O REINO DE IEMANJÁ

É um prazer tomar um saveiro e andar por todos estes meandros da baía de Todos os Santos. Sair madrugada a fora, passar pela ponta de Monteserrate, com suas pedras abruptas, conhecer as praias mansas da Penha ou da Ribeira, atravessar por Plataforma e seguir adiante, por estes recantos, o mar manso e tranquilo, vendo as pequenas localidades, muitas vezes, a visão do trem de ferro, surpreendendo por entre os tufos de verduras. Sai não tem pressa, que se prossiga, que se durma mais adiante em São Roque, que se procure desvendar todos os segredos do Recôncavo com suas casas coloniais, seu barro vermelho, suas canas de açúcar, seus velhos engenhos. Faça-se a volta inteira na baía. Que num dia de sol, chegue-se a Itaparica, hoje centro de petróleo e de águas minerais, perturbando a sua tranquilidade de ilha histórica. Que se penetre nos segredos da praia de Mar Grande, com suas voltas, seus trejeitos, sua denguice, praia derramada de sensualismo, mais parecendo mulher. Mais adiante Jaguaribe, de velhos pescadores, tantos outros locais, ilhas perdidas, recantos sonhados por namorados românticos.

Este mundo, que a cidade do Salvador domina como seu ponto maior, revelado a olhos e corações vagabundos, sem pressa de ver e de sentir, é uma das mais agradáveis impressões das terras e águas baianas. Mas não se pense que para aí o seu encanto. O mar que se estende fora da barra, com Rio Vermelho, Amaralina ou Itapoã, também é um mar para ser amado com os vagares que não sejam do banhista apressado, com hora certa de sair e de chegar. Os coqueiros, as areias, as morenas de Itapoã não são somente motivos de canções. São forças que atuam nos nossos sentidos, forças que nos dominam, nos tornam no mais doce e lírico vagabundo. As ondas arrastam-se, deixam-se cair voluptuosas, nas areias da praia.

A Bahia mostra orgulhosa o grande império das suas águas. O mar – mar de todas as cores e de todas as luzes – é um grão senhor, a penetrar por todos os lados, a envolver a terra, em pequenas enseadas, em outros golfos e outras baías.

Mas ninguém se iluda que há uma força maior do que o mar: há uma força que rege, que impera senhora absoluta de todas as águas, de tudo que em função da água viva e possa viver; há uma força que ordena, que manda, que decide sobre a vida dos pescadores, dos saveiristas, dos doqueiros, dos pais e mães de santo, de todos que têm vistas para alcançar o verde dos mares baianos. Todos lhe obedecem, todos procuram os seus favores, todos evitam os seus ódios e suas iras. Em cada recanto destes mares, nas praias, nas cabanas dos pescadores, nos altos destes montes, ela é a grande senhora. Ninguém pode dizer que não é vassalo dos mais servis do grande reino de Iemanjá.

Porque Iemanjá é de fato a rainha das águas. Esta tranquilidade na superfície do mar ou esta tempestade rugindo, as ondas quebrando-se sobre as embarcações ou sobre as praias; este saveiro correndo tranquilo, levado pelo brando vento ou estes destroços de embarcações, vestígios da tragédia, tudo foi conduzido pela sua mão suprema. Nada se faz, nada se altera ou se transforma, sem que seja por força de sua vontade. Iemanjá de tantos poderes, de tantos nomes, de tantos filhos, é exaltada por negros e brancos e seu culto verifica-se em vários locais desta baía de Todos os Santos.

É a mãe dos deuses, está na mitologia yorubana . Quando seu filho Orungan, apaixonado pela mãe tentou violentá-la, ela repudiou-o e saiu correndo pelos campos. Já estava o incestuoso ao seu alcance. Iemanjá caiu, seu corpo começa a crescer, dos seus seios caem duas grandes correntes de água e o ventre despedaça-se e ela torna-se a mãe de quinze deuses: as divindades que regem os vegetais, o trovão, o ferro e a guerra, o mar, os lagos, rios africanos, a agricultura, os caçadores, os montes, as riquezas, a varíola, o sol e a lua. O seu poder é imenso, os deuses são seus descendentes, todos estarão ao seu dispôr para trazer ao mundo dos negros baianos as maiores alegrias, mas também as maiores calamidades. Mas, há quem diga que Iansan, rainha das tempestades, é que é a mãe dos deuses, que Iemanjá guarda para sempre a sua virgindade. Tal asseverou Martiniano do Bonfim a Edison Carneiro, refutando a discriminação da mitologia iorubana, divulgada por Ellis.

