O mesmo Fair Child da ida recebeu-me ainda, estacionado, desta vez, na esplanada de asfalto do aeroporto Jorge Wilsterman de Cochabamba. As turbo-hélices em brilhante liga de alumínio, eretas sobre as longas asas, conferiam um toque de jovialidade ao nariz longo e ladino do velho velívolo, que ficava esperando, com aquele ar submisso e compreensivo do condor ainda vivo, há muito tempo acostumado a observar o mundo e os homens de cima pra baixo, enquanto vagueia pelo espaço, sobre cadeias andinas ou landas amazônicas.
Sabia que você iria voltar escornado ainda por cima , parecia casquinar. Ah, as mulheres, as mulheres!... suspirava, talvez.
Mas eu não estava reclamando de nada. Sabia muito bem que o desapontamento e a mágoa teriam passado logo. Doutro lado, seu zumbido concedeu-me um benéfico e talvez intencional sono profundo e inocente, apesar da exigüidade do assento e do vaivém de aeromoças apressadas e de passageiros incontinentes.
O aeroporto de Puerto Suarez era, naqueles tempos, ainda com chão de terra e a extensão reduzida da pista era compensada pela considerável inclinação, que os pequenos aviões enfrentavam no peito, para reduzir drasticamente a velocidade da aterrissagem.
Impassível aos solavancos que as pedras provocavam debaixo do trem de pouso atenuado um pouco pelos tapetezinhos de grama que insistiam permanentemente em querer se transformar numa imensa pradaria , dispunha-me, ainda cheio de sono e com as pernas entorpecidas, a encarar o caminho de volta a casa, junto com o meu Landau. Nem poderia imaginar que estivesse me esperando ainda um ulterior embaraço na Inmigración.
O guarda troncudo e barrigudo, de uniforme esfarrapado, que controlava a porta da alfândega, quis dar uma olhada no meu passaporte só no meu , embora se tratasse dum vôo doméstico. Mas o pior foi que decidiu ficar com ele e, diante de meus tímidos protestos, levou-me em silêncio para um barraco dos fundos, onde estava um velho de camisa, sentado diante de uma fileira de carimbos e de papéis, como se aquela espelunca pertencesse realmente a um departamento ministerial.
És él! Falou o balofo, apontando o dedo na minha direção. O que quer dizer que sou eu? Quem é que eu seria? O que estão querendo arrumar pra mim agora?
Pero, don Justiniano, a minha presença de espírito salvou-me. O nome tinha-o decorado de tanto vê-lo estampado no meu documento, toda vez que ia visitar a minha amada No se acuerda de mí? Sou o amigo do Guga, o irmão de seu colega Ambrósio, da Aduana. Não se lembrava, mas fingiu que sim. O jovem e dinâmico Ambrósio, doutro lado, conhecia-o muito bem. Era bronca na certa...
Não havia necessidade de motivos. Mas eu sabia do que seriam capazes, se me tivessem jogado numa daquelas lendárias prisões, de onde, naqueles tempos, se saía somente para um belo passeio de helicóptero, rumo ao mergulho final num pico do Illimani, talvez. Ou ser suicidado de tanta pancada, num daqueles calabouços da época da Inquisição espanhola.
Arreglo?
No, no se necesita responderam em coro os dois caretas. Desta vez,
não, é claro.
Estavam de rabo preso.
Fui direto à casa do Guga, onde estremeci imediatamente pela
alegria de vislumbrar, no meio da moita, o meu lindo Landau. Eleutéria
nada mais era do que uma lembrança
incômoda.
