FLAGRANTES DA VIDA
 
    Por falar em lógica infantil..., assaltaram-me algumas boas lembranças.
 
    Tenho sido um pai duro, disciplinador. Desde cedo, ensinei que o primeiro não era um não definitivo, derradeiro. Filho meu nunca se atreveu a pedir que lhe comprasse algo em lojas ou supermercados que frequentássemos. Igualmente, nunca fez das casas de amigos, que visitássemos, um parque infantil, mexendo e quebrando coisas.
 
    Por outro lado, o malfeito esclarecido pelo malfeitor, sem subterfúgios, isentava do castigo. A reprimenda seria verbal.
 
    Cheguei preocupado com o trabalho. Henrique, aos três anos, brincava, sem vigilância, junto à mesinha da sala de visitas, mais enfeitada que burro de cigano. Arranjos florais, pequenos e grandes cristais, bem ao gosto barroco da mãe. Abracei-o e beijei. Subi para cuidar dos meus afazeres. Não sem antes recomendar que tivesse cuidado para não quebrar um dos amores da mãe.
 
    Dois ou três minutos depois, o silêncio foi quebrado por um som de vidro se estilhaçando no chão.
 
    — Henrique!!!!!! - gritei.
 
    — Nada não..., painho... É mentira do barulho!!!!!!!
 
    Qui gostoso!!!...

Valdez

 

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