Mas não importa, porque nos seus mistérios e sortilégios, a rainha das águas pode confundir a todos, aos seus negros, aos seus brancos, aos analfabetos e aos eruditos. Não tem vários nomes? Não é invocada não somente com o de Iemanjá, mas também de Janaína, dona Janaína, Princesa do Mar, Princesa do Aioká, Sereia do Mar, Oloxun, Dona Maria (registrados por Artur Ramos), Rainha do Mar, Sereia Mukunã, Inaê, Marabô, Dandalunda (registrados por Edison Carneiro)? Não se apresenta com mil encantos, adorada, presenteada, confundindo e enganando muitas vezes? Não enfeitiça poetas e compositores? Não foi um poeta como Sosígenes Costa que a cantou num belo poema? Não é Caymmi, o compositor do povo baiano que exalta a sua glória e seu poder nas suas canções? Não foi Manuel Bandeira, o grande entre os grandes poetas brasileiros de nosso tempo, que a viu de maiô encarnado, desejoso de brincar no seu reinado:

Dona Janaína
Sereia do mar
Dona Janaína
De maiô encarnado
Dona Janaína
Vai se banhar

Dona Janaína
Princesa do Mar
Dona Janaína
Tem muitos amores
É o rei do Congo
É o rei de Aloanda
É o sultão-dos-matos
É São Salavá!

Saravá, saravá
Dona Janaína
Rainha do mar!

Dona Janaína
Princesa do mar
Dai-me licença
Pra eu também brincar
No vosso reinado

Pergunte-se ao praieiro, ao homem do mar, aos negros da Bahia: como seria Iemanjá? Apresenta-se logo um tipo inconfundível de beleza. No seu reinado, o fascínio de sua beleza é tão grande como o de seu poder. Ora é de um encanto infinito, de longos cabelos negros, de faces delicadas, olhos, nariz e boca jamais vistos, toda ela graça e formosura de mulher. Outras vezes, Iemanjá, também bela é metade mulher e metade peixe, a sereia dos candomblés do caboclo. Até mesmo o orixá de longos seios, símbolo da fecundidade, de beleza duvidosa para nossos leigos olhos.

Mas que importam seus nomes, suas formas, se nada modifica a força do seu império, se não altera a grandeza do seu reinado? Queixas são contadas a Iemanjá, esperanças dela provém, planos e projetos de amor, de negócios, de vinganças, podem ser executados caso ela venha dar seu assentimento. Então os negros da Bahia procuram os locais onde ela habita para exaltar a rainha dos mares e conhecemos festas das mais belas festas populares de todo o Brasil. O caráter religioso se mistura ao profano e brancos e negros vêm as praias da Bahia, vão ao Dique, à enseada do Rio Vermelho, à ponta do Monteserrate e a tantas localidades desse reino mágico, para ali render graças e trazer oferendas à que domina as águas. E a 2 de fevereiro, dia de Nossa Senhora, pois Iemanjá também é reconhecida na pessoa de Nossa Senhora do Rosário, os atabaques batem com força, conclamando os súditos para as festas em sua honra. Festas que se desaparecidas em alguns locais, permanecem como outrora em outros, como Rio Vermelho, por exemplo. Ninguém se lembra mais dos festejos em frente ao antigo forte de São Bartolomeu, em Itapagipe, onde os senhores deixavam, numa folga de quinze dias, os seus escravos festejarem a sua rainha. E conta Manuel Querino que compareciam mais de dois mil africanos "presentes todos os pais de terreiro da cidade, sob a direção suprema do tio Ataré, que residia à rua do Bispo, no citado bairro. Os pais de terreiro trajavam roupas de brim de linho branco e chapéu Chile, ostentavam relógio, chapéu de sol de seda e comprido correntão de ouro Porto, o qual passava por entre uma das casas do colete e em volta do pescoço".