Devo admitir, porém, que senti um aperto no coração, quando observei o estado lamentável em que, poucos dias de ausência do olho do dono haviam reduzido aquele esplêndido objeto de desejo. Sob o efeito das chuvas e do sol espetacular daquela época do ano, de fato, toda uma exuberante e agressiva vegetação tropical tinha transformado aquele risonho recanto de paraíso, num verdadeiro matagal de proporções colossais. Era como um pedaço de floresta com os destroços dum avião precipitado no meio. E o majestoso pé de amora, sob cuja sombra o Guga tinha empurrado o carro, havia-se encarregado de esparramar uma chuva contínua de suculentos e macios frutos, que se lhe haviam espatifado por cima, tornando sua reluzente superfície azul, uma enigmática obra digna dos melhores pintores abstratos. Os gulosos pássaros da riquíssima fauna pantaneira tinham completado a obra de arte, com os restos das deliciosas e variegadas guloseimas. O todo, consolidado pela impalpável poeira levantada por veículos e transeuntes das ruazinhas dos arredores, que havia criado, junto com os demais ingredientes oferecidos pela natureza, uma crosta absolutamente inquebrantável, autêntica porcelana coralina, que mantinha aprisionada a minha pérola como valvas duma ostra dos mares do Japão.
Anoitecera e eu fazia questão de passar a noite em Corumbá, do lado brasileiro, onde teria seguramente encontrado um hotel menos degringolado que o da ida.
Agradeci, portanto, o Guga e assentei-me no posto de comando de minha nave mágica, qualquer que fosse o que seu aspecto exterior sugeria. Nada. O motor de arranque rascava a garganta, tossia um pouco e... nada.
O Guga teve que se submeter ainda ao ônus de me dar um empurrão. Consegui, desta forma, sair do portão, pegar o embalo na rampa e entrar na rua. Outras pigarreadas, outros soluços, outras paradas, apesar da ladeira íngreme rumo ao rio. A última foi justamente no álveo, onde minúsculas ondas negras, brilhantes, vieram lamber as rodas do carro, suspirando seu vascolejo com o palpitante abandono duma amante satisfeita.
A fadiga e a decepção desapareceram de repente, porém, ao me ver rodeado por uma nuvem de faíscas que se materializavam do nada e logo se apagavam no ar morno e palpável. Eram vaga-lumes, aos milhares, que me davam umas inesperadas e fantasmagóricas boas vinda, indiferentes às minhas lamentações.
Quem conseguiu tirar-me definitivamente daquele estado de grave prostração, todavia, foi ainda o Guga, que apareceu no meio das trevas, em companhia dum jovem comandante do quartel de lá perto. Atrás deles veio fora um inteiro batalhão de soldados, todos em alto uniforme, empertigados e impecáveis, como se estivessem prontos para uma solene parada militar, apesar de estar já noite profunda. Lembrei-me, então, que o dia seguinte, o presidente da república chegaria de visita à cidade e deviam ter ficado preparando a recepção.
A uma ordem do capitão, sentei, encabulado, ao volante, e, com o motor no ponto morto, senti-me levitar de repente: dezenas de braços, num instante, levavam-me, como em triunfo, de marcha a ré, direto, até na praça, enquanto tantas vozes viris cantavam o hino nacional:
Bolivianos, el
hado propicio / coronó nuestros gratos anhelos
Es por fin ya
libre ya libre este suelo, / ya cesó su servil condición...
Cantei, eu também, com toda a força dos pulmões, do alto da minha extemporânea liteira, não sem antes lembrar para mim mesmo que, no final das contas, o autor daquela peça musical havia sido, no século passado, um italiano como eu. Após a aterrissagem de meu bólide, o pequeno exército teve ainda que executar umas evoluções esquisitas, diante do monumento no centro da praça, que representava Abaroa, o herói da guerra do Pacífico, que morria enquanto lançava contra os seus inimigos a carabina já descarregada, e gritava, junto com os atuais defensores daquele recanto perdido do País, a histórica frase aprendida desde o primário: Que se rinda su abuela, carajo!.
Ainda estonteado, agradeci o Guga, o capitão e, um por um, aqueles gloriosos soldados da pátria. O motor, já, sob o impacto canoro da tropa, havia surpreendentemente acordado e eu fiz questão de mantê-lo ligado, a fim de evitar novas surpresas. Mas permaneci ainda por alguns instantes na praça já deserta, saboreando a indescritível e inimaginável aventura da qual meu Landau e eu havíamos sido os indiscutíveis protagonistas, quando vi uma jovem se aproximando, elegantemente vestida e de modos cerimoniosos, que falou.
