No dia 3 de Maio de 1996, num auditório da Universidade Católica, em Viseu, repleto de estudantes, Manuel Alegre leu alguns dos seus mais belos poemas. Como fecho das suas leituras, Manuel Alegre, cansado e comovido, anunciou que, em sinal de gratidão por tudo quanto representara aquele colóquio-homenagem, iria ler, excepcionalmente, um poema seu inédito, intitulado Senhora das Tempestades. A sua voz grave, profunda e harmoniosa, ganhou modulações, subtilezas e ressonâncias extraordinárias. Falou do espanto e do pavor de viver e morrer, de navegações e naufrágios, de sombras e fulgurações, de esperanças, ternuras e desejos, de epifanias deslumbrantes das sílabas, palavras e versos...
Vítor Aguiar e Silva