NOEL 2014
(BH, 08 dez 2014)
Ele bem poderia ser Papai Noel. Tem muitos dos requisitos necessários: homem, idoso, barba e cabelo longos e branquinhos. Caminha pelas ruas, tranquilo e carregando coisas.
Só que não...
Ele bem poderia ter sido contratado por alguma loja. Sei que em tempos natalinos, muitas são as que contratam Papai Noel e pagando bom salário, principalmente se o candidato a "bom velhinho" tem as características necessárias naturais. Usar cabelo e barba postiços fazem cair os rendimentos. Ao que parece, as crianças que se encantam com a figura natalina são atentas e não gostam de artificialidades.
Só que não...
Ele bem poderia alegrar crianças, inclusive as que vivem hoje como ele, nos improváveis endereços da cidade. Bastava só que alguém tivesse enxergado este "bom velhinho" e feito a proposta, no mais amplo e belo exercício da caridade (em qualquer religião ela é bem vinda).
Só que não...
Por isso continuaremos a assistir um "Noel" que caminha pelas ruas do bairro Floresta em Belo Horizonte, Minas Gerais. Ao invés da alegre roupa vermelha, ele se veste de andrajos, cada dia mais rotos e sujos. Ao invés do saco repleto de presentes, ele carrega duas malas, e ao que parece, nelas está a própria vida. No rosto deste "bom velhinho" não vemos olhos brilhantes, bochechas rosadas, sorriso aberto.
Este Noel carrega e transmite abandono e tristeza. Muita tristeza...
Difícil desejar-lhe um Feliz Natal.
Maria Luiza Falcão