Cuánto vale?
O que?
A banheira. Por quanto a está vendendo?
Não está à venda . Bom, reconheço que a tentação de descarregar encima de alguém aquela bomba de efeito retardado, a tive mesmo. É um objeto de estimação e não tenho intenção de vendê-la.
Dou-lhe dois.
Dois, o que?
Dois pacotes.
Do que?
De pichikata.
O que isso?
Blanca, farinha, pó... Não entende, neh? Burro dum gringo! Isso ela falou em quéchua, esperando que eu não entendesse nada de verdade, enquanto vários dentes de ouro reluziam entre aqueles verdadeiros, imersos num sorriso descaradamente falso. O quéchua não o entendia mesmo, mas havia aprendido todos os palavrões e agarrava os insultos voando.
Ah, claro, pichikata, scecca, strafalaria, arrusa... Agora a estava xingando eu, com uma enfiada de impropérios em Siciliano, dos quais eu tinha certeza que aquela embusteira nunca teria podido chegar ao significado.
Dois pacotes são um quilo no total. Você os leva pro Rio de Janeiro e os transforma em cinco mil dólares.
Meu sorriso tornou-se mais luminoso do que os ouros da minha interlocutora. E, desta vez em perfeito espanhol, antes de engatar a marcha e partir a todo vapor:
Pro Rio vai você falei entre os dentes (estes, todos verdadeiros) , e a pichikata pode enfiá-la...
Em Corumbá, eu estava já pronto pra empreender a estrada de volta, mas tive ainda que responder a dois cavalheiros que haviam passado a noite no mesmo hotel que eu e me havia observado enquanto levava o Landau pra fora da garagem. Eram duas figuras inesquecíveis. O gordo era uma reprodução de corpo inteiro do sargento Garcia e o garanjão caolho, mais do que um Zorro, lembrava de longe um dom Quixote bastante bronzeado pelo sol da Mancha.
Não sei como me deixei persuadir a dar-lhes uma carona até
Campo Grande. Eram uns perfeitos desconhecidos e seu aspecto não
era por nada digno de confiança. Mas a
conversa era decididamente sedutora. Eram o gato e a raposa. E eu,
um Pinóquio ofuscado por uma irredutível percepção
de invulnerabilidade, após quanto tinha acontecido no dia anterior.
E, além disso, eles pagariam metade da gasolina e teriam podido
me substituir na arriscada travessia do Pantanal. Eram gente honesta que
tinha acabado de vender uns carros na Bolívia e estavam voltando
pro Rio com o ganho da venda. Conheciam, fazia tempo os guardas da receita
e gozavam de boa reputação junto às autoridades locais.
Não eram igual esses cabriteiros que roubam os carros nas grandes
cidades brasileiras e vão liquidá-los na Bolívia...
Perdemos um montão de tempo para pôr em ordem o Landau, que, naquele intervalo, havia já arrumado alguma outra confusão. E procura um mecânico. E sopra no bico da bomba do carburador. E troca o cárter. E prova a bateria....
E já quase anoitecera.
Finalmente nos pomos em marcha. Na saída da cidade, tivemos que fazer uma visita de cortesia ao amigo policial que se gaba sempre de jogar a tiro ao alvo com os cabriteiros: naquela semana, tinha apagado três deles, mas tinha recuperado os automóveis sem sequer quebrar um vidro ou furar um pneu. As balas saíam de seu Taurus 38 para ir diretamente se encravar na cabeça dos espertalhões que haviam tido a má sorte de lhe passar na frente.
A confiança em minha boa estrela balançava um pouco, mas já estava nas mãos daqueles seres extraordinários e, principalmente, teria ficado à mercê do Landau na estrada toda.
