Viva Nápole!!! Nápole tem o melhor espresso e a melhor pizza do mundo. Estive em Nápole dia 07 e janeiro de 2009 para uma pesquisa intensa e recompensadora. Fui ao Gambrinus Café, depois ao Café do Professor e em outros aleatoriamente e pude comprovar que lá você toma o melhor café do mundo, mas com nosso grão brasileiro que nem colocamos os olhos. Excepcionalmente tomei uma vez no Santo Grão da Oscar Freire em São Paulo um café de lote excepcional, custa o quádruplo do normal, mas vale a pena, e outra vez um lote raro arrematado há dois anos pelo Antonello Monardo, italiano radicado em Brasília, mas foi só. Aliás, considero esses dos dois melhores cafés do Brasil, em sabor. O café Suplicy em São Paulo é só ambiente, e um café honesto. Antes que os fãs do Nespresso do Brasil cortem minha cabeça como a rainha de “Alice no país das maravilhas”, vou logo falando; gosto da Nespresso, quando vou à Paris sempre compro o lançamento que ainda não chegou aqui, tenho minha maquininha na sala, mas não passa de uma boa e prazerosa diversão, pois os saches já compactados sempre serão inferiores aos café moídos na hora. Por que não temos aqui o melhor café para ser tomado e temos o melhor grão? Não é nenhum enigma de tostines, a resposta pode ser cruel mas é fácil e objetiva: os italianos, principalmente, vêm todo ano ao Brasil para arrematar as melhores sacas de café, os melhores lotes produzidos, tal qual os milionários americanos arrematam os melhores lotes franceses e vendem em Nova Iorque os melhores vinhos franceses do mundo com preço melhor que na França. Ou seja, lembrando o mercado de futebol, levam embora nosso melhores. Apesar da evolução dos cafés colombianos, jamaicanos, etíopes, vietnamitas, ainda temos o melhor grão, pela combinação de solo, altitude, processo de secagem natural, mas nem de longe colocamos os olhos nesses grãos, nem na sua torra feita em terras estrangeiras, e finalizadas em máquinas italianas de
espresso, as melhores máquinas do mundo, fora os baristas, pois do mesmo jeito que o baiano nasce subindo no pé de coco o italiano nasce com a mão boa do barista, naquele movimento que dura segundo e meio, mas é o suficiente para tornar seu café de grão perfeito, moagem perfeita, torra perfeita em um
grand cru de café na xícara ou em um café apenas bom. Tem o fator cultural, pois o brasileiro tem orgulho de falar que é o maior produtor de café do mundo, mas ao contrário do italiano não exige internamente consumir o melhor café que aqui há. O italiano é tão apaixonado por café, que ano passado foi capa de um grande jornal de circulação nacional o fato da Itália ter dito “não à americana Starbucks”, pois o café italiano é BM e barato, tornado a competição perigosa para a Starbucks, que vende em média seu café por dois a três euros, sendo que é comum se tomar na Itália café por menos de um euro, e dos melhores.
Em Nápoli tem aos montes o melhor grão de café do mundo, brasileiro, cem por cento arábica, dos melhores lotes. Tem também as melhores máquinas de expresso, calibradíssima, como se fosse uma Ferrari em oficina. Tem torrefadoras fantásticas, que torram o café numa precisão nipônica, e para arrematar tem a mão boa do italiano barista para dar a prensa no café moído, para tão logo para jorrar em apenas trinta mililitros no máximo (um curto), de preferência, e vinte e cinco mililitros (um
ristreto), curto dos curtos, um malte perfeito, o melhor café do mundo.
