A Cavalgada do créu

Lembro-me com o se fosse hoje dos tempos áureos da Cavalgada que integra o calendário de eventos da tradicional Exposição Agropecuária de Gurupi, no Estado de Tocantins,  e  sou tomado por uma sensação  de saudosismo.

Naquela época (e não faz muito tempo), a Cavalgada era Cavalgada, mesmo (com C maiúsculo), onde  cavaleiros e amazonas de todas as idades desfilavam garbosamente pelas ruas da cidade, seguidos de perto por carroças especialmente decoradas, tratores e máquinas agrícolas.

E assim a Cavalgada seguia o seu caminho rumo ao Parque de Exposições Antônio Lisboa da Cruz, numa algazarra saudável, sob o som  de berrantes, forró e músicas sertanejas.

A moda em estilo country (ou caipira, mesmo, aqui prá nós), tomava de conta  principalmente das moças e rapazes que faziam questão de se vestir a caráter para o evento. Havia uma preocupação quase que generalizada em se vestir como cowgirl e cowboy. Afinal, se vestir assim em época de festa da pecuária era considerado "fashion".

Mas, de uns tempos para cá, tenho constado que, com raríssimas e honrosas exceções, o belo tradicionalismo que sempre norteou o desfile da Cavalgada  está praticamente  sufocado por outros modismos que nada tem haver com evento.

Grupos de moças e de rapazes,  totalmente descaracterizados,  desfilaram pulando em cima da  carroceria  de veículos com aparelhagens de som num volume estrondoso, tocando insistentemente o que chamam de "sucesso do momento":  o ritmo funk  "A dança do creu" .

Já foi dito que questão de gosto não se discute, mas se os organizadores desse evento não tomarem providências para coibir esse tipo de coisa, a tradicional Cavalgada de Gurupi corre sério risco de se transformar num grande baile funk.

Zacarias Martins

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