Quatrocentos e trinta quilômetros de terra, centenas de pequenas pontes de madeira sobre as voltas que inumeráveis pequenos afluentes do Rio Paraguai criam numa área maravilhosa a se ver, à luz do sol, mas terrificante até a se pensar, sobretudo quando se atravessa numa noite escura como aquela que nos esperava: o que alguma vez havia sido um mar, o mítico Mar de Xaraé. Sem nenhuma sinalização. Sem uma bomba de gasolina. Sem um telefone. Sem um carro da polícia. O cruzeiro do sul se exibindo entre todas as constelações do hemisfério, sempre à nossa direita e nós, embora, sempre reto, ao longo de um retão interminável, onde até as raras curvas pareciam endireitar-se para deixar-nos voar no meio do nada. Cem quilômetros após, chegamos ao Porto da Manga. Na realidade, não era um verdadeiro porto, mas só um ponto de atracação para pequenas balsas que levavam adiante e atrás, um veículo por vez, entre uma borda e outra do, de outra forma, intransponível Paraguai.
Não sei sequer como conseguimos chegar até lá, pois, quase no final daquele primeiro trecho, uma das grandes pedras que, a cada chuvarada, se soltavam com a maior facilidade da estrada, não mais calçada há anos, veio cravar uma de suas pontas na barriga do tanque de gasolina. Brotou um finíssimo regato que deixamos pra trás, visível somente quando as últimas gotas se transformaram numa poça, naqueles poucos minutos de espera da balsa.
Era já tudo escuro e o empreendedor dom Quixote submeteu a dura prova o único olho válido para tampar o buraquinho com o quanto conseguira juntar entre os comerciantes do vilarejo que, naqueles tempos vinha surgindo ao redor do "porto". Uma lamparina a acetileno após ter cuidadosamente enxugado todo traço de gasolina , um pedaço de sabão, um balde d'água, um pano para estender no chão...
Existia até um boteco, onde servia-se, porém, um único prato: peixe pescado no lugar, fritado na farinha de mandioca. Não era ruim, não. Mas os preços, mais salgados que no Rio. Tivemos que comprar também repelente, pois os pernilongos já tinham começado a festa. E esperávamos encontrar também algum galão de gasolina para encher o tanque, mais ou menos arrumado, enfim.
Isso, vocês vão poder encontrar no mercado negro.
Onde?
Pra lá o mercieiro-restaurateur indicou um ponto impreciso na direção da moita que rodeava a esplanada da doca.
Nos adentramos rumo ao desconhecido e escutamos, após alguns passos, seres invisíveis que resmungavam algo e logo avistamos fracas luzes intermitentes que espreitavam entre as plantas. Eram uns jovens contrabandistas, agachados aqui e acolá, com uma lanterna elétrica na mão, ao lado de um tacho de gasolina cada um. Não havia muito do que discutir o preço ou a qualidade do combustível. Era pegar ou largar. E a coisa mais surpreendente: os dois pagaram o inteiro abastecimento. Tinham pressa e aquela era a única maneira de se safar daquela trampa.
A estrada era agora toda plana, mas o piso estragado e as inúmeras pontes nos faziam dançar um samba bizarro. O único a não se mexer era o pé daquele João Bafo-de-Onça no acelerador o mais pesado que jamais eu tivesse visto em minha vida , e o seu traseiro, colado no assento do motorista, enquanto lho permitiu a bexiga. Foi obrigado a diminuir um pouco somente por grupos de capivaras que permaneciam no meio da pista a fixar obtusamente os faróis, enquanto o carro roçava seus beiços naquela fuga desvairada. Eu tinha-me ajeitado no banco de trás e consegui até pegar no sono apesar da matraca do magruço não parasse de contar grandes façanhas do passado ou prognosticar brilhantes planos para o futuro. Acordei, em muitas ocasiões, sob o efeito de certos pulos que me faziam bater a cabeça contra o teto e, às vezes, os olhos arregalados viam somente trevas. As sacudidas, de fato, haviam deixado em K.O. toda a instalação elétrica e, de repente, desaparecia qualquer luz, para reacender-se trezentos metros adiante. Ainda tenho arrepios ao lembrar aquela meia tonelada que não arredava o pé do acelerador, nem no black-out mais absoluto, arrombando, a cem por hora, uma noite mais preta que o piche. Em seguida, os faróis voltavam a se acender, trezentos metros mais adiante, e a pista aparecia de novo, como um palco empoeirado, entre bastidores de matos sujos, enquanto o vôo de algum grande pássaro noturno animava a cena.
