FELIZ ANIVERSÁRIO PARA MIM
Mais um ano de vida, mais um janeiro, literalmente e, graças a Deus por isso, gozando estou de perfeita saúde e paz comigo e, na medida do possível, com todos, já que nem tudo depende da gente.
Há quem diga que, depois dos quarenta, não se comemora mais aniversário. Mas eu comemoro, vivo cada segundo do dia em estado de graça, recebendo cumprimentos dos que me são caros e lembrando daqueles que, por um motivo ou por outro se esqueceram ou as contingências da vida o impediram de fazê-lo. Para todos meus agradecimentos por fazerem parte de mim, momento em que volvo a todos, um olhar de complacência, sob o prisma e em nome de uma amizade verdadeira. Mas, enquanto ajeitava as coisas todas em casa, preparando para receber, veio à mente a seguinte frase: Feliz aniversário para mim. O quê? Isso mesmo que eu ouvi e que você acabou de ler: Feliz aniversário para mim...
Lembrei-me de todos os amigos, parentes presentes e ausentes, do marido e do filho, de como são importantes: os amigos, pelas afinidades ou pelas diferenças respeitadas. Os parentes, pelos laços que, muito além da consanquinidade, através do afeto natural unem a cada um com os demais. Também um olhar de gratidão a Deus por ter escolhido a quem escolheu por meus progenitores, os quais me iniciaram no amor a Deus e ao semelhante, que Deus os tenha!
Costumo dizer que, na família, é onde o efeito dominó mais aparece e onde se é mais difícil ser cristão. Apesar de possíveis e ocasionais divergências, buliu num, buliu em todos, para o bem ou no mal, porque não é por acaso que nascemos no mesmo clã. Isso porque independente de tudo, há um amor que nivela a todos, quer presentes, constantes ou nem tanto. Com eles, aprendemos a ser tolerantes para conviver em paz, amar sem esperar troco, engolir o que incomodou quando é necessário e, em seguida compreender, que, apesar de tudo, somos diferentes: mas o amor, embora cada um o vivencie e expresse de uma maneira, no frigir dos ovos, é um só.
Lembrei-me de São Paulo Apóstolo, numa das passagens mais lindas da Sagrada Escritura, quando se dirigiu ao povo de Corinto, capítulo 13, vers. 1 a 3, que diz: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse [amor], seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse [amor], nada seria. E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse [amor], nada disso me aproveitaria.”
Em seguida, mais uma lembrança me ocorreu no final de tudo: Eu tenho a Cristo, por um chamado muito especial que Ele faz ao ser humano e eu, embora algumas vezes relutante, acatei e fiz muito bem. Aprendi a não ser só, mesmo se fisicamente sozinha. E senti que minha vida faz sentido, meus amigos fazem sentido, minha família e o mundo fazem sentido, apesar dos percalços e desvãos.
Neste meu aniversário, tenho muito a comemorar, apesar de, para muitos, não ter motivos (passei do limite etário), e tenho a dizer com a alma plena, com o espírito repleto de amor e de perdão, perdão para mim mesma, quando sou fraca e Cristo, numa atitude de amor infinito, me fortalece. Não tenho nada a dizer hoje que não seja:
Feliz Aniversário para mim!
Dora Tavares
(2/1/2009)