Comunidades Literárias da Lusofonia

Logo que ingressei na internet, em 1997, tratei de assinar algumas listas de discussão sobre literatura. Estava curiosíssima para saber o que andavam escrevendo, produzindo, discutindo. A idéia de uma possível efervescência literária, gentes trocando trabalhos e impressões, me entusiasmou profundamente. Pensar em conversar com outros "escritores novos" na mesma condição que eu, cheios de hesitações, dúvidas, certezas e paixões, parecia o paraíso!
 
O melhor de tudo foi constatar que minhas expectativas com relação às listas literárias foram não só satisfeitas, mas também superadas: na vivência das listas, percebi o quanto o ritmo vertiginoso das produções influi sobremaneira em nossas opiniões do que é fazer literatura, incentivando reciclagens constantes e a busca de uma identidade textual. No meu caso, estimulou uma produção também vertiginosa de textos (principalmente poemas curtos), coisa que não havia experimentado antes da internet.

Na rede, conversar com outros autores (já publicados, consagrados ou não) tornou-se para mim prática corrente. Não demorou muito, começaram a pipocar pequenas publicações: uma breve aparição num boletim de poetas novos aqui, um breve ensaio num "digest" acolá... Assim como as conversas, os contatos e as amizades multiplicaram-se, também se multiplicaram as publicações eletrônicas e impressas.

Fantástica, essa coisa da gente encontrar os "pares", de poder trocar impressões com outro igual a nós, não importando a raça, o credo, a ideologia e, principalmente, a distância geográfica. Parece que não, mas faz uma enorme diferença conversar sobre literatura com alguém que mora em outro estado ou país... As dificuldades de publicação podem ser até as mesmas, mas as visões do mundo literário com certeza serão diferentes.

Tenho orgulho dos amigos que fiz através da rede, amizades que conseguiram superar até as tão temidas distâncias geográficas. Credito tais amizades ao "convício" gostoso das listas de discussão de literatura, como gosto de brincar. Na rede, é fácil confundir os conceitos de convívio & vício, já que é da freqüência dos contatos e acessos que se faz o convívio telemático.

Hoje sinto claramente as dimensões do ciberespaço da literatura brasileira na internet. Ciberespaço este que troca intensamente links com a literatura em língua portuguesa feita em todo o mundo, configurando o que podemos chamar de ciberespaço da literatura lusófona.

Tal espaço só tende a crescer e multiplicar seus domínios, à medida que mais autores e amantes da literatura somem seus interesses e produções a ele. Quem sabe você não é o próximo a expandir os limites da literatura lusófona na rede?

Rosy Feros

« Voltar