Vilma era conhecida no colégio como uma menina estranhamente mal
humorada. Bem morena, os traços clássicos, os cabelos muito
negros e lisos o que me vem à memória com mais nitidez são
seus olhos expressivos pela mágoa que revelavam. Parecia continuamente
desconfiada e isso ela mostrava claramente na forma estranha de olhar.
Estava sempre distante de qualquer uma de nós e foi a muito custo
que comecei a ser considerada amiga. Mesmo assim admito que fui insistente
quando pedia que ela se reunisse às nossas brincadeiras.Vilma estava
ininterruptamente pensando em perseguição e eu lamentava
o seu temperamento por vezes agressivo e arredio.
Muitas e muitas vezes se indispôs com os professores e procurava
manter uma distância razoável quando podia. Apesar disso todas
nós procurávamos nos acercar da menina, talvez por solidariedade
ou mesmo por ficar penalizada pelo seu modo de se conduzir.
Presenciei muitas vezes crises nervosas as quais denunciavam que seu estado
psicológico era parcialmente comprometido. Só que ainda não
alcançava o que realmente se passava com minha colega.
Tinha uma prima que pertencia à nossa sala e que contrastantemente
era serena, gentil e de um delicioso humor. Mas nem com Ana Luiza ela procurava
se unir, embora esta fizesse todo o possível para ser atenciosa
e solícita com a prima.
Um dia no campo depois de um jogo de vôlei e que como sempre ela
não participara veio em minha direção inexplicavelmente:
-Gostaria de jogar. Parece que vocês vibram, tanto!
-Parece não, isso é a realidade. Por que não experimenta?
Mas percebi que seu pensamento estava longe e notei o quanto era triste.
Claro, isso era algo evidente, mas naquele dia parecia estar precisando
realmente de alguém que a ouvisse. Restava saber se queria falar.
-Aconteceu alguma coisa, Vilma?
-Meus dias são todos iguais. Não há diferença.
-Não posso acreditar. Nenhum dia é igual ao outro. Por que
pensa assim?
-Nunca está triste, Vânia?
-Claro que sim. Você sabe disso e já presenciou. É
exatamente isso que queria lhe dizer. Há dias tristes ou alegres.
Há momentos bons ou maus. Nesses últimos tempos tem acontecido
muita coisa. Você sabe. Mas temos que reagir. E é tão
difícil às vezes.
-Como você faz para conseguir?
-Não saberia dizer. Só sei que acabo aos poucos conseguindo.
Não é fácil.
-Como fez na morte de seu irmãozinho?
-No primeiro momento, logo que ele morreu pensei que ia morrer também.
A dor é tão grande, Vilma. E eu estava assistindo tudo. Não
sei direito depois como foi. Creio que nos primeiros dias, eu nada via
e estava oca.
-Desculpe, tê-la obrigado a falar dele. Não chore, por favor,
disse ela enquanto eu lutava contra as lágrimas.
-Não faz mal. Precisamos chorar de vez em quando para aliviar. E
a dor ainda não passou. É muito forte.
Senti ali que a minha colega não era tão fria e ela entendeu
que todo mundo tem seus momentos terríveis. Naquele momento nossa
amizade iniciou intensa e solidificada.
-Quero muito ser sua amiga disse-me ela. Sempre quis. Mas não consigo
vencer esse meu modo de ser.
-Quem sabe poderei lhe ajudar de alguma forma?
-Sempre achei que poderia. Tinha vontade. E não conseguia
-Não
importa. Conseguiu agora.
Ela me deu o primeiro sorriso em que se notava alguma alegria. E eu pensei
em que como as pessoas ficam infinitamente mais bonitas quando sorriem
com alegria.É um brilho especial. E isso se reflete no rosto.
-Luto para me conformar com tudo que é a minha vida.
-Não pode ser tão ruim assim.
-O pior é que é.
-Está bem. Mas quando quiser conversaremos sobre isso.
-Estou me sentindo melhor. Menos confusa, entende, Vânia?
