Era uma vez um boneco de trapos ...
O Natal estava à porta e, numa casa modesta, a mãe viúva e as suas duas filhas, trabalhavam afanosamente na confecção de bonecos de trapos.
O último boneco da última série saiu defeituoso: uma perna mais curta, um braço mais comprido e até o olhar era vesgo.
"Não vamos mandar este boneco para a loja, pois, está muito defeituoso" - disse-lhe uma das filhas.
"É um facto, este boneco ficou com muitos defeitos" - concordou a mãe - "mas talvez passe e não seja devolvido. Nós precisamos tanto de dinheiro...".
"Sendo assim, minha mãe, vamos então mandar também o "aleijadinho ...".
E o Boneco de Trapos, com uma perna mais curta, um braço mais comprido e com o olhar vesgo, lá foi para a loja ...
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Noutra casa modesta, outra mãe falava a sua filha mais nova: "Tu minha filha, queres oferecer uma prenda de Natal àquela menina que mora além, naqueles prédios novos, mas nós somos pobres e não podemos oferecer nenhum brinquedo caro ..."
"Podemos comprar qualquer coisa barata, uma simples lembrança" - disse-lhe a criança - "para mais, ela deu-nos umas roupitas que nos fizeram muito arranjo ...".
"Pronto, não insistas mais. Vai à loja e compra um brinquedo que seja barato...".
E foi assim que, o Boneco de Trapos, defeituoso, com uma perna mais curta, um braço mais comprido e o olhar vesgo, bem embrulhado e com um laço colorido, foi parar a uma casa menos modesta, onde habitava uma menina, que tinha muitos brinquedos caros e bonitos...
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"A tua amiguinha ali de baixo, a que no outro dia deste aquelas roupas, trouxe-te esta prenda".
"Áh, mas que boneco tão imperfeito, mamã ! que hei-de de fazer com ele ?... é tão feio?!".
"Brinca com ele" - retorqui-lhe a mãe - "Talvez depois a aches bonito ...".
Pouco convencida, a menina não arranjou outra brincadeira que não fosse colocar o Boneco de Trapos, no centro do alvo dos dardos, e, com uma precisão quase matemática, começou a espetá-lo. Pouco a pouco, foi-se desfazendo, e, assim, quase desfeito, foi parar na manhã da véspera de Natal, a um contentor de lixo ...
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Nessa manhã, uma mãe levava sua filha pela mão e, ao passar por um contentor de lixo, a criança exclamou: "Mãe, olha aquele boneco de trapos. É tão bonito, deixa-me levá-lo".
É um boneco tão imperfeito, já desventrado: para que tu o queres?... só servia para sujar a casa ...".
"Mãe, eu nunca tive um boneco, e este,
até é coxinho como eu. Tu, minha mãe, até
podias arranjá-lo, para mais, o Pai
Natal nunca se lembrou de mim !...".
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E a criança lá levou o boneco para casa. E à noite já estava consertado e com os defeitos corrigidos. Até parecia outro...
Quando nessa noite, foi para a cama, a menina aleijadinha, orgulhosamente, deitou o Boneco de Trapos a seu lado, e disse à mãe: "Mãe, tu que és tão habilidosa, que concertaste tão bem este boneco, não podias concertar também e minha perninha, para eu ficar tão bonita como ele ?...".
Comovida, a mãe limpou uma lágrima que, teimosamente lhe caia pela face abaixo, e, tristemente, respondeu-lhe: "Infelizmente não posso, minha filha... mas confiemos em Deus e na boa vontade dos Homens. Talvez para o ano que vem, possas ser curada...".
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E um ano passou...
A menina aleijadinha, depois de fazer algumas operações e de ser bem tratada, recuperou do seu defeito físico.
"Mais um ano em que não podemos fazer uma festinha nesta noite. Nem sequer um brinquedo te posso dar, minha filha" - lamentava-se a mãe.
"Não te preocupes, mãe, eu já recebi uma grande prenda, pois, estou completamente curada e, para mais, tenho o Boneco de Trapos, que sempre me acompanhou. Ele é tão bonito, não é, mamã ?!...".
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O frio lá fora era intenso e talvez nevasse...
Aquela mãe, depois de aconchegar os cobertores a sua filha e ao seu Boneco de Trapos, olhou-o com mais atenção, e, teve a sensação que este lhe sorria e lhe dizia: "Obrigado, mãe, vai descansar, pois eu velarei pela nossa menina ...".
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E será mesmo que...
Nessa Noite em que dizem que os animais falam, os Bonecos de trapos, também falam...?...