A TOCHA OLÍMPICA

                    O Brasil vai participar dos Jogos Olímpicos com 462 atletas.  E mais uma porção de corredores que terão o privilégio de carregar a tocha olímpica pelas ruas do Rio de Janeiro.  Convidado pelo prefeito Eduardo Paes, serei um desses atletas, recordando os bons tempos em que defendi as cores do América Futebol Club e do Club Municipal. Deste, fui campeão carioca de basquete!
                    Disse bem o prefeito: “Carregar a chama olímpica é uma das maiores honras do planeta.  Participar do revezamento da Tocha Olímpica no Rio de Janeiro é um sentimento único, um privilégio para poucos no mundo.”
                    Devo carregar a tocha olímpica por cerca de 200 metros, na Avenida Presidente Antonio  Carlos, no centro da cidade, no dia 3 de agosto, pela manhã.  Tenho a confiança do presidente do Bradesco, Luís Carlos Trabuco Cappi, que me enviou mensagem em que revela: “Pra você não faltará forma física, pernas que o saudoso América presenciou, como grande jogador que foi...”
                    Aproveito essa oportunidade, na verdade inédita, para recordar os quase 30 anos em que pratiquei esportes, sistematicamente.  Garoto ainda, com pouco mais de 10 anos, morador na Tijuca, fui nadador do América, treinando na pequena piscina de 20 metros, na rua Campos Sales.  Durante três anos não conheci inverno ou verão, treinando de segunda a sexta-feira para as competições que se realizavam aos domingos, nos diversos clubes do Rio, como o Fluminense, o Guanabara, o Vasco da Gama, o Santa Teresa, o Flamengo e outros de menor porte.  Resultado: ganhei 56 medalhas, hoje conservadas em grande estilo.  A primeira delas foi histórica: tirei um segundo lugar na distância de 40 metros.  Cheguei em casa e disse a colocação.  Fui saudado por meus irmãos e pais.  Lá pelas tantas, o meu irmão Odilon perguntou quantos nadadores haviam disputado a prova em que eu tirara o 2º lugar: “Foram dois”, disse eu.  Levei uma vaia estrondosa.  Não levaram em conta que completar a prova já era uma extraordinária conquista...
                    Depois fui infanto-juvenil do América, treinado pelo seu Freitas.  Quando houve uma debandada do juvenil de futebol do América para o Flamengo (nessa leva foi embora também o Zagallo, meu amigo de infância), subiu o nosso time para o juvenil, onde cheguei a treinar como titular da meia esquerda  por três vezes.  Só que os treinos eram à tarde e eu já trabalhava na ocasião, não podia faltar.  Tive que desistir da minha carreira de jogador de futebol.
                    Passei a treinar no juvenil de basquetebol, à noite,  sob a liderança do Rob.  Disputei três campeonatos oficiais pelo AFC.  Quando fiz 18 anos, com a idade estourada, pedi transferência para o Club Municipal, também na Tijuca, por onde disputei o campeonato carioca da segunda divisão.  Fomos campeões cariocas, numa final disputadíssima com o  Grajaú T.C.  Hoje, sou atleta laureado do Club Municipal, o que não deixa de ser uma grande honra.
                    Com esse passado, a que se deve agregar o trabalho profissional como cronista esportivo (Última Hora e Manchete Esportiva) penso que fiz por merecer a honraria de carregar a tocha olímpica.

Arnaldo Niskier