noite revirei na cama e só bem tarde consegui pregar os olhos. Naquela noite alguma coisa havia mudado dentro de mim, embora eu nem imaginasse o que estaria por vir. Embora eu acreditasse que aquela conversa com a menina da capital tivesse sido apenas educação de sua parte.
 

         A Segunda-feira amanheceu fria, como todos os outros dias daquele julho seriam, mais frios do que de costume. Levantei tarde e me entreguei ao ofício da preguiça. Minhas férias eram sempre assim e a maior parte delas passava sozinho em casa, pois sempre minha família viajava e poucas eram as vezes em que animava acompanhá-los.
        Gastava meu tempo comigo mesmo. Nessa época ainda tinha a ilusão de mudar o mundo e fazia planos. Imaginava um futuro que nunca cheguei a viver. Pensava no ano seguinte, nos dez anos seguintes. Imaginava minha vida fora dalí. Na verdade, queria terminar o colegial e tentar uma faculdade na capital. Por lá encontrar amigos diferentes dos que conheci por aqui, viver minha vida com mais vontade do que a vivia.
        Durante toda aquela semana vi, de longe, Sara passear pela cidade, sempre rindo e acompanhada por algumas pessoas. Parecia muito agradável, mas suas companhias me faziam, por vezes, desconfiar disso. Mais tarde, essas mesmas pessoas passaram a me considerar e mudei de opinião sobre elas — terrível engano.
        Tive vontade de conhecê-la melhor, saber sobre a capital — na qual só havia ido algumas vezes —, perguntar o que fazia, do que gostava, o que estava escondido atrás daquele sorriso... Mas sempre minha vontade era superada pela certeza do meu insucesso.
        Chegou o final de semana e fui ao encontro do meu refrigerante. Estava cansado de ficar em casa e tinha esperança de vê-la novamente. E não sei se por sorte ou azar a encontrei na mesma ocasião da outra vez — quando pegava meu refrigerante no balcão do bar.
        Dessa vez a conversa durou bem mais. Vi meus amigos e os dela indo embora, vi minha garrafa esvaziando várias vezes e seus drinks se sucedendo. Descobri muito sobre ela naquela noite, muito mais do que esperava e do que poderia vir a saber.
        Sara era um ano mais velha do que eu. Era sincera e sensível, sua postura era de uma pessoa muito vivida ou muito superior, sei lá. Não sei se a sensação que me passava era de ingenuidade ou indiferença pelas coisas ruins do mundo e das pessoas. Enfim, me enchia de confiança a sua presença. Confiança em mim mesmo, na vida, na sua sinceridade e nela mesma.
        No final da noite nos despedimos muito a contragosto, mas combinamos em nos encontrar no dia seguinte.
        Seria muito sarcasmo querer colocar em palavras tudo que aprendi com ela naqueles dias. Tudo aconteceu muito naturalmente, nos tornamos muito ligados. Era como se durante toda minha vida tivesse estado dormindo e só ao conhecê-la tivesse acordado. Por muitos motivos Sara me marcou, até mesmo por ser eu muito jovem na época, mas acredito  que mais ainda porque ela me despertou...
        Chegou o dia dela ir embora e eu voltei às minhas atividades, inconformado com sua partida e ciente que tudo não passaria daquilo — muito para mim, talvez nada para ela.
        Me surpreendi quando chegaram suas cartas e seus telefonemas. Não me contive quando a vi descer do ônibus dois meses depois.
        Ela já fazia parte da minha vida então. Suas vindas eram esperadas com ansiedade. Nosso namoro se tornou “público” e com ele vieram as opiniões, as intrigas. Éramos fortes à isso, não dávamos ouvidos, mas éramos jovens...
        Passei a ser lembrado pelos amigos e me cumprimentavam os que antes me viravam a cara. Minha Coca ao invés de infantilidade foi rotulada de “charme”. Algumas garotas cochichavam quando eu passava. Enfim, passei do desinteressante ao interessante em questão de dias. Toda essa mudança não acontecia por minha causa nem pela pessoa de Sara, mas pelo fato de estarmos namorando.
        Mudei muito a partir de então. Passei a gostar e a confiar mais em mim. Me sobressaí nas coisas que fazia e me sentia especial.
        Agora Sara não parecia superior a mim, aliás descobri nela muitas fraquezas. Éramos iguais e seguíamos juntos. Apesar da distância éramos ligados e felizes.
 
 

