-----Mensagem original-----
De: Maju
Para: blocos@onelist.com <blocos@onelist.com>
Data: Sábado, 29 de Janeiro de 2000 16:38
Assunto: Re: [blocos] AZUL (PE?) longo/MajuPOETA!
KK,
Esta é a mais forte gripe dos útimos não sei quantos
anos. Tudo dói. Mas não aguentei de saudades, levantei um
pouquinho, estou assim meio tonta e vim visitá-los. Vocês
andaram falando em neve, frio, poesia... E eu fui buscar uma muito antiga,
de quando meu primeiro filho homem nasceu. É de uma fase onde
eu escrevia sobre as cores ( Branco está no Provisória e
Verde on-line na Blocos e no Caderno..) Não me agrada muito enquanto
poesia, mas não mexo nela por nada deste mundo e vocês entenderão
porque... Resolvi colocá-la para vocês, porque ela se chama
AZUL. Homenagem especial a kk (que vocês outros não
fiquem enciumados, tá?)
Realmente, irmã, mei parto foi/é uma "viagem". E este
teve algo de muito estranho mas tu poderás entender - só
eu ouvi a música (de uma orquestra tocando) e realmente perguntei
de onde vinha. Seis anos depois descobri que meu filho tinha ouvido
universal (absoluto). Hoje é músico, compositor...
Ah! maravilhosa vida...
Obrigada pela emoção compartilhada.
Beijos febris,
Maju
AZUL
Que estranha dor apunhala meus rins?
Que cinta de ferro meu ventre comprime?
Que espada de aço meus ossos
separa?...
Na mão, outra mão me sustenta
e ampara.
Gemidos, suores... Preciso de ar!
No azul, uma estrela
Distante-presente
Me ajuda a lutar.
— Sou fraca, não posso,
eu canso, eu temo.
É agora? Não é?
Que falta? Que faço?
Meus Deus, outra vez...
Ó mão, ó estrela,
meus rins, o meu ventre...
Meus ossos, meu Deus!
Foi de dez em dez,
de cinco em cinco,
dois em dois minutos...
— Agora?.. Ó mão, ó estrela!
Meus rins, o meu ventre
meu sangue, meu Deus!
Suprema e louca entrega
a este estranho orgasmo:
dor? já nem a sinto mais,
salto no escuro: — Agora?
— Não, quase...
— Agora?
— Agora! Força, filha,
AGORA!
Música, música, música!
— Nasceu!
— Quem está tocando? Onde é?
— É um menino.
— Eu não vejo nada, estou cansada...
— É lindo! E como chora alto...
— Que música linda (ai!), linda!
— Você quer vê-lo agora, meu amor?
— Você não ouve esta música,
meu bem?...
Meu filho nasceu:
dois olhos azuis
num louro trigal...
Meu lago sereno,
meu céu de esperança!
Maju Costa