...um dos almoços no Congresso foi oferecido em uma casa muito antiga, que orgulhosamente o Saraiva nos apresentava. A casa ficava a alguns quarteirões do local das reuniões, e andamos, todo o grupo, até a nobre casa onde nos esperava um almoço requintado das ilusões do passado. Nessa caminhada seguia em parelha com a "senhoura" e o marido da "senhoura". Ela esfuziante contava todas as graças que o marido, sem o menor vinco de gosto ou desgosto, pudesse deixar transparecer. No nosso passo a passo lerdo observava os dois. Na minha cabeça fervilhavam as estórias do grande cronista que, ali, impassivo, talvez nem contasse os passos que iam sendo deixados pra trás. A "senhoura" esfuziante, e ele ia indo, eu repassava suas histórias. De repente ele levanta os olhos que caminhavam com passos e me responde: "falo pouco mas presto muita atenção". Sorrimos, e ele numa curvatura dócil segura o braço da "senhoura" para introduzi-la à porta onde o anfitrião já nos esperava.
Marlene Martins