A ÚLTIMA IMAGEM

Sentada diante do médico que a atendia no hospital, vestida com seu casaco verde-musgo, chamava minha atenção o ar sereno com que encarava a situação. Achei por bem levá-la, pois não me soava bem a febre diária, o cansaço e algo semelhante a uma depressão, que começava a instalar-se.

Havia alguma coisa diferente no ar. Não conseguia deixar de mirar a sua face... linda nos seus noventa e um anos, cabelos brancos, semblante ainda luminoso, batom rosado, e a tão decantada lucidez...

Essa é a última imagem que guardo de minha avó.

Antes que a internassem e subitamente deixasse de ser ela mesma.

Belvedere Bruno

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