-Sim, mas se sentirá melhor ainda o dia em que conseguir desabafar
alguma coisa. Vamos, agora. Olhe, já estão nos chamando.
Juntas subimos conversando trivialidades até à sala de aula.
2ª PARTE
Vilma começou
com mais entusiasmo a fazer parte de nosso grupo e muitas vezes sentadas
em círculo no pátio, cada uma contando sua própria
história ou algum fato pitoresco, podia-se embora raramente ainda
ouvir a sua voz. Era mais lenta que as outras, mas de vez em quando assumia
o entusiasmo natural da idade. Todas estávamos felizes com essa
evolução e curtíamos a presença de nossa colega
realmente. Só o fato de lhe vermos tantas vezes tristes nos animava
a estimulá-la.
Um dia, quase
no fim das aulas perguntou-me se queria almoçar com ela.
-Tudo bem, disse eu,
vamos passar pela minha casa e avisar? É tão perto e é
caminho.
Ela concordou e fomos
então alegremente contando as novidades que restavam do dia.
Eu achei uma diferença
enorme em nossas casas pela falta de ruído. A minha era cheia, animada,
eu tinha muitos irmãos e estava sempre barulhenta. Na de Vilma havia
um silêncio estranho.
-Sei que está
achando esquisito o silêncio.
-É porque já
me acostumei, Vilma.
-Talvez não,
porque eu mesma acho esquisito. Meus pais nunca estão em casa. Eu
fico com as empregadas. E quando eles estão é pior.
-Por que?
-Brigas, Vânia,
há brigas demais.
Olhei-a penalizada
pelo tom de sua voz.
-Seus pais não
estão em casa porque trabalham. Ambos são médicos.
Quanto a brigar acho que todos os casais brigam.
-Os seus também?
-Não, na verdade,
não. Meus pais são muito unidos. Mas eu vejo falar que é
uma exceção. Não deve se preocupar com isso. Depois
eles se entendem.
-Vânia,
eu nunca me senti feliz aqui.
-Cada pessoa
ou casal tem um tipo de vida.
-Mas não
estou satisfeita com a minha. Quero crescer muito rápido e logo
ficar independente.
-Acho que é
o sonho da maioria das adolescentes como nós.
-Comigo é
diferente. Tenho um motivo mais forte há muito tempo. Não
considero nada disso meu. E às vezes sinto-me uma intrusa.
-Como
pode falar uma coisa dessas?
-Nunca
contei a ninguém, não tive coragem.
-Vilma,
só fale se quiser. Temos uma vida inteira para conversarmos.
-É,
Vânia, uma vida inteira, mas é nesse momento que estou angustiada.
-Diga,
então. Sabe que pode contar comigo e que ficará só
entre nós.
Vilma
começou a chorar e achei melhor irmos para o seu quarto para que
as empregadas não ficassem preocupadas e pudéssemos ficar
à vontade.
-Sou adotada.
E quero muito conhecer meus pais verdadeiros.
Fiquei
estática pela surpresa, mas não queria que a minha amiga
percebesse.
-Mas se lhe querem como verdadeira filha qual é a diferença?
Amam tanto você que a adotaram. Criaram, tiveram as mesmas preocupações
e trabalho de qualquer pai e mãe. Por que isso a entristece tanto?
-Quando
olho todo mundo lá no colégio, parece que sou diferente.
E que não deveria estar lá entre vocês.
-Por favor,
aí já está dizendo muita bobagem. Demais até.
-Não
sei, Vânia. Pergunto-me de onde saí. De onde me tiraram.
-Isso
já não tem a menor importância. E não acho justo
até para os seus pais que fique se sentindo tão infeliz por
causa disso. Eles a amam é tudo que importa.
-Não
sei se é tanto assim!
-Claro
que é. Que motivo teriam para criá-la?
Ela ficou
pensativa, mas eu sabia que tinha algo mais a dizer-me e compreendia que
não poderia jamais conseguir jogar tudo para fora num só
minuto. Mas tinha certeza apesar disso que melhoraria quando seu coração
estivesse mais livre.
