Só com autorização
Hoje (*) estive no Jardim Botânico de Brasília. Cheguei às 08h10min e me dirigi, com o carro, até à portaria.
— De carro, só pode entrar às 9horas, por favor, dê uma ré - disse o porteiro.
Ah, então pode entrar a pé, é isso? — perguntei.
— Pode, a pé, pode — respondeu o moço.
Pois sim, dei a ré e fiquei dentro do carro uns 20 minutos, limpando com uma flanela o LCD da máquina, a lente, vendo o movimento, já que havia tantos outros carros ali, parados, esperando. Ciclistas, pai, mãe, crianças... Até que cansei, fechei o carro e resolvei entrar a pé mesmo. Caminhei uns 15 minutos em linha reta, quando vi o movimento de carros passando, quase todos carregando bicicletas. Daí, pensei: Ué, abriu antes da hora... Resolvi voltar, já que ainda estava bem pertinho, pois fui andando devagar, olhando a mata, escutando o canto dos pássaros. E, também, já que eu pretendia ficar um bom tempo por lá, fotografando... A pé, ia ser impossível! Cheguei à portaria e perguntei:
— Abriu mais cedo?
E o porteiro, respondeu:
— Não, senhora.
— Mas como é que tem tanta gente entrando?
— Ah, é gente que tem autorização.
— Ah, é, gente que tem autorização? Que absurdo, por que uns podem e outros não podem?
— É gente que tem autorização, senhora.
Então, pessoal, no Jardim Botânico de Brasília se repete a mesma coisa que a gente cansa de ver por aí: o público se confundindo com o privado. Se é público é porque pertence a uma coletividade e por isso deve ser utilizado em prol dela de maneira igual. Quando é que isso vai acabar?
Leninha
(*) Texto datado de 27/10/2012
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N. A. (postada no Facebook):
A manifestação do Jardim Botânico de Brasília <http://www.facebook.com/jardimbotanicodebrasilia> só veio minutos depois que a reclamação foi divulgada por http://www.blocosonline.com.br