A dança corria solta e animada no salão, mas Soninha e
Amélia como sempre, tomavam chá de cadeira.
Aquele moço, espia só Soninha, está me olhando
esquisito.
Esquisito?
É, esquisito. Assim, meio de canto de olho.
Vai ver quer tirá-la para dançar.
Ah! mas não vou nem morta!
E por que não?
Não gostei do bigode, fino demais, coisa de cafajeste.
(Pausa para analisar o bigode)
Ora! até que ele é bem charmoso.
Você acha? mas o bigode...
Quando estiver namorando firme você manda raspar.
Será que ele vai querer? Sei não, parece-me meio machão.
(suspiro profundo)
Vai por mim Amélia, estou lhe dizendo, homem é tudo
igual, quando engrena namoro faz o que a gente quer. Basta ter jeitinho
pra lidar.
É. Vou pedir também para mudar o corte de cabelo. E
aqueles sapatos, que coisa horrorosa.
Espia, espia!!! ele está vindo pra cá.
Ai meu Deus...
Ih! ele passou reto. Quem é aquela?
Não sei, mas tem cara de desfrutável.
Tirou-a para dançar. Nossa, que agarramento.
Pudera, com aquele bigode.
É!
Jeito de cafajeste...
Mariza Lourenço