MULHER: o que mudou?
Gosto do poema de Cora Coralina: “Muitas vezes, basta ser colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia...”
Podemos não perceber, mas a lembrança está em nós, está conosco o tempo todo, e não por acaso; está ali, pronta para saltar a qualquer hora do dia.
Quando confio na memória, pergunto-me o que mudou em relação à mulher neste mundo moderno. Nem preciso olhar para trás, a iniciativa de estampar as lembranças explica os versos que carregam brilhos nas nossas vidas. E, quando acredito com o coração naquilo que me proponho a fazer, entendo que cada movimento é o caminho da verdade. Percebo que o pensamento é importante porque dividir, contar e ouvir é aprender sempre. Até porque a mulher tem algo a mais: o jeito diferente de olhar e fazer as coisas; ela coloca graça e emoção no que realiza; é firme, mas também age com o coração. Ela é o resultado do contato com a realidade, sem tantas fantasias, mas é fundamental continuar sonhando.
As lembranças das mudanças impõem, às vezes, coragem e respeito, trazendo benefícios e palavras inspiradoras para enfrentar qualquer tipo de crise ou mudança. Não basta sonhar, é preciso ter clareza do que desejamos e entendimento do que lembramos.
Quando o objetivo é a construção de um mundo mais fraterno, no qual os direitos humanos sejam respeitados, devemos lutar e lembrar para preservar a história de cada mulher. Pois, um país sem lembranças, sem memória, é um país sem história e sem sorrisos.
O grande segredo é transformar sonhos, lembranças e memórias em resultados palpáveis, identificando prioridades; a primeira delas é sobreviver. Cristina Buarque, disse que “Não precisamos de políticas públicas para as mulheres, e sim de políticas públicas feitas por mulheres...”
Admito que nem sempre é fácil transmitir os nossos conhecimentos diante de um novo contexto, a mulher precisa acreditar e se reconhecer na mudança. Juntar as duas coisas, opinar, unir o compromisso com o idealismo, sem perder de vista as lembranças, procurar espaço para a emoção e a ação, agir com o coração, unindo ao universo masculino a sensibilidade do mundo feminino.
Às vezes, sentimo-nos corajosas, dispostas a agir. Noutras, queremos dar carinho, aquietar ou pedir colo. O que mudou?
Tânia Du Bois