Vilma
começou a aceitar nossos convites para divertidas tardes nas folgas
semanais em que íamos ao cinema, fazíamos compras e lanchávamos,
conversando animadamente.
Um dia na Avenida Copacabana uma criancinha pobre veio em nossa direção,
brincamos com ela e oferecemos um sorvete. O menino não queria sair
de perto enquanto a mãe agradecia e segurava a mão da criança.
Ficamos olhando sorrindo da espontaneidade do garoto e Vilma falou:
-Vânia,
às vezes penso que pode ter sido assim.
-O quê?
Perguntei eu distraída.
-Eu posso
ter sido uma indigente, não posso?
Olhei-a
com ternura:
-Não
acredito. Geralmente se adotam crianças de orfanato. Mas e se for?
Qual o problema? São pessoas como outra qualquer. Apenas pobres.
Ela ficou
me olhando longamente
-É
mesmo o que pensa?
-De verdade.
Qual a surpresa?
-Você
é criada de maneira tão diferente.
-Você
também. Vilma compreenda.Está vivendo como verdadeira filha
dentro da casa de seus pais. Por que não põe isso na sua
cabeça? E se preocupa com outras coisas?
De repente
eu parei de falar.
-Que aconteceu,
Vânia ?
-É que
você falando isso me faz de novo pensar nesse mistério da
vida.
-Que mistério?
-Para que nascemos.
Um dia conversei com M. Maria de Assis sobre isso. O porquê da vida.
-Sei que você
tem devaneios, Vânia. Acho que as pessoas que escrevem como você
costumam ter.
-Sim, mas nesse
caso é algo objetivo. Veja. Por que teria que ser aquela mulher
uma pessoa sem recursos e não eu. Eu poderia estar no lugar dela
e ela no meu. São essas coisas que eu às vezes fico a cismar.
É um privilégio que temos que agradecer a Deus porque isso
não nos é devido. Apenas uma sorte. Não sou melhor
do que aquela senhora.
-Você é
maluca.- respondeu ela rindo. Sua cabeça vai pirar dessa forma.
Mas gosto do que pensa.
-E eu fico feliz porque
até faz você rir com mais vontade.
Ela apertou minha
mão num gesto inusitado para seu temperamento fechado dizendo em
seguida:
-Gosto de ser sua
amiga. Gosto de você.
Apertei sua
mão com carinho
-E eu também.
Muito. Não é tão bom ter amigos?
Ela sorriu.
Muito. Muito bom.
A gente se sente mais forte.
3ª PARTE
Já há
algum tempo que Vilma não tocava no assunto da adoção
quando um dia chegou no colégio muito animada.
-Na hora do
recreio quero falar com você. Nem sei se me seguro até lá.
Fiquei também
curiosa, mas imaginava que fosse algo acerca do velho assunto que tanto
lhe conturbava. Foi com alegria que acolhemos a hora tão aguardada.
Vilma estava muito
agitada:
-Preciso de sua ajuda,
Vânia.
-Que aconteceu?
-Tive uma conversa
com meus pais.Sei quem é meu pai verdadeiro.
Fiquei agitada também
depois da declaração da minha amiga.
-Eles lhe contaram tudo?
-Sim, acho que quase tudo.
Mas não dá tempo de entrarmos em detalhes agora. Almoça
na minha casa?
-Sim, passaremos para avisar.
Foi em expectativa que esperei
o fim do almoço, pois tínhamos decidido que só conversaríamos
sobre o assunto quando não houvesse ninguém para interromper.
Finalmente sozinhas Vilma
falou exultante
-Não agüentava
mais. Meus pais decidiram me contar tudo. Disse-lhes que se não
o fizessem iria procurar descobrir sozinha. Chegaram à conclusão
que era melhor abrir o jogo. Mas também na hora fiquei muito triste
-Porque?
