Meu trote na Doctum
Depois das confusas explicações encontrei minha sala, meu lugar! Estava de volta à Univerdade, a famosa Doctum!
Êta orgulho, só faltava o rufar dos tambores quem sabe Mozart misturado com samba ou Aquarela do Brasil naquele ritmo quente, gostoso. Eu até deixaria por menos,escutaria o carinhoso do Pixinguinha.
Eu feliz da vida, pensando estudar Direito, direito, sem tendências direitistas ou esquerdistas respeitando o direito de cada um depois de tantos anos ausente da Universidade voltando ao mundo cultural,bota cultural nisto!
Primeira aula, Português I. Pinceladas de como seria desenvolvido o programa atendo principalmente a interpretação de textos etc e tal. Até aí tudo bem, tudo tranqüilo. Um papo saudável com uma professora agradável.
A segunda aula, entra um sujeito se dizendo professor, chamado Fred que estava ali para informar mudanças curriculares por exigência do MEC e que deveríamos depois conferir no site da Doctum.
O Título da matéria agora era: Ética Deontológica. Peguei o currículo recebido,não consegui nem identificar qual matéria seria substituída... e o que levaria a quê ??? Quem sabe um lapso cultural momentâneo?:) Algo novo surgindo de cabeça pra lá de pensantes ou sem ter o que fazer naquele exato momento,instante ...
Discutiu-se sobre pontuações, divisões, e optamos - uns 60% - por 2 trabalhos e uma prova - fora a prova final com valor de 40%. O primeiro trabalho: Estudo de Ética e Conduta da OAB - total de 40 páginas devendo ser entregue dia primeiro de março. O segundo trabalho: Resumo do livro Aristóteles- Ética à Nicômaco - mesmo número de paginas. Prova no mês de Abril, fora a última, a geral. Esta discussão foi de lascar, e muitos gritando quem vai escrever 40 páginas?????
Em seguida, o professor fez um ditado palavra por palavra, ponto por ponto,vírgula por vírgula misturando conceitos de ética de Aristóteles, John Loock, Thomas Hobbes chegando a Rousseau... meus dedos estavam revoltados com as coisas que eu escrevia... mas, vamos em frente, para ver o que isto iria dar... Eu não estava ali para fazer ditados, nem treinar caligrafias... Porém, como era novata,tentei segurar meus nervos a flor da pele, amarrar meus gritos entalados na garganta...
De repente, a confusão instalou-se com a entrada de alguns alunos fazendo uma zorra total. O Prof. Fred pediu sempre que saíssem, estavam dispensados, teriam presença garantida... Eles não saíram, porém, falavam: quem mandou me dar pau, eu tô pagando e você não sabe com quem está falando, sou dependente, a culpa é tua, professor boiola. O professor saiu, chamou o diretor, os anarquistas saíram, mas acabaram voltando de novo, com permissão do manda-chuva da Doctum.
Os estudantes conversavam na maior altura,ninguém escutava nada de nada.... aí o professor chamou o Presidente do DA.... A turma saiu de novo, para de novo voltar em seguida. E u já estava a ponto de estourar, de subir na cadeira,fazer um discurso, exigir meus direitos, respeito etc e tal... Foi então qu e eles começaram a implicar comigo porque copiei aquela meleca toda ditada, mesmo eu dizendo que daria o troco com provas cabais, irrefutáveis... De repente, tudo virou festa, o professor era simplesmente um aluno combinado com outros .... “nada esta valendo é trote!!!!! – gritaram.
Todos se abraçaram, o sufoco acabou, não o meu... porque na porta da sala apareceu o Diretor, o Coordenador e o Professor de Filosofia para conversarem coma turma, mas eu não ia cair nesse truque outra vez. Falei: Com vocês não quero papo, chega, vou é pra cantina tomar umas e outras... Além do mais, de agora em diante, só converso com quem me apresentar comprovante de Professor, Diretor ou coisa que o valha.... cadê os documentos de vocês, cadê a prova de idoneidade???? Saí, fui para a cantina, e voltei merendando para a sala. Pior é que os três eram realmente "altas patentes... mas não me dei por vencida e argumentei, depois: naquela zona, não havia como acreditar em mais ninguém...
Êta trote safado, caímos como patos, por duas vezes...
Conclusão daquele primeiro dia : a doctum é a doctum: ou ela agita nossos neurônios até ficarmos neuróticos, ou viramos bons advogados.
Maria Thereza Neves