MARIA ANGÉLICA
Maria Angélica era diabética e não podia nada. A juventude não era açucarada para ela. O namorado chamava-se Moreno e não tinha lábios de mel. No recreio da escola, os brigadeiros limitavam-se a vitrine. Um dia, dezoito anos. Uma gripe mal curada. Coma. Morte fatal. Maria Angélica estava noiva com o casamento marcado. Acabara de se formar no Curso Normal. Filha única de um velho casal abastado. No caixão branco, símbolo da verdadeira mocidade daqueles tempos, foi-se embora. Tanto tempo atrás... minha primeira colega de escola Normal morta tão jovem. Hoje lembro-me dela sempre que olho o Pão de Açúcar. Seus óculos de aro fino e o sorriso branco e tímido derretem-se na minha montanha de sal.
Claudia Villela de Andrade
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