Mulheres sem causas

O dia endiabrado, a noite sem festa, o riso amarelo.
Notícias desnorteadas, o rumo da primeira dose, o batom do beijo, o orgasmo da primeira transa.
Vá lá entender, saber o que realmente querem.
Ninguém quer saber de compromisso, chorava Madalena, inconsolável Madalena, que após a primeira noite, acordava sozinha e passava semanas esperando um telefonema do desaparecido.
Detesto homens carentes, dizia, a rude Ruth, que só queria saber de agitos, baladas e badalações. E quando, nas noites frias ficava sozinha, ligava para o primeiro infeliz que lembrasse o nome, perguntava indignada:
Esqueceu de mim?
Só depois que eu me formar, dizia a seguidora da Britney Spears, que fazia apenas olhar os rapazes que lhe passavam pela frente.
Só depois do casamento, só depois disso & daquilo.
E não pára por aí, porque durante a transa a ladainha é a mesma. Ali não pode, aqui também não, assim & assado, gosto, desgosto, etc.
Quando são atacadas, correm feito bichinhos acuados. E quando não acontece, o acusado é gay, virgem ou retardado.

"É casado mas não é castrado. "
"É mulherengo."
"Essas mulheres burras, loiras oxigenadas, não aprenderam a pensar?"
"Esses homens, será que não conseguem ser um pouco sensíveis?"
"É viado, só pode ser viado!"

Depois do casamento, então...
Começa a fase do Não sou:
Eu não sou a sua mãe.
Eu não sou a sua empregada.
Eu não sou a sua cozinheira.
Eu não sou a sua babá.
Eu não sou uma garota de vinte anos.
Eu não sou isso, nem aquilo e por aí vai.

Vá entender...

Agora, quem me falar que o mundo seria muito mais prático sem as mulheres.
Pense um pouquinho só & imagine o tédio que seria viver sem elas.
Pra começar, euzinha, não seria euzinha, seria euzinho e euzinho não cai bem.
O mundo perderia o charme, as flores não seriam flores, todos os homens seriam gays ou anjos.
Mulheres apenas, mulheres.
Santas endiabradas, noites iluminadas, dias de festas.
Que seria do mundo sem elas?

Carla Aka


 
 

« Voltar