O penteado

A chuva grossa caiu de inopino e pegou Valéria distraída na praça arborizada. Ela deteve-se bem próximo ao meio fio da rua. Eram quase seis horas da tarde e do outro lado da rua uma igreja barroca, portas abertas à prece, esperava  fiéis; em pouco o sino repicaria a ave-maria. Muitas pessoas entravam na igreja apressadas. Pela prece ou pela chuva? Valéria saíra do cabeleireiro com um penteado novo para a festa da noite. Seria desperdício uma bátega de chuva desalinhá-lo. O trânsito já fluía nervoso, anunciando o pico do fim da jornada diária de trabalho. Valéria viu a igreja e nada mais. Atravessaria a rua, rápido, e salvaria o penteado. Pôs o pé no asfalto e avançou o corpo. Um carro furou veloz o sinal vermelho. Nada salvou Valéria nem o seu penteado.

jjLeandro


 
 

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