O Bigode

A dança corria solta e animada no salão, mas Soninha e Amélia como sempre, tomavam chá de cadeira.
— Aquele moço, espia só Soninha, está me olhando esquisito.
— Esquisito?
— É, esquisito. Assim, meio de canto de olho.
— Vai ver quer tirá-la para dançar.
— Ah! mas não vou nem morta!
— E por que não?
— Não gostei do bigode, fino demais, coisa de cafajeste.
(Pausa para analisar o bigode)
— Ora! até que ele é bem charmoso.
— Você acha? mas o bigode...
— Quando estiver namorando firme você manda raspar.
— Será que ele vai querer? Sei não, parece-me meio machão. (suspiro profundo)
— Vai por mim Amélia, estou lhe dizendo, homem é tudo igual, quando engrena namoro faz o que a gente quer. Basta ter jeitinho pra lidar.
— É. Vou pedir também para mudar o corte de cabelo. E aqueles sapatos, que coisa horrorosa.
— Espia, espia!!! ele está vindo pra cá.
— Ai meu Deus...
— Ih! ele passou reto. Quem é aquela?
— Não sei, mas tem cara de desfrutável.
— Tirou-a para dançar. Nossa, que agarramento.
— Pudera, com aquele bigode.
— É!
— Jeito de cafajeste...

Mariza Lourenço


 
 

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