Depois de feita a oferenda à mãe d'água e decorridos quinze dias de candomblés, comidas e bebidas, "estava concluída a festa da mãe d'água e os festeiros se recolhiam às casas do senhorio".

Hoje, é diferente, já os negros são livres mas suas festas não duram quinze dias. A 2 de fevereiro, na enseada do Rio Vermelho, principalmente, a festa é um só dia, mas realiza-se com a poesia e o colorido com que o povo sabe impregnar suas espontâneas manifestações.

É uma manhã de sol, a luz descendo sobre a enseada, carregando nas cores, no verde e no azul do mar, nas cores magníficas das vestes de belas "baianas", com seus colares e pulseiras de ouro, de contas e de coral, com seus torsos, suas saias vistosas, seus brandos e serenos sorrisos. Homens prontos para a procissão marítima, crianças trazidas pelos pais para que possam manter viva a tradição de festejar a rainha dos mares, eles que nasceram à beira das águas e sob a invocação da grande deusa. Dentro em pouco, a enseada do Rio Vermelho, com seu penhasco, sua praia branca está repleta e uma multidão enche-se de uma infinita alegria. A "Casa do Peso", onde está o grande balaio que recebrá os presentes para Iemanjá, encontra-se sob a guarda de um pai e uma mãe de santo, encantados com a honra de terem sob sua responsabilidade a festa de Janaína. É que todos ali terão de trazer o presente, depositá-lo no cesto, que será entregue, em pleno mar, à sua dona.

Começa o desfile dos que trazem as lembranças. As precauções são muitas, há de haver muito respeito, há de se ter muita vigilância com o balaio sagrado e, portanto, nada de ajuntamentos no recinto da "Casa do Peso". Somente o pai e a mãe de santo e forma-se a fila mais heterogênea que se possa imaginar, cada qual trazendo o seu presente, seu pedido, sua promessa. Graciosos arcos de folhas de coqueiro, bandeirinhas recortadas em papel de seda em cordões infinitos, são um encanto de enfeite à frente da casa, e sob os arcos tem de passar a multidão. E passam gordas matronas, meninos de colégio, pescadores, cozinheiras, estivadores, comerciários, belas morenas de lenços enrolados na cabeça, filhas e mães de santo. Passa o comerciante, passa o turista. Passa encantadora loura, com seu imenso chapéu de palha, temendo o calor do sol. As mãos estão ocupadas, trazendo com todo cuidado os mais variados e infinitos presentes para Iemanjá, de tantas vaidades e de tantos encantos, bem que exige toda essa legião de mil produtos para alimentar a sua coqueterie . Que belas flores, desde as miúdas e alvas às grandes e rubras rosas, os cravos, as angélicas carregadas pela morena do lenço vermelho, está ali a preta conduzindo o pacotinho de linhas de bordar, a colegial carregando o seu bilhetinho que nos confessou pedindo para ser aprovada nos exames de segunda época. De angélicas é o presente da mulatinha. Mas, que contém o pacote de papel celofane, feito com tanto engenho e arte? E estamos vendo sabonetes, pentes, escovas de cabelo, um vidro de água de colônia. Também está um número de Vanity Fair . E corbeilles de flores artificiais, tendo dentro de si lenços de cambraia de linho, bordados à mão. E aquela morena de pano à cabeça, tão pensativa, aparentemente sem presente algum, mas se olharmos com cuidado veremos sua mão direita fechada, trazendo um bilhete, com súplica talvez de amor.

