A que ponto chegamos na violência.
Uma conhecida minha, entrou num ônibus em SP, e ao ser esbarrada
por um homem grande e negro percebeu que seu
relógio caríssimo tinha sumido. Indignada, revoltada,
seguiu o homem e sentou-se ao
lado dele. Vocês nem acreditam o que veio a acontecer.
Peço que somente aquele que tenha um coração forte
continue...
Bem, ao sentar-se ao lado do homem, que estava na janela, ela abriu
a sua bolsa e disse, olhando para
frente sem encarar o sujeito: "Você coloque o relógio
dentro de minha bolsa sem dizer uma palavra, pois estou com uma arma apontando
para você." Enquanto apontava o dedo indicador, por dentro
do pulôver.
Percebeu um movimento do homem e ficou na sua. O homem colocou algo,
saiu e desceu no primeiro ponto.
Ela, sentindo-se vitoriosa, desceu no seu ponto que era um pouco mais
a frente. Abriu a bolsa e exclamou: "Ué, que relógio é
esse?..." Arregaçou a manga do pulôver e SEU relógio
estava enroscado na manga.
Gente, juro que é verdade. Em quem planeta estamos?
Aconteceu...
O relógio dela estava enroscado no pulôver dela! Ela pensou que o homem a roubara e agiu como se de fato tivesse (ela sentiu o esbarrão, percebeu o sumiço do relógio e deduziu que o homem a roubara). O homem era inocente e ela acabou por roubar o relógio do homem!
A história é verossímil e parece que muita gente já vez isso (ou esta história já correu o mundo mais não foi só Zilli que me contou!)
Há uma tendência de quando a informação falta a preenchermos com nossa imaginação, hábitos ou preconceitos para que a coisa faça sentido: houve um esbarrão, o relógio sumiu, o passageiro que passou por nós segue apressadamente: fomos roubados por esse homem!)
Apenas para não deixar sua amiga sozinha nesta história (ela deve estar morrendo de vergonha).
Quando eu era garoto, na escola primária (eu tinha por volta
de sete anos) eu fiz uma dessas (e lembro até hoje). Eu era muito
descuidado com minhas coisas e as perdia com freqüência.
Mas não admitia isso nem para mim mesmo. Eu achava que alguém
deveria estar roubando minhas coisas (podia até ser, mas admito,
hoje, adulto, o meu descuido). Um dia, perdi minha borracha (naquele momento
valia pra mim mais que uma barra de ouro!). Primeiro pensamento: roubaram
de novo. E vi um colega com uma borracha igualzinha a minha (hoje eu sei:
nada mais comum!). Eu o intimidei e, ele assustado, me deu a sua borracha.
Em casa, me dei conta que eu tinha esquecido de pôr a borracha no
estojo!