Finalmente, o Magro não agüentou mais e obrigou o Gordo a parar num ponto qualquer daquele mundo sem meridianos nem paralelos. Não sei porque os dois escolheram exatamente a margem duma ponte para se exonerar, enquanto eu ficava amontoado no meu lugar, doloroso e indolente.
Mas logo tiveram que perceber, às próprias custas, que aquela não havia sido uma boa idéia. De fato, o interminável monólogo do Magro foi interrompido por um estrondo proveniente das baixas águas que escorriam ou estagnavam? debaixo da ponte e que levou o Gordo a emitir um grito homérico, ao mesmo tempo em que se jogava pra trás, na tentativa de escapar das mandíbulas dum invisível jacaré, deixando, por sorte, apenas a sola do sapato direito. Manco e desconcertado, aceitou o ombro do amigo, o qual, tanto quanto ele mesmo, nem tinha percebido que tinha mijado nas calças.
Com o Dom Quixote, desta vez, no volante e o Sancho Panza ao seu lado, fizemos o resto da corrida direto. Estivessem os faróis ligados ou apagados, a visão monocular do motorista era apenas um pretexto para a sua intuição e o seu savoir faire que o havia sustentado até aquele momento em sua vida de equilibrista mais que o verdadeiro autor do sucesso que nos permitiu de chegar a entrever as luzes da cidade.
O carro parou sozinho, definitivamente, justo diante da Base Aérea, sob o olhar do pequeno monomotor de combate, que tinha atirado sobre os Italianos na última guerra e agora parecia um brinquedo, mais do que um monumento, no centro da rotatória. Tinha sentado sobre a roda direita, com o pneu totalmente estatelado.
Fui, então, imediatamente, pedir à sentinela um telefone para ligar a alguém que pudesse vir nos socorrer. Quando voltei, porém, os dois haviam ido embora. Observei-os se afastando a pé, rumo à estação rodoviária, com a roupa esfarrapada como dois sobreviventes da armada de Brancaleone, o gordo mancando, com a bolsa do dinheiro a tiracolo, apoiando-se no ombro do magro, que continuava a falar e a gesticular vivamente.
Devo reconhecer que me lembrei de tantos detalhes, logo anteontem, quando vi uma grande foto em primeira página do maior jornal do Brasil. Dois cavalheiros elegantemente vestidos estavam retratados em primeiro plano e custei, após tantos anos, pra reconhecer neles os meus dois companheiros ocasionais de viagem através do Pantanal. Como haviam mudado! Como tinham chegado longe. Sem levar em conta os cabelos grisalhos, o gordo não era mais tão gordo e o magro não era mais tão magro. Dom Quixote era agora um respeitável membro da Câmara de Vereadores de São Paulo, e Sancho Panza não mais gordo era seu assessor principal. Mas a manchete fez encolher imediatamente a minha admiração por eles: PRESOS CHEFES DA MÁFIA DO LIXO. E a confirmação veio logo, quando prestei atenção nas algemas que seguravam seus pulsos.
Uma outra cara chamou ainda minha atenção, lá em segundo plano, entre a multidão de curiosos que estavam assistindo à cena. Um indivíduo tinha quase grudado no ombro do personagem principal: um verdadeiro papagaio de pirata, poderia se dizer. Era ele, ele próprio, Joaquim, o amigo que havia-me vendido o Landau.
Ele também tinha chegado longe!
Giuseppe Butera