Ó mãos que conduzem toda uma variedade imensa de presentes, de lembranças, de bilhetes para a rainha dos mares, sabeis mãos que trabalharam com tanto cuidado, sabeis se serás do agrado de Janaína esta festa, esta oferenda? Não estará ela irada, pronta para desferir os mais rudes golpes sobre os homens do mar? Não estaria conclamando seus filhos, mandando que Iansan, a deusa das tempestades, lance a sua funesta ação sobre as praias, penhascos, montes e vales? Dizem que se não chover no dia de sua festa é mau augúrio. Iemanjá não está de bom humor, está irada com sua gente. Mas como todos os anos, uma nuvem negra vem dos lados de Itapoã, desce e, em pouco, uma chuva rápida, boa e tranquilizadora, cai por sobre o Rio Vermelho. A serenidade no coração, o povo de Iemanjá festeja com mais força a sua deusa.

Conseguimos entrar na "Casa do Peso" e colocamos nossa oferenda. O balaio está repleto das mais diversas lembranças. É um colorido fascinante, pedindo, clamando pelos pintores. flores, belos pacotes, pentes, frascos de perfumes, linhas, cortes de vestidos, dinheiro, numerosos pedidos, bilhetes e não sei que mais, tudo que se possa imaginar para agradar a Janaína. Tentamos, com habilidade, ler um dos bilhetes. O pai de santo nos chama a atenção: É para Iemanjá, que ninguém deva tocar, somente ela poderá ler aquele pedido, súplica angustiada talvez de amoroso, talvez do comerciante prestes a falir, talvez do estudante ameaçado de reprovação. Nenhuma imaginação pode prever o que o povo pede a Iemanjá.

Lá fora o samba está em todos os recantos do rochedo, as rodas de capoeira mostram os remanescentes de seus virtuoses, toda a enseada é um canto que sobe para os céus. Aqui perto da "Casa do peso", os atabaques batem forte, os cantos africanos e cheios do mais profundo misticismo são indiferentes aos queixumes de amor dos maravilhosos sambas dos compositores anônimos da Bahia. Na praia, milhares de pessoas, em roupas de banho, esperam. A fila dos fiéis prossegue e, após o meio-dia, anuncia-se a saída do presente a Iemanjá. Cessam os sambas, param pernas e braços ágeis dos capoeiras, os atabaques tocarão mais forte, dominarão os céus e os mares naquele momento. A multidão cerra em torno da pequena casa e eis que a mãe de santo aparece, auxiliada por outras pessoas de seu terreiro, conduzindo o balaio, que é de uma grande beleza. E um canto religioso, talvez exaltando a glória de Iemanjá é a própria poesia conduzindo a oferenda à rainha poderosa dos mares da Bahia. A procissão segue, desce os caminhos tortuosos da pedra, conduz-se pela praia, onde o saveiro, que levará os presentes pelo, mar a fora, está pronto para sua missão. Outros barcos, já repletos de homens, mulheres e crianças, seguirão também, formarão a procissão do mar.

Lá se vai o préstito singrando as águas de Iemanjá, águas faiscando ao sol do meio-dia, como se o fogo irradiasse sobre a superfície. Afastam-se os barcos lentamente, o vento brando toma conta das brancas velas e, em pouco, já está longe a procissão sagrada. Quanta ansiedade nos saveiros, quanta ansiedade nas praias, nos rochedos! Receberá Iemanjá o seu presente? Acolherá o balaio de tantas lembranças no seu seio ou deixará que tudo fique boiando à superfície das águas, venha reaparacer depois, jogadas às praias? Ninguém sabe dos seus desígnios, ninguém pode prever as felicidades ou desgraças que encerra o seu coração de deusa. O cortejo agora é apenas uma linha de velas brancas ao longe. Eis que pára e os da praia estão inquietos. No saveiro, o pai de santo suporta, sozinho, levantar o grande balaio, outros ajudam-no. O mar ali está calmo, a mansidão das águas é quebrada apenas por leves ondas. Então, o "presente" é jogado, baloiça levemente como uma pena sobre o líquido verde e depois um redemoinho o acolhe, leva-o para o fundo do grande império. Uma imensa alegria se apodera de todos, porque em seguida, já nada resta na superfície, nenhum indício, nenhum sinal do presente, tudo submergiu para sempre. Iemanjá está satisfeita com sua gente, as pescas serão fartas, os amores felizes, os negócios prósperos, os estudantes aprovados, as noites tranquilas.

