Uma tarde, na Academia Brasileira, como R. Magalhães Júmior andasse a pesquisar as campanhas cívicas de Olavo Bilac, notadamente a que se ligava ao serviço militar obrigatório, perguntei-lhe se já tinha consultado, ali mesmo na Academia, os dois grossos volumes em que o poeta, diligentemente, cuidadosamente, recolhera toda a documentação impressa sobre as suas pregações de patriota.
E ele, com espanto:
— Onde estõa esses livros?
Fui buscá-los, coloquei-os nas mãos do querido confrade, que deles amplamente se utilizou, na sua excelente biografia de Olavo Bilac.
Outro colega ilustre, o General Lyra Tavares, decidiu aprofundar o mesmo veio, com igual propósito histórico e biográfico, daí resultando o estudo que publicou no vol. 119 da Revista Militar Brasileira, relativa a janeiro-março de 1982.
Somente agora pude ler esse estudo do General Lyra Tavares, E a impressão que dele me ficou, sobretudo após a leitura dos documentos que o lastreiam, é a de que o poeta, na sua exaltação patriótica, cedia no seu apostolado ao impulso que nos leva a nos indentificarmos com a terra natal, como se ali estivesse a seiva de que se nutrissem nossas raízes.
De minha passagem por um Tiro de Guerra, em Belém, em 1936 (de onde trouxe o meu certificado de reservista), não me ficou apenas a lembrança das marchas e dos exercícios de tiro, que por vezes me privavam do sábado e do domingo nos clubes de remo, com a mochila às costas e o fuzil no ombro. A verdade é que tenho saudade desse tempo, e não apenas porque ali transcorreu uma parte de minha juventude, mas também porque avivou em mim o sentimento de comunhão fraterna com muitos de meus companheiros. Todos nós estávamos identificados com a idéia de que a pátria não é uma noção abstrata, inspiradora do hino que cantamos, e sim uma realidade viva, que tem de ser defendida a cada instante como patrimônio inalienável.
Josué Montello
Do livro: Reencontro com meus mestres - Poetas e Prosadores, ABL, 2003, RJ
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