        Juventude. Linda época se não fosse a ignorância, o sentimento de imortalidade e a inconseqüência...
        Não sei quando tudo mudou, nem porquê. Não sei em que momento passei a me achar um bobo por confiar na menina da capital, não sei porque passei a estranhá-la. Ela era a mesma, sempre ela mesma, mas eu mudei. Tudo que ela me ensinou a ser — confiante, vivo, feliz — eu usei contra ela.
        Meu “charme” foi substituído por doses homéricas de vodca  e eu passei a ser “o melhor”. Não hesitei em traí-la durante meus “porres”, e fiz isso muitas vezes. E, por vezes, chegavam essas notícias em seus ouvidos e ela me ligava indignada com a pequenez  das pessoas e dizia que não havia motivos para acreditar nelas.
        Eu ria-me  disso, me sentia o “Todo poderoso” e comentava com meus novos “amigos” como ela era ingênua e apaixonada, como estava em minhas mãos...
        Não conseguia enxergar, na época, o mal que fazia a ela e a mim. Como estava iludido...
        Depois de alguns meses sem poder vir me ver e conformada com minha resistência em ir vê-la, ela chegou. Estranhou o fato de não ter ido buscá-la na rodoviária como de costume e se foi sozinha para a casa da amiga em que sempre se hospedava.
        Chegando lá soube da novidade e teve ímpetos de não acreditar, mas eu a confirmei assim que nos encontramos à noite.
        Uma das minhas traições resultará em um filho e alguma coisa de correto ainda sobrevivia em mim. Me casaria no próximo mês.
        Ainda me lembro de suas palavras calmas, ainda que embuídas  de uma grande mágoa. “Por muito tempo tive pavor de conviver com qualquer sentimento de perda, até o dia em que descobri o que ele significa realmente. Que mais do que não ter, era ter tido e no “ter tido” está a capacidade que se tem de ser ou ter. Essa capacidade não se perde, apenas se modifica, como modificam-se as coisas a conquistar. Perder algo não significa incompetência ou fracasso, mas a constatação estupefata de que todas as coisas têm seu tempo exato de vida — nem mais, nem menos — e a nós só nos resta lidar com isso, o tempo. Só espero que você seja feliz e lembre-se que eu sempre te amei de verdade e, por ingenuidade ou muita credulidade no lado bom das pessoas, continuarei amando aquele que conheci um dia, embora já não possa reconhecê-lo. Você está fazendo a coisa certa. Adeus...”
        Suas palavras me emudeceram como pensei não serem mais capazes. A verdade é que perto dela eu voltava a ser apenas um tolo. Sem querer justificar qualquer das minhas atitudes, talvez tenha sido esse um dos motivos que me fizera agir assim. Admirava tanto a sua pessoa, acreditava ser ela tão melhor que eu, em todos os sentidos, a amava tanto que só conseguia me sentir melhor se a destruísse. E eu tinha que me sentir melhor de alguma forma...
        Ela não deu tempo para que eu dissesse qualquer coisa e acho que eu não conseguiria mesmo. Se virou e nunca mais  a vi...
 

        Me casei e me mudei para capital, mas nunca voltei a vê-la. Nem notícias consegui obter. Em uma das minhas muitas noites de solidão ( solidão dos que não têm a si próprio por companhia) que enfrentei durante meu casamento, disquei seu número, mas soube da voz que me atendeu que o telefone havia sido vendido quando a dona mudou-se da cidade.
        Acho que aquela noite foi a primeira vez que consegui sentir realmente o que tinha feito da minha vida. Percebi que alguma coisa se perdera no caminho e que tudo que ficara foi a saudade. Saudade que carrega o valor tardio da coisa perdida... Alguma coisa deixara de importar. Talvez tenha sido a própria vida, como se viver fosse simplesmente o que já passou.... Bem certo é o poeta que diz que pior do que ter saudades é não tê-las, porém é igualmente cruel acreditar que possa ser benefício tê-las em abundância.
        No dia seguinte olhei meu filho com outros olhos, passei a amá-lo mais. Tornamo-nos inseparáveis. Segui meu caminho e zelei pelo meu casamento que, acredito, estaria durando até hoje não fosse a fatalidade que me deixou viúvo.
        Minhas noites já não eram mais solitárias. Agora Sara vinha me fazer companhia, através de imagens, palavras e gestos que criava em minha mente e que me enchiam de vontade de viver.
        Passei oito anos de minha vida levantando pela manhã só pensando em chegar a noite para pensar em Sara, enquanto fumava meu último cigarro.
        Quando minha mulher faleceu, ao contrário do que se possa imaginar, não me senti aliviado. Ela nunca fora um fardo para mim, eu mesmo é que havia sido... Chorei. Chorei muito. Chorei as lágrimas de todos aqueles anos entaladas na garganta. Chorei por ela, por sempre ter se contentado com meu eu incompleto; chorei pelo meu filho que teria apenas a mim a partir de então — e quão pouco ele teria; chorei por Sara, por tudo que meu egoísmo teria causado em sua vida; e chorei por mim, por tudo que não fora, por tudo que fizera e por tudo que deveria vir a ser....
        Senti falta de minha esposa, mas era a imagem de Sara que me fazia companhia. Soube, então, que ela se tornara médica e trabalhava com pessoas carentes em regiões pobres do país. Nunca havia se casado...
        E, ainda agora, prefiro acreditar que ela me espera em algum lugar. Prefiro pensar que minha vida inteira tenha sido somente “uma fase” e que ao acordar um dia eu perceba que tudo mudou; que tudo ficou colorido e tranqüilo e que as coisas tenham finalmente algum sentido para serem.
        Eu prefiro acreditar que tudo foi um equívoco. Prefiro imaginar como tudo se resolve no fim e como sua presença me fará esquecer tudo que tenho sido. Que sua presença me faça melhor do que jamais fui. Que seu sorriso me devolva a confiança em mim mesmo. Que eu possa, assim,  voltar a confiar nessa ínfima experiência — viver.
        Eu prefiro enxergar a beleza das coisas. Prefiro aceitar que é o amor que move o mundo. Prefiro esperar que ele, enfim, venha reger minha vida, ou prefiro me ver curado dessa doença chamada solidão  e que só vê como cura ser amada.
        Eu preferiria não ter precisado escrever isso...
 

 
 

 

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