Eis que vem de volta a procissão, eis que os saveiros trazem nas suas velas a mensagem da boa nova. Há sinal para a terra e os atabaques batem com mais força, os cantos levantam-se impregnados de mais religiosidade, os sambas explodem mais belos, os capoeiras movimentam-se mais ágeis. Ninguém poderá descrever a beleza, a poesia deste povo liberto de preconceitos, cioso de sua religiosidade, de seu misticismo, de seus deuses negros, de sua rainha das águas.

Rio Vermelho continua na sua festa. Os candomblés irão bater mais forte, este ruído, este ritmo, este som, esta canção prosseguirão na sua exaltação à Iemanjá. E que dirá ela dos pobres mortais, lendo suas súplicas desesperadas, sabendo que tanta infelicidade, tanta desgraça, tanta mágoa, tanto desespero sobre a terra, vêm até seu reino para uma solução sua, ela, rainha das águas? Que dirás das tempestades que desabam nos corações humanos, tempestades tão fortes e tão terríveis quantos as que Iansan levanta pelos territórios marinhos, por sua ordem? Que pensará dos seus súditos, tão batidos e humilhados pelas suas prórpias desgraças? Atenderá a todos? Que resolverá Iemanjá, que julgará, enquanto examina cheirosos sabonetes, águas de colônia, pentes coloridos, cambraias bordadas, flores que concorrem com as do fundo do mar?

Passam-se as horas e olhando destes rochedos noturnos do Rio Vermelho o mar tranquilo, com a lua refletindo nas águas e ouvindo o som surdo e monótono dos atabaques lá longe, penso na poesia deste culto e deste mito: uma mulher, mãe dos deuses, rainha poderosa dos mares, dispondo da sorte de todos, regendo a orquestra dos tempos, fazendo de uma cidade do mar, a cidade do Salvador da baía de Todos os Santos, a capital de seu grande reino.

Odorico Tavares

Do livro: Bahia, imagens da terra e do povo, Livraria José Olympio Editora, 1951, RJ

Rainha do Mar, Sereia, Yá, Janaína, Inaê, Maria, Iemanjá, Rainha do Aiocá, eis aí alguns dos nomes da deusa negra do mar, presente em quase toda a minha obra referente à vida dos pescadores. Ela exerce uma fascinação enorme sobre todos os marítimos. Suas festas, principalmente as do Rio Vermelho e da Gameleira, são as mais belas festas religiosas dos negros baianos. São procissões realizadas no mar, quando, carregados de flores os saveiros e as jangadas, os negros vão levar presentes para que ela dê bom tempo, não solte os ventos da tempestade que faz virar os saveiros e arranca os pescadores de cima das jangadas.

Linda como nenhuma outra deusa ou mulher, de longos cabelos verdes, sua sedução é também sexual e os negros que a temem também a desejam. Dizem que os marinheiros valentes que morrem dormem com Janaína, no fundo do mar...

Duas canções compus especialmente sobre Inaê: Rainha do Mar e Sereia.

RAINHA DO MAR

Minha sereia, rainha do mar
O canto dela faz admirar

Minha sereia é moça bonita
Nas ondas do mar aonde ela habita

(Oh! Tem dó de ver o meu penar)

- Minha sereia!
- Rainha do mar (À vontade)

SEREIA

Na praia deserta
De longe, a sereia eu ouço cantar
Sereia... sereia...
É a linda sereia
Que foge das ondas
Pra ver o luar
Sereia... sereia...

Quando tem lua cheia
Ela vem pela areia
Vem fugindo do mar... ai, ai
Vem fugindo do mar

Ela vem pela praia
Mas se a gente chegar
Ela foge pro mar... ai, ai
Ela foge pro mar

Na malha miúda
Do meu jereré
Inda hei de pegar
Sereia... sereia...

A linda sereia
Que foge das ondas
Pra ver o luar
Sereia... sereia...

CAYMMI, Dorival Caymmi
Do livro: Cancioneiro da Bahia, Livraria Martins Editora, 4ª ed., 1967, SP

Fonte Jangada Brasil: http://www.jangadabrasil.com.br/fevereiro/fe60200c.htm