Taxistas em Nápoli, parecido com Roma, sempre vão te enganar, mas nunca é muito dinheiro (como se em Salvador, Rio ou Recife, você nunca encontra um tipo desse). Em Roma o taxista inventa uma taxa de dois euros por que saíram da Estação Termini (só falam depois que você chega no seu destino) e em Nápoli inventam um preço fixo de dez euros de rodar no centro, numa corrida que sairia por seis euros. O ideal é pagar e relaxar, curtir aqueles momentos de gula. Sempre que você pensar, em dez, vinte, trinta anos, sentirá a sensação daquela pizza ou o sabor daquele café no fundo da boca, isso não tem preço. Vá à Napoli, mesmo que ouça histórias de que Nápoli é suja, pois a máfia é dona das lixeiras, que eles gritam muito, que te enganam no táxi, que o trânsito é um caos, isso tudo vai debaixo do tapete depois de você sorver o melhor café da sua vida e de mastigar cada pedaço da melhor pizza do mundo. Só uma ressalva, Roma também se toma belo expresso, em poucos lugarres, como o Antico Cafe de Brasile, na Viaserpenti, transversal a Via Nationale. Agora existe um bonito e gostoso café, muito inferior no sabor ao café napolitano, chamado Antico Café Greco, na luxuosa Via Condotti, que os Romanos adoram, e é o café mais antigo da cidade. Não vá pensado em tomar lá um grande café, mas um bom café. Agora a grande propaganda enganosa se chama café Saint Eustachio, na Piazza Saint Eustachio, próximo ao Pantheon. Caro e razoável, nada mais que isso, mas vive lotado dia e noite. Tem o café especial Saint Eustachio que já vem adoçado, e muito, por sinal. Há um aviso ao público que o café de lá já vem adoçado e quem quiser que peça sem açúcar. Tazza D'oro, em frente ao Pantheon, muito ruim.
Dicas: 1 - Na Estação Termini de Roma tem dezenas de bilheterias automáticas, em vários idiomas inclusive português, onde você pode comprar seu bilhete de viagem regional, é bem explicativo, muito fácil de operar, mas para "bate e volta", ou seja, retornar no mesmo dia que foi, que é mais barato, só pode ser adquirido direto na bilheteria. Outra opção de compra é pela internet pelo site
http://www.trenitalia.com. 2 - De Roma para Nápoli vá de primeira classe, dez euros mais caro, mas sempre vai mais vazio, além de maior conforto. Chegando em Nápoli se guie pelas suas anotações prévias, mapas, dicas, não conte com o serviço de informações turísticas da Estação Nápoli Centrale (sempre fechado, horários que só eles sabem), ou de algum funcionário. Ninguém fala mais que italiano, são pessoas humildes, a impressão que dá é são todos escolhidos pela Cosa Nostra ou Camorra, e que não tem a menor obrigação de entender ninguém que fale uma língua de outro país. 3 - A Estação Nápoli Garibaldi nada mais é que uma estação que fica no subsolo da Nápoli Centrale. Não se assuste se comprar o retorno para Roma saindo da Nápoli Garibaldi, ou se tiver que tomar um trem para Pompéia saindo da Nápoli Garibaldi. O trem de Nápole Garibaldi para Pompéia sai de meia em meia hora e o bilhete pode ser adquirido numa banca de revista dentro estação Nápole Centrale. Onde se lê
Bus no bilhete não entenda ônibus e faça como esse cara pálida que ficou circulando fora da estação Nápole Centrale procurando de onde ele sairia. O
Bus é trem mesmo, e parte para Pompéia da Nápoli Garibaldi, simplesmente no subsolo da Nápolce Centrale (há placas indicando onde descer para Nápole Garibaldi). 4 - Todos aqueles bons preços que você pagou em Roma em vestuário você pagará mais barato na Via Humberto I, uma longa avenida saindo da Estação Nápole Centrale. Vale a pena bater perna por essa avenida. Tanto os bons preços de Roma quanto os de Nápoli são referente a grande promoção que tem em toda Itália em janeiro, chamada
SALDI. 5 - Para quem vai fazer um bate e volta como fiz recomendo ir á pé da estação Nápole Centrale até a Via Humberto, percorrê-la até o Castelo do Ovo; ir pela esquerda beirando o mar e apreciar o belo Golfo de Nápole, subir as escadarias que ficam em cima do túnel e já sair no bairro Santa Luzia; ir a Via Santa Luzia direto ao Ettore Ristorante, comer qualquer pizza. Ir à galeria Humberto I e à praça do Plebiscito, ao lado estão os cafés Gambrinus e café do professor (este tem uma placa “aqui é o verdadeiro café do professor, não seja enganado, cuidado. Um barato essa placa, vale a foto). Depois, às sete horas abre a Pizza Brandi, coma mais uma pizza, tome mais um
espresso, e retorne feliz à Roma.