-Primeiro porque vi meus
pais tristes e realmente entendi o que você disse: O quanto eles
me amam.Aprendi isso e já foi por si só muito bom chegar
a essa conclusão.Disseram que não podiam ter filhos e ansiosamente
procuravam uma criança para adotar até que um amigo deles
pode ajudar. Conhecia o meu pai verdadeiro e os apresentou. Confessaram
que não poderiam me amar mais se eu fosse do mesmo sangue.
-Eu sabia disso. Claro
que não poderiam. O que importa é a criação
e o amor que eles lhe dispensam. Mas e depois? O que mais lhe entristeceu?
Se disse primeiro deve ter um segundo motivo
-E tem. Minha mãe
verdadeira morreu há muito tempo. Na verdade quando eu nasci.
Não sabia o
que dizer
-Lamento, Vilma.
-Eu também. Mas vou
me concentrar na verdade sobre meu pai. É empresário até
famoso e achou que não haveria melhor escolha do que meus pais.
Acreditou sinceramente que com aquele casal eu seria feliz Depois disso
viajou. Passou algum tempo fora do Brasil. Já voltou há muito
tempo, mas prometeu nunca me procurar e cumpriu a palavra. Tem outra família
e três filhos. Isso quer dizer que tenho três irmãos.
Enquanto ela me falava eu exultava.
Que bom! Que alegria imensa minha amiga devia estar sentindo!
-Que delícia, amiga. Estou
feliz por você.Pretende procurá-los?
-É aí que você
entra, Vânia.
-Como assim?
-Quero escrever uma carta. E só
você faria isso de maneira convincente.
-Não acho. Creio que só
você poderia demonstrar a ele tudo que sente. É você
que está vivendo tudo isso.
-Por favor, Vânia, você
não faria isso por mim?
-É claro que sim. Só
que acho que você...
-Estou lhe pedindo
-Está bem. Quando começo?
E o que quer que diga?
-Eu sabia que você não
me negaria.
Olhei-a desejando que tudo desse
certo.
-Seus pais sabem que você
vai escrever para ele?
-Ainda não. Mas direi a
eles hoje.
Dr Queiroz recebeu a carta em
mãos, pois mandamos levá-la na empresa dele.E recebeu minha
amiga após telefonar para a casa de seus pais.
Foi com dor no coração
que a vi entrar em minha casa chorando.
-Que aconteceu, Vilma?
-Nada valeu a pena, Vânia.
Não devia ter procurado esse homem.
Olhei-a assustada.
-Ele não a recebeu?
-Sim, mas foi tão
frio! É como se eu não fosse sua filha. Bem que a minha mãe
falou que eu ia ter uma decepção. Ela me avisou.
-Mas o que ele disse?
-Praticamente não
disse nada. Pediu-me que entrasse e quando o fiz, recebeu-me como se me
visse todos os dias. Nem me beijou. Falou da sua vida ligeiramente e acabou
se desculpando dizendo que estava ocupado e que talvez em outra oportunidade
pudéssemos conversar. Perguntei pelos meus irmãos e ele me
respondeu que o melhor seria deixar as coisas como estavam já que
ele tinha prometido para os meus pais. Nunca vou esquecer esse momento.
Vilma chorava muito enquanto
falava e eu pedi a Deus que ela não retornasse aos dias de desconfiança
e tristeza.
Abracei-a forte na esperança
de dar-lhe alento.
-Quem sabe isso tudo não
foi para que você compreendesse o valor de seus pais? Talvez tenha
sido a forma de você compreender isso. Por favor, acalme-se.
-Minha mãe foi até
lá comigo. Ficou me esperando no carro. Mas eu lhe disse que vinha
para cá. Ela concordou. Deve está preocupada.
-Quer que eu vá com
você até lá? Ou quer conversar mais? Jante aqui.
-Obrigada Vânia. Você
foi especial. Gostaria de ficar aqui. Sinto-me bem. .Mas acho que devo
uma palavra a meus pais, você não concorda?
-Sim, deve mesmo. E fico
feliz de você ter compreendido isso.
