A história de um adolescente que, na década de 60, quase queima uma etapa do desenvolvimento de sua vida sexual.
A narração é verídica e aconteceu numa das mais belas épocas deste milênio que se finda: A Jovem Guarda! Éramos estudantes de 2º Científico de uma conhecida escola do centro do Rio de Janeiro e havíamos saído mais cedo por falta de um dos professores, o de matemática. Caminhamos na Rua Marechal Floriano em direção à Central do Brasil e não sei que diabos mordeu um dos rapazes que sugeriu fossemos dar uma passadinha na Zona. (Baixo Meretrício). A idéia foi logo aceita, aos sorrisos, pela maioria.
Eu, jovem de 18 anos, mais ou menos tímido, era o voto vencido dos seis rapazes e, para não parecer “quadrado” botei minha viola no saco e acatei, `a contragosto, o programa. Afinal, eu, naquela idade, ainda não tinha tido a minha primeira experiência sexual e a idéia de compartilhar este momento com uma prostituta não me agradava nem um pouco, gostava mesmo era da conquista.
A Z.B.M. não ficava muito longe dali e tratei de descontrair enquanto caminhávamos. E, dez minutos depois, estávamos entrando no local planejado. A “Zona!” (Mangue, no Centro, Rio de Janeiro).
Era uma rua calçamentada com paralelepípedos e as “moças” ficavam em frente das casas de vila com roupas sumárias, acenando para nós, “senhores” que desfilávamos, descontraidamente, examinando “a mercadoria”. Eram para mim, mulheres estranhas, que nos açulavam à aproximação com gestos obscenos: Umas, balançavam a língua de forma assuntuosa; outras gesticulavam com as mãos, tentando, assim, mostrar suas habilidades, juntando o indicador com o polegar e ficavam balançando! Eu nunca tinha visto nada parecido e estava ficando meio assustado com a possibilidade de estrear minhas fantasias de “macho em idade de reprodução” com aquelas estranhas.
Os rapazes mais afoitos começaram a escolher suas parceiras e entrar nas casas com elas. Antes que eu dissesse “Pindamonhangaba” éramos apenas três. O mais destacado do grupo, o Vicente,olhou-me enquanto caminhávamos observando as “meninas”, e disse o que eu temia: Vou ficar por último, pois acho que o Roberto vai “bater fofo”. Tenho a impressão que ele não gosta muito da “fruta”. Vou vigiar e contar para a turma! Fique lívido! Aquele “Filho da Mãe” havia me dado um xeque-mate. Eu, não gostar de mulher???? Era doido por elas! (e ainda sou!). Tinha com elas fantasias incríveis, entretanto havia um pequeno problema: a maldita timidez, esta era, para mim, um bloqueio terrível. Bastava chegar perto daquelas moçoilas deliciosas que enfeitavam nosso bairro, para começar tremer igual vara verde! Por isto, ainda era virgem e que Deus me livrasse se a turma viesse saber disto! Guardava este segredo a sete chave. Mas, apesar disto, as coisas não ficavam paradas, naquela época, a masturbação corria solta! Primeiro era útil para o desenvolvimento sexual da libido e segundo que, acredito, era importante para o desenvolvimento físico “daquele” que, mais tarde, ainda me colocaria em grandes encrencas! Masturbação é coisa muito comum na vida de um adolescente, entretanto o jovem não sabe disto e acha que faz coisa errada e isto pode trazer muitos momentos de culpas e angústias.
Não tive outra opção! Precisava demonstrar minha “macheza” para aqueles profanadores! E foi assim que acabei puxado pelo braço, por uma “lourinha magricela” a quem eu já olhava com certo atrevimento. Quando dei por mim, a loura já estava despida, deitada em cima de uma cama decorada com uma colcha muito colorida, feita de tecido barato. Ela estava pronta! E eu? Nem pensar! Quanto mais olhava para ela, mais o peru encolhia. Mal conseguia "senti-lo” por perto! “Ele”, sem dúvidas, estava constrangido e meu dedo mindinho lhe fazia inveja, tal era a situação! A tendência era piorar!
Olhei para a “moça” e disse-lhe: Vamos conversar um pouquinho.... Ela olhou para o teto de forma enfadonha e disse baixinho balançando a cabeça de um lado para o outro: Conversar no quarto.... aí, pensou um pouco, se refez, sentou-se na cama, batendo com a palma da mão delicadamente no colchão, convidando-me com certa impaciência dizendo:
— Olha lourão, estou trabalhando e não costumo perder cliente! Tire sua camisa e a calça e vamos logo pros “finalmentes”. Meu pânico se estabeleceu de vez. A voz acompanhou o outro e sumiu também. Arranjei um pouco de autodomínio e passando a mão na sua cabeça, falei com o que consegui recuperar da minha desaparecida voz: Deixa-me acariciar um pouco seus cabelos? Ela não gostou da idéia. Vi no seu rosto o desagrado. Olhou incrédula para mim e disse: Se você desmanchar meus cabelos levarei vinte minutos para pentear e será mais um cliente perdido... Retruquei delicadamente: E o rosto, eu posso acariciar? Pô, Louro! tu “quer” mesmo me lascar! Se desmanchar minha maquiagem, perderei pelo menos dois clientes até refazer, Isto sem contar os que já perdi conversando com você.
Meu saco encheu daquela situação e resolvi por um fim naquela palhaçada. Enchi o peito juvenil de ar e de coragem e disse enquanto ela me apalpava a procura de alguma coisa. Quanto é? Quero pagar e ir embora! O que procuro não tem por aqui. Ela, ainda me alisando disse: não sei o que houve com você. Isto só acontece quando a gente maltrata o homem e eu não lhe maltratei. .. Olhei para ela e falei: Esquece, o errado aqui sou eu, você é que esta certa. Quero ir embora. Ta bom, Louro. Me dê “cinco paus” pelo tempo perdido e mais dois para eu não ir lá fora e contar pro seus amigos que você não deu no “couro”! Tirei do bolso uma nota verdinha de dez e dei-lhe mandando guardar o troco. Escafedi-me pela única porta que havia arrumando a roupa e de lá para a Av. Presidente Vargas, onde fiz sinal para um táxi que passava dizendo, quase chorando, por favor, Rua da Alegria, perto do viaduto.
Cheguei em casa emburrado e mamãe, preocupada, me interrogou: O que houve Robertinho? Algum problema, meu filho? Balancei a cabeça negativamente, de cara amarada, fazendo um muxoxo. Deixei a pobre preocupada, sem melhor resposta e tranquei-me no quarto.
O tempo passou finalmente, tive aos 20 anos, minha primeira experiência
amorosa completa. Hoje, passado quase quarenta anos, encorajei-me para,
como modesto escriba, contar esta história. Pensei, na época
que era um patinho feio, mas com o passar do tempo compreendi tudo e dei-me
por satisfeito com o desfecho do caso.