-Via defeitos neles, mas
acho que era aquela esperança de encontrar meus verdadeiros pais.
Esqueci ou não vi esse tesouro que eu tinha. E ademais por que deveria
querer tanto alguém que me entregou a outras pessoas e não
me quis?
CONCLUSÃO
Senti que minha amiga Vilma havia mudado completamente. Em vez de aquela
decepção ter desanimado seu temperamento antes tão
marcado pela incerteza, houve uma fortificação de relação
entre os pais adotivos e ela.
Quando estávamos conversando um dia em minha casa ela reafirmou
isso.
-Nunca esquecerei o que eles significaram para mim. Estava cometendo uma
injustiça. Sabia, Vânia que minha mãe biológica
estava sozinha na gravidez?
-Não chegamos a conversar sobre isso. Naquele momento você
estava muito chocada.
-É verdade. Eles namoravam e meu pai praticamente a abandonou nos
últimos meses de gravidez. Quem a levou para o hospital foi uma
irmã dela.
-Conheceu essa tia?
-Sim minha mãe convidou-a para ir à minha casa. Ela foi e
nos conhecemos Nunca tinha me procurado porque achou que eu estava feliz
e bem.
-Mas você ainda procurou seu pai depois. Não quis falar sobre
o assunto após aquela nova entrevista.
-É que apesar do que ouvi estava bem. Achei melhor conversar sobre
isso quando não houvesse possibilidade de traumas. Meu pai me confirmou
que ele não tinha nenhum contacto com minha mãe quando eu
nasci. Mesmo assim foi ele que tomou a decisão de deixar que me
perfilhassem. Porque na verdade meus pais não me adotaram, mas registraram
como verdadeira filha. Mas nunca quiseram mentir dizendo que era filha
verdadeira. Tinham medo que eu soubesse por alguém estranho. Apenas
diziam que era filha do coração. E esse para eles era o maior
sentimento.
-Estou tão feliz por você, Vilma.
-Sei disso e devo lhe agradecer muito, Vânia. Você me ajudou
quando eu estava muito mal.
-Não tem o que agradecer. Como seus pais e claro de modo diferente
sempre gostei muito de você. E não esquecia seus olhos tristes
e o modo arredio. Nunca mais verá seu pai?
-Não guardo rancor. Se um dia me procurar eu o atenderei. Mas não
será mais o pai que procurei porque já tenho um.
Ouvindo sua resposta fiquei orgulhosa dela e de sua generosidade.
Vilma há muitos atrás se casou e mudou-se para os Estados
Unidos onde trabalhou como pesquisadora. Voltou há muito tempo e
é uma profissional competente.
Quando a vi há algum tempo atrás verifiquei o quanto era
especial. Havia feito amizade com seus irmãos após a morte
de seu pai num acidente de carro. E ela ia voltar para os Estados Unidos.
Mas me disse:
-Nunca esquecerei aqueles tempos, Vânia. Foram bons apesar de tudo.Também
jamais esquecerei você apesar da distância geográfica.
Abracei-a comovida, realmente comovida.
-Como poderei esquecê-la também? Deu-me uma lição
de vida, recuperação e reconhecimento em meio ao sofrimento.
Ambas choramos sabendo que a saudade muitas vezes nos machucaria mas Vilma
estava bem, realizada e feliz. Em seus olhos não havia mais tristeza
ou dúvidas, mas o brilho da realização e da esperança
sempre presente. Isso é que importava no turbilhão que foi
a sua adolescência.
Há poucos dias com intensa emoção falei com ela ao
telefone perguntando se podia contar a sua história e ela me respondeu
encantadoramente:
-Claro, querida Vânia. É a nossa história. Você
fez parte dela. Ajudou-me muito. Como você diz: De verdade. Escreva-a.
Sei que o fará com carinho.
As lágrimas desciam lentamente pelo meu rosto e eu quase não
pude responder, mas ela compreendeu.